O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se esforçará para fortalecer os pré-candidatos que apoiará nas eleições municipais de outubro. A estratégia, que envolve intensificar as viagens pelos estados, tem dois objetivos: o primeiro é impedir o avanço de nomes apoiados por Jair Bolsonaro e o segundo é evitar que ganhem em centros importantes —o que abre a possibilidade de que a oposição e a extrema direita pode formar plataformas fortes, que colocam em risco a estratégia do PT de buscar a reeleição em 2026.
A intensificação dos passeios pelo país não é coincidência: a partir do dia 5 de julho, os candidatos a prefeito não poderão mais participar de inauguração de obras públicas, como prevê a Lei Eleitoral. Isso explica por que Lula visitou oito cidades nas últimas duas semanas — só esteve duas vezes no Rio de Janeiro —, levando aliados para os eventos dos quais participou e dando entrevistas para rádios locais. Para esta semana, outras quatro viagens estão programadas até quarta-feira.
Mas a estratégia de Lula exige alguns cuidados. Ele já disse que não entrará em “batalhas divididas” com as siglas que têm assento no ministério, em cidades onde petistas concorrem com PDT, PSD ou União Brasil. O foco das intervenções do presidente são aqueles que ele chama de “negacionistas”.
A série de viagens começou em 19 de junho. Lula foi ao Rio de Janeiro para a posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras, mas também assinou concessão de crédito da Caixa e do Banco do Brasil à prefeitura do Rio. Eduardo Paes (PSD), que busca a reeleição, tem o apoio do presidente, que trabalha contra a candidatura do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), apoiado por Bolsonaro e seus filhos.
O presidente voltou ao Rio na sexta-feira e, ao lado de Paes, inaugurou obras na Favela do Aço. Lula, porém, mantém equidistância da formação da chapa na capital fluminense —o PT busca a vaga, mas o prefeito quer o deputado federal Pedro Paulo, também do PSD.
No dia 20 de junho, Lula esteve em Fortaleza, onde o PT tem como pré-candidato o deputado estadual Evandro Leitão. Contudo, o presidente deve isentar-se de conceder apoio — pelo menos explicitamente. Isso porque seu partido é adversário do PDT, que pretende lançar José Sarto, e o União Brasil — que tem ministério na Esplanada — virá com o capitão Wagner (União). Isto, porém, não impedirá que ministros se envolvam na disputa, como o ministro da Educação, Camilo Santana, que deverá abraçar a candidatura de Leitão.
No dia 21, Lula foi para Teresina e São Luís. Na capital piauiense, pela primeira vez, o PT tem um candidato com grandes chances de assumir a prefeitura: Fábio Novo é apoiado pelo governador Rafael Fonteles, também petista. O adversário a ser derrotado é Silvio Mendes (União Brasil), aliado de Bolsonaro. Em São Luís, o presidente subiu ao palco com o deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA), que concorrerá com o atual prefeito, Eduardo Braide (PSD).
Na última quinta-feira, Lula iniciou um passeio por Minas Gerais para enfraquecer os movimentos do governador Romeu Zema (Novo), seu adversário declarado. Iniciou sua jornada por Contagem — onde apoia a reeleição da prefeita Marília Campos — e passou por Belo Horizonte, cuja candidatura ao comando do município deverá ser a do deputado federal Rogério Correia (PT-MG). Depois, foi para Juiz de Fora, a fim de impulsionar a reeleição de Margarida Salomão. Em Alterosas, Lula também manifestou apoio ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), “para tudo o que ele quiser contestar” em 2026 —como destacou em outra entrevista à rádio.
Plataforma
Ontem, o presidente participou do lançamento da pedra fundamental do campus Zona Leste da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do campus Cidade Tiradentes do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Ele desempenhou parte significativa de seu ministério —com ele estavam os ministros Fernando Haddad (Finança), Camilo Santana (Educação), Jáder Filho (Cidades), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Laercio Portela (Secretaria de Comunicação), além do vice – Presidente e Ministro da Indústria Geraldo Alckmin — e abriu espaço no palanque para o pré-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSol), e sua vice-presidente, Marta Suplicy. São Paulo é de vital importância para os planos de Lula e os riscos serão altos para evitar a reeleição de Ricardo Nunes – apoiado por Bolsonaro. Para o governo federal, o estado e a capital não podem ser bastiões do bolsonarismo e da extrema direita para 2026.
Nesta semana, o presidente volta ao Nordeste, onde passará pela Bahia e por Pernambuco, mas é em Goiás, na próxima quinta-feira, que a preocupação está. Lula confirmará seu apoio à delegada Adriana Accorsi (PT) à prefeitura de Goiânia e trabalhará para impedir que o deputado federal de Bolsonaro, Gustavo Gayer (PL), e qualquer candidato apoiado pelo governador Ronaldo Caiado (União) avancem. (Colaboração de Fabio Grecchi)
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