O mercado continua reagindo mal aos comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a política monetária do Banco Central (BC) e do presidente do município, Roberto Campos Neto. Após valorizar mais de 3% na semana passada, o câmbio da moeda norte-americana registrou nova alta nesta segunda-feira (1/7), desta vez de 1,15%, com vendas cotadas a R$ 5,65.
O desempenho do real continua aquém quando comparado a outras moedas emergentes. Às 18h50, o valor do dólar em relação ao peso mexicano apresentava variação positiva, de 0,2%, enquanto a lira turca e o rublo russo permaneciam praticamente estáveis no fechamento. O Índice DXY, que compara a moeda norte-americana com os principais preços mundiais, registou ligeira queda de 0,03%.
O sentimento de crise entre o governo federal e o Banco Central continuou ativo no primeiro dia da semana, após Lula atacar a autonomia da autoridade monetária aprovada em 2021, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista a uma rádio de Feira de Santana, na Bahia, o presidente disse que o BC “tem que ter uma pessoa indicada pelo presidente”.
“Como pode o presidente da República ganhar as eleições e depois não conseguir indicar o presidente do Banco Central? Estou há 2 anos com o presidente do BC de Bolsonaro. Isso não está correto. O correto é que entre o presidente da República e indique o presidente do BC. Se não der certo, ele tira, como (o ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso tirou três”, criticou Lula.
A confiança dos investidores é sensível às percepções de interferência política nas instituições financeiras, conforme argumenta o CEO de Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, Luciano Bravo. “Quando há dúvidas sobre a independência do BC, isso pode gerar incertezas e levar à desvalorização do real. Outros factores também entram em jogo, como as condições económicas globais e as políticas monetárias de outros países”, explica.
Movimento especulativo
Apesar disso, o especialista e CEO da Anova Research, Paulo Martins, acredita que embora os comentários do presidente contribuam para o clima de especulação, eles não são o principal fator para a alta do dólar.
“O movimento especulativo no mercado futuro é o que realmente está pressionando a moeda. A combinação entre busca por proteção e especulação está dominando o cenário atual”, avalia Martins. “Além disso, participantes com maior poder financeiro, que acumulavam contratos futuros antes da escalada, pressionaram a demanda no mercado futuro e agora vendem passivamente, o que influencia o mercado”, acrescenta.
Apesar da alta do câmbio, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) também registrou crescimento, com bons resultados da Vale (VALE3), cujas ações subiram 1,48% nesta segunda, e da Petrobras (PETR4), em que as ações preferenciais subiram 1,52%. . Mesmo assim, com um cenário ainda de incerteza no ambiente fiscal, os bancos oscilaram, com Itaú (-0,57%), Bradesco (-0,96%) e Banco do Brasil (-1,31%), registrando queda no final das operações .
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