Nos últimos 10 anos, o Brasil caiu 21 posições no Índice de Progresso Social (IPS), passando da 46ª posição em 2014 para a 67ª neste ano. Essa queda reflete uma piora nos níveis de desigualdade social e econômica do país, apesar dos esforços para melhorar o bem-estar da população, segundo pesquisa IPS Brasil 2024, divulgada nesta quarta-feira (7/3).
O IPS mede o desempenho das sociedades com base em resultados sociais e ambientais, e não apenas em indicadores económicos como o rendimento. A pontuação do Brasil no IPS 2024 revela que, em geral, o resultado foi negativo.
Entre os componentes do índice, nutrição e cuidados médicos básicos, acesso à água e saneamento e habitação são áreas críticas nas quais o Brasil enfrenta dificuldades. A segurança pessoal também é um ponto de grande preocupação, mostra a pesquisa, impactando diretamente na qualidade de vida dos brasileiros.
Resultados
Em 2024, o Brasil registrou pontuação de 61,83 em Nutrição e Cuidados Médicos Básicos, 70,51 em Água e Saneamento e 77,79 em Habitação, enquanto Segurança Pessoal foi 58,27 e Acesso ao Conhecimento Básico foi 71,82.
Os resultados do IPS indicam que o progresso social global está a avançar lentamente, com desafios adicionais colocados pela pandemia da Covid-19, que afetou negativamente a saúde e os direitos humanos em muitas partes do mundo.
Entre os municípios brasileiros com melhor desempenho, destacam-se cidades do estado de São Paulo, que apresentam pontuações altas em diversos indicadores. Por exemplo, no componente Água e Saneamento, os municípios paulistas estão entre os melhores, refletindo investimentos contínuos em infraestrutura básica que garantem o acesso a serviços essenciais à população. Outras cidades do Sudeste e também do Sul do Brasil se destacam em Habitação, com notas que chegam a 77,79, número acima da média em comparação ao restante do Brasil.
Contudo, a realidade é bem diferente em outras partes do país. Na Amazônia Legal, por exemplo, a situação é crítica, principalmente no que diz respeito ao acesso a serviços básicos. A componente Água e Saneamento na região apresenta pontuações muito baixas, reflectindo a falta de infra-estruturas adequadas e a dificuldade em fornecer serviços essenciais a uma população dispersa e em áreas de difícil acesso. A segurança pessoal também é um grande desafio, com pontuações particularmente baixas no litoral da Região Nordeste e em grande parte da Amazônia Legal, onde a violência e a criminalidade são problemas graves.
A análise regional mostra que os melhores resultados em Educação são encontrados nos estados de São Paulo, Ceará e Goiás. Diferentemente de estados como Pará e Bahia, que apresentam os piores desempenhos na área.
O documento reforça que essas disparidades regionais são reflexo das desigualdades históricas no Brasil e destacam a necessidade de políticas públicas que possam corrigir essas diferenças. Segundo a pesquisa, a queda do Brasil no ranking do IPS serve de alerta sobre a urgência de ações coordenadas que promovam a inclusão social e o desenvolvimento sustentável.
“A componente Inclusão Social procura garantir que todos os indivíduos tenham acesso equitativo a oportunidades e recursos, independentemente da sua origem, raça, género, orientação sexual, estatuto socioeconómico ou deficiência”, refere a investigação.
A análise dos IPS subnacionais, como o projeto IPS Amazônia, destaca a importância de abordar as desigualdades regionais para promover um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável no país.
*Estagiário sob supervisão de Andreia Castro
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