O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu nesta sexta-feira (5/7) uma ação disciplinar para apurar falas misóginas do desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) Luis Cesar de Paula Espíndola. Na sessão do Tribunal desta quarta-feira (4), a magistrada disse que “mulheres são loucas por homens”, ao analisar medida protetiva em caso de assédio envolvendo uma menina de 12 anos.
O corregedor nacional de Justiça e ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Luís Felipe Salomão, afirmou que a afirmação do juiz ultrapassou os limites éticos da função.
“Infelizmente, ocorrências deste tipo envolvendo manifestação e postura de magistrados com potencial descumprimento dos deveres do cargo e dos princípios éticos do poder judiciário têm repetidamente chegado ao conhecimento desta Inspeção Nacional de Justiça, e, não por acaso, envolvendo as mulheres como destinatárias dos atos praticados”, afirmou.
“É necessário falar cada vez mais sobre a cultura de violência de género generalizada na nossa sociedade. É alimentada por crenças e atos misóginos e sexistas, bem como por estereótipos culturais de género”, acrescentou Salomão.
Na última quarta-feira, a 12ª Câmara Cível do TJ-PR analisou recurso de uma professora de uma escola pública do interior do estado. Ele pediu o levantamento de uma medida protetiva que o proibia de abordar uma estudante de 12 anos.
A criança se sentiu assediada pela professora, que teria enviado mensagens com elogios e pedidos para que ela não contasse a ninguém. Após acompanhamento psicológico, o caso foi revelado e a menina afirmou que a professora piscou e olhou maliciosamente.
O Ministério Público solicitou então uma medida protetiva para que a professora não ministrasse mais aulas na sala onde a criança estava e que ela fosse proibida de se aproximar dela. Por quatro votos a um, a diretoria decidiu manter a medida protetiva.
Discurso sexista
A juíza Ivanise Trates Martins, que não fazia parte do quórum, falou no julgamento. Ela explicou como o assédio afeta a vida e a segurança das mulheres.
“Nós, mulheres, sofremos muito assédio desde a infância, na adolescência, na idade adulta, e infelizmente há um comportamento masculino na sociedade que reforça esse machismo estrutural, ou o que hoje chamamos de machismo estrutural, que é poder olhar, piscar , se mexe, fala que ela é fofa”, disse o juiz.
Luis César de Paula Espíndola foi o único a votar contra a concessão e proteção à menina. Na ocasião, fez declarações absurdas sobre as mulheres, afirmando que eram elas que “assediam os homens hoje em dia”.
“Um discurso feminista ultrapassado vem com o processo, porque se essa sua excelência sai na rua hoje em dia, são as mulheres que estão assediando, que estão correndo atrás dos homens, porque não tem homem, sabe? é muito diferente”, disse ele.
“Hoje em dia você sabe o que existe, essa é a realidade, as mulheres são loucas por homens, porque são muito poucas, sabe? O mercado é assim… É só sair à noite, eu saio pouco à noite, mas eu conheço eles, eu tenho funcionários, eu tenho, você sabe… eu tenho contato com o mundo. Nossa, as mulheres estão enlouquecidas atrás do homem, sabe? Louca para receber um elogio, uma piscadela, sabe?
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
imagem de empréstimo
como conseguir crédito no picpay
picpay instalar
cred rápido
banco noverde
noverde whatsapp
siape consignação
bk bank telefone
apk picpay
consignado inss bancos
px significado