A mineira, que está organizando uma arrecadação online para custear sua viagem à Suíça para realizar o suicídio assistido, contou em seu Instagram o que fará com o dinheiro da arrecadação caso desista do procedimento. Apesar do esclarecimento, Carolina Arruda Leite reforça que não realizar a ‘eutanásia’ só será uma possibilidade se a dor que sente diminuir consideravelmente.
“Pensando em um mundo maravilhoso, num cenário ideal, em que o tratamento funcione e eu consiga diminuir em torno de 70% minhas dores, vou usar a vaquinha para pagar meu tratamento e pagar meus remédios, que são muito caros” , ele disse. a jovem em um vídeo no Instagram. Até o meio-dia desta terça-feira (7/9) a arrecadação havia acumulado 85% do total da meta —R$ 150 mil.
Além disso, Carolina disse que o dinheiro arrecadado seria usado para pagar advogados que tentassem entrar com pedido de obtenção gratuita do medicamento pelo SUS e o restante seria doado para instituições que atendem pessoas que sofrem de dores crônicas.
O caso
A estudante de medicina veterinária de Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, tem neuralgia do trigêmeo bilateral, doença que afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade facial. Segundo especialistas, a doença causa algumas das piores dores do mundo.
No texto da gatinha, Carolina compara a sensação “a choques elétricos equivalentes ao triplo da carga de uma rede de 220 volts, que passam constantemente pelo meu rosto, sem aviso e sem trégua”.
Quanto à ‘eutanásia’, diz que é uma decisão profundamente pessoal e dolorosa, mas acredita que é a melhor solução para acabar com o sofrimento. Carolina afirma que o procedimento permite uma despedida tranquila, digna e sem dor.
Eutanásia x suicídio assistido
Para o Estado de Minasa pesquisadora em questões de fim de vida e advogada especialista em Direito Médico, Luciana Dadalto, explica que tanto a eutanásia quanto o suicídio assistido são práticas proibidas e criminalizadas no Brasil.
“A diferença é que, na eutanásia, quem pratica o ato que causa a morte é uma terceira pessoa, geralmente um médico, que geralmente injeta uma substância letal no paciente. No suicídio assistido, quem pratica o ato que causa a morte é a própria pessoa, autoadministrando uma dose letal prescrita por um médico”, atesta.
Embora comumente chamada de eutanásia, a prática realizada na Dignitas é o suicídio assistido, já que a própria eutanásia ainda é proibida na Suíça.
“No caso da Carolina, o que ela está fazendo é um crowdfunding para ir à Suíça porque é o único país do mundo que aceita estrangeiros para o procedimento. Chamamos isso de turismo da morte”, diz ela.
CVV (Centro de Valorização da Vida)
Os psiquiatras recomendam que as pessoas que pensam em suicídio procurem os serviços médicos disponíveis. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e preventivo ao suicídio. Os voluntários atendem ligações gratuitas 24 horas por dia no 188, via chat, via e-mail ou diretamente em um ponto de atendimento físico.
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