O WhatsApp é o aplicativo de mensagens mais popular do mundo. Segundo pesquisa da britânica SimilarWeb, 1,2 bilhão de pessoas acessam diariamente em todo o mundo.
Mas uma versão pirata do programa está se tornando tão popular no Brasil que virou tema de músicas e preocupa especialistas em tecnologia por tornarem celulares mais vulneráveis: WhatsApp GB.
Trata-se de uma versão não autorizada do aplicativo original, que pode deixar os celulares onde ele está instalado mais vulneráveis a ataques de hackers.
O WhatsApp GB se tornou muito popular porque oferece uma série de funções extras que não estão disponíveis no aplicativo oficial.
Isso levou Rosana* (nome fictício), 45 anos, moradora da região central de São Paulo, a instalar o aplicativo pirata em seu celular.
“Queria me afastar um pouco dos amigos curiosos e ficar olhando meu marido, que trabalha fora de casa”, diz Rosana, sorrindo.
“Aprendi a instalar e ainda hoje uso para aparecer offline, para não me julgarem, e ainda leio tudo o que tentam esconder de mim.”
Especialistas em tecnologia da informação e hackers que trabalham testando sistemas de segurança de grandes empresas ouvidos pela BBC News Brasil afirmam, porém, que esses programas piratas trazem riscos.
Em troca de funções exclusivas, as pessoas deixam seus celulares mais vulneráveis a ataques de hackers.
O que é WhatsApp GB
O WhatsApp GB — e outras versões piratas do aplicativo que se popularizaram no Brasil, como Aero e Plus — são feitos a partir do código básico de programação do programa oficial, chamado código-fonte.
Isso é feito por usuários ou mesmo grupos de programadores e empresas que fazem modificações, ou “mods” na linguagem de programação, no código original para criar novas funções.
Esses aplicativos piratas podem ser instalados em dispositivos Android, sistema operacional de celulares do Google, que é o mais popular no Brasil e no mundo como um todo.
Mas esses programas não são encontrados na Play Store, pois não são aprovados para uso pela plataforma.
Isso significa que os fabricantes de celulares Android e o Google, responsável pela loja de aplicativos, não garantem que seja seguro utilizá-los.
Geralmente, links para download de aplicativos como o WhatsApp GB ficam hospedados em blogs, fóruns ou sites especializados em tecnologia.
A reportagem procurou os desenvolvedores desses aplicativos para comentar sobre suas funções, mas não obteve respostas.
O gerente de segurança da informação, Wellington Silva, diz que é difícil saber se há brasileiros entre os desenvolvedores do aplicativo pirata.
Porém, afirma que foi produzido por um grupo especializado em fazer modificações de software para que esses aplicativos tenham funções ou design diferentes dos originais.
“Basicamente, eles utilizam a estrutura de código tradicional do WhatsApp para compor uma versão que permite fazer customizações”, explica Wellington Silva.
Quem usar o aplicativo pirata ainda pode ser banido e impedido permanentemente de usar a versão oficial, segundo o WhatsApp.
Os riscos de usar WhatsApp pirata
Ao instalar o WhatsApp GB e outras versões piratas do programa, você deve dar ao aplicativo acesso a todos os arquivos armazenados no seu celular, como fotos, vídeos e arquivos em geral.
Porém, no caso destas aplicações modificadas, esta permissão é dada a um desenvolvedor desconhecido, sem qualquer garantia de que esta informação não será utilizada indevidamente.
Instalar um aplicativo não autorizado por uma loja oficial no seu aparelho também pode abrir algumas “portas” de segurança no seu celular, que fica vulnerável a ataques digitais.
Wellington Silva, gerente de segurança da informação da Palo Alto Networks, multinacional americana especializada em segurança cibernética, afirma que muitas pessoas baixam o WhatsApp GB sem se preocupar ou ter consciência desse risco.
“Tudo depende do preço que você está disposto a pagar ao utilizar essas facilidades”, diz Silva.
“Não existe almoço grátis e sua privacidade fica em jogo quando você começa a usar aplicativos que não são aprovados pela Play Store”.
Silva alerta que, sem o WhatsApp original e a criptografia do programa oficial — programa que protege as informações e garante a privacidade da conversa — um hacker pode invadir o celular e roubar as informações privadas contidas nas conversas das vítimas.
Isso vai desde localização em tempo real até informações sobre onde você mora, senhas e quaisquer outros dados pessoais contidos nas mensagens.
Dois especialistas em segurança que trabalham para proteger empresas de ataques de hackers e, que pediram para não serem identificados por não terem autorização das empresas para compartilhar informações com a imprensa, dizem que a instalação de programas piratas cria outros riscos.
“Uma das coisas que pode ser feita, além de roubar dados pessoais, como fotos, áudios, mensagens e senhas armazenadas no aparelho, é fazer com que ele funcione para o invasor”, explica um desses especialistas.
“É possível que um invasor programe parte da rede de internet deste dispositivo para ser usada na mineração de criptomoedas.”
Isso significa que o celular se transforma em uma ferramenta para realizar operações digitais que geram moedas digitais como recompensa, que vão para a conta de quem assumiu o controle do aparelho.
Especialistas em segurança digital afirmam que isso, se feito em larga escala, poderá gerar muitas receitas para os invasores.
Entretanto, o celular da vítima pode ficar mais lento para carregar o conteúdo, porque parte do processador e do pacote de dados de internet estão sendo utilizados pelos criminosos, sem que a vítima saiba.
A informação é confirmada pelo gerente de segurança Wellington Silva. “Vi casos reais em que dispositivos estavam sendo usados para fazer essa mineração de criptografia”, diz ele.
Geralmente, essa mineração é feita de forma mais eficaz por meio de supercomputadores.
Porém, a maioria dos celulares usados hoje possui grande capacidade de processamento — essencial para a atividade.
“Hoje o celular é um computador, com memória e recursos de processamento que os computadores de dez anos atrás não tinham”, diz Silva.
Isso leva hackers mal-intencionados a invadir celulares em larga escala para minerar criptomoedas.
Caso o celular seja invadido por meio de um aplicativo pirata ou o aplicativo ainda apresente problemas de instabilidade, como travamentos, o usuário pode ter dificuldades para resolver esses problemas pelos canais oficiais, pois concordou em baixar um programa sem aprovação e garantia da loja oficial de aplicativos .
O WhatsApp afirmou em nota que “não pode validar as medidas de segurança implementadas” por aplicativos e extensões não oficiais, como o WhatsApp GB.
tema musical
Apesar disso, o WhatsApp GB se tornou muito popular e vários compositores já o mencionaram.
Em 2022, a dupla Hélio & Junior compôs uma música que fala sobre as principais funções do WhatsApp GB e insinua que elas serviam para esconder traições.
“Agora o zap é GB, ela não sabe disso
Existe um lugar secreto para os amantes de colchões
Agora o zap é GB, ela não manda em mim
De segunda a segunda, na cara de Danadin“
O compositor Dilsinho Nóbrega também escreveu a música “Ela usa WhatsApp GB” baseada no sucesso do programa entre os usuários no Brasil.
Há também uma música funk que também leva o nome do aplicativo, composta pelo MC Carlinhos Na Voz.
Além da música, usuários do aplicativo e especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que o boca a boca é o grande responsável pelo sucesso do aplicativo pirata.
Saber o número de usuários, porém, é impossível porque não há dados oficiais.
“Nunca vi propaganda, mas ouvi muita gente recomendando para amigos ou vizinhos. Eu mesma descobri por causa de um colega de trabalho”, diz Rosana, que instalou o WhatsApp GB para espionar o marido.
O WhatsApp reforçou em nota enviada à BBC News Brasil que a instalação de aplicativos piratas viola seus termos e serviços e que isso “pode levar ao banimento da conta”.
Em sua página oficial, o aplicativo diz que “não há garantia de que suas mensagens e dados, como localização ou arquivos compartilhados, permanecerão privados e seguros” caso você instale um aplicativo pirata.
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