Mais álcool na gasolina vai estragar os carros: mito ou verdade?

O Governo Federal tenta aprovar um Projeto de Lei que aumenta para até 35% o percentual de etanol na gasolina. Mas, se isso acontecer, será que os motores vão estragar com essa nova mistura? Vamos descobrir se isso é mito ou verdade.

Para começar a abordar essa questão é preciso levar em conta que atualmente temos basicamente dois tipos de motores que podem receber gasolina. A esmagadora maioria são modelos flex (85% da frota de automóveis de passeio), preparados para utilizar álcool e gasolina. Uma pequena porcentagem é composta tanto por carros importados quanto por carros antigos que só “queimam” gasolina.

Carros antigos a gasolina

Na verdade, alguns carros antigos não foram projetados para usar gasolina com maior percentual de etanol. Este aumento na concentração de álcool pode provocar o desgaste de alguns materiais, principalmente borrachas e elastômeros, que podem corroer. Os próprios sensores podem não reconhecer o combustível e falhar.

Carros a gasolina atuais

O aumento do percentual de etanol na gasolina proposto pelo Governo Federal para 35% seria bastante significativo. Mesmo assim, os atuais carros somente a gasolina vendidos no Brasil, todos importados, estão preparados para essa mistura sem maiores problemas.

carros flexíveis

No caso dos carros flex-fuel, preparados para usar álcool e gasolina em qualquer proporção, não são esperados problemas no motor.

Porém, isso não significa que o aumento do percentual de etanol na gasolina não terá consequências. Nesse caso, como o álcool tem densidade energética menor que a gasolina (a diferença é de aproximadamente 30%), sua maior concentração na mistura resultará em aumento no consumo de combustível.

A maior concentração de etanol na gasolina também provoca redução na autonomia de um tanque, o que incomodará mais durante as viagens, obrigando os motoristas a abastecer com mais frequência.

Entenda o PL que aumenta o percentual de etanol na gasolina

Antes mesmo de obter parecer favorável do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o PL 4516/2023 foi aprovado na Câmara dos Deputados. Agora o texto tramita no Senado Federal. Porém, esta Lei define apenas os percentuais máximos e mínimos de etanol que podem ser misturados à gasolina. Atualmente esse número está entre 18% e 27,5%. Cabe ao CNPE definir qual será essa proporção.