A eletrificação ganha cada vez mais espaço no mercado global e os Muscle Cars não ficaram de fora dessa tendência. O Chevrolet retirou o Camaro da linha, planejando um futuro retorno elétrico, talvez. O Dodge Charger, mesmo com versão a combustão ainda disponível, não é mais V8e o destaque agora é o modelo elétrico. O Ford nos assustou quando lançou o Mustang Mach-E, uma versão SUV elétrica do clássico.
Mas, em março deste ano, a marca trouxe ao Brasil a nova geração de Mustangbatizado GTque não deixou nada a desejar. Custeio R$ 529 milo carro esportivo vendeu 435 unidades desde seu lançamento. A versão única, chamada GTirá agradar aos puristas com força, potência e um rugido estrondoso, bem como muita tecnologia a bordo. É, sem dúvida, um verdadeiro medicamento antidepressivo.
DIMENSÕES E ERGONOMIA
O Ford Mustang cresceu em relação ao seu antecessor e agora apresenta uma aparência mais musculosa. Não é por acaso: a Ford melhorou a rigidez torcional do esportivo em 30%, o que resultou em um ligeiro aumento no tamanho. O modelo agora tem 4,81 metros de comprimento, 1,95 m de largura, 1,39 m de altura e distância entre eixos de 2,71 m.
Estas dimensões tornam o Mustang difícil de estacionar em determinados locais, devido ao seu tamanho. A falta de sensores frontais ou de câmera adicional complica ainda mais a vida de quem não está acostumado com carros grandes.
Raspar a parte inferior ou traseira do Mustang é algo comum para quem o dirige. É preciso passar pelos obstáculos com muito cuidado para evitar danos, mas em alguns casos é praticamente inevitável. O modelo tem distância mínima ao solo de 144 mm, quase a mesma de um Honda Fit de última geração.
O espaço para o motorista é típico de um esportivo: quem dirige se sente próximo ao chão, com a sensação de estar praticamente deitado, como é comum nesse tipo de carro. O ajuste elétrico do banco e o volante ajustável em altura e profundidade oferecem muita flexibilidade, algo típico dos modelos americanos. O assento é confortável, oferece bom suporte e também possui ventilação.
O espaço traseiro é limitado, dependendo de quem está na frente. Com minha altura de 1,88 m, ajustei o banco do motorista para trás e não sobrou espaço no banco traseiro. Porém, o lado do passageiro oferece mais flexibilidade, pois o espaço entre o banco e o painel é generoso.
Se a pessoa da frente não for muito alta, o banco pode ser ajustado mais para a frente, liberando espaço para quem está atrás. O carro também conta com sistema ISOFIX para cadeiras infantis no banco traseiro.
Já o porta-malas é bastante espaçoso, com 382 litros de capacidade — apenas 11 litros a menos que um Chevrolet Tracker. Infelizmente, o Mustang não oferece pneu sobressalente, apenas um kit de reparo para pneus furados.
MOTORIZAÇÃO
“Enquanto houver clientes interessados, o Coiote continua.” Esta é a frase Ford sobre o Mustangjustificando a continuação do V8 5.0 sob o capô. O motor passou por alguns ajustes na reprogramação da central eletrônica e do TCU, além de melhorias na transmissão, que o deixaram mais forte e elástico, sem precisar atingir rotações máximas para liberar todo o seu potencial.
2024Ford Mustang GT
Foto: Foto: Luiz Forelli/Vrum/EM
Com essas mudanças, o novo Mustang agora entrega 488 cv a 7.250 rpm (5 cv a mais) e 57,5 kgfm de torque a 5.000 rpm (aumento de 0,8 kgfm). Esses números são muito bem percebidos ao dirigir. A transmissão é a nova de dez marchas, a mesma utilizada nas picapes Ranger V6 e F-150, funcionando em perfeita harmonia com a plataforma da geração anterior, que estava muito bem ajustada e calibrada.
O resultado é pura diversão ao dirigir, com um carro mais controlável que a versão anterior. Embora não tenha se tornado dócil, o novo Mustang É mais fácil de dirigir, tornando-o mais previsível e menos arriscado que o Mach 1.
CIDADE
Na cidade, o Mustang se comporta bem graças à suspensão independente nas quatro rodas (amortecedor McPherson na dianteira e Multilink na traseira). Os impactos são absorvidos com competência e os solavancos são bastante aceitáveis para um carro baixo com rodas de 19 polegadas e pneus 255/40 de baixo perfil. É mais macio e confortável em comparação com seu antecessor.
Se preferir uma condução mais firme, pode endurecer a suspensão com ajuste inteligente, que permite alternar entre uma configuração desportiva (mais dura) e uma mais suave (normal). Este conforto melhorado vem da suspensão Magneride, que foi recalibrada e lê o terreno 1.000 vezes por segundo.
Utiliza um fluido magnético viscoso que se adapta ao solo e, portanto, gera um passeio confortável sem interromper o curso da suspensão.
ESTRADA
Na estrada não há muito a dizer: basta sentar, acelerar e aproveitar o que o esportivo tem a oferecer. O Mustang GT é uma verdadeira máquina sobre rodas, por isso oferece uma condução suave e estável, mesmo em altas velocidades. A sensação de controle é tanta que você mal percebe o que está acontecendo lá fora, graças ao requinte do conjunto.
Ao acelerar forte, o ronco e a vibração do motor são pura emoção. É o tipo de sentimento que faz qualquer dia nublado parecer ensolarado e traz sorrisos com facilidade. O Mustang GT ganha velocidade com extrema facilidade – basta uma leve pressão no acelerador para atingir altas velocidades. É uma verdadeira potência, que exige cautela ao dirigir.
É disso que o Mustang gosta: estradas livres. Quando tive oportunidade, ficou claro como os controles eletrônicos fazem toda a diferença. Com um toque no lado esquerdo do volante, passei do modo “Normal” (mais dócil) para o modo “Sport”, e a diferença foi imediata: o acelerador ficou mais sensível, o ronco do motor se intensificou e a suspensão ficou mais firme . .
Ford Mustang GT
Foto: Ford/Divulgação
Para elevar ainda mais a experiência, basta mudar a caixa de velocidades para o modo manual e o Mustang praticamente convida-o a assumir o controlo total. Com os remos atrás do volante, você tem liberdade para mudar de marcha e, quanto mais acelera, mais o carro responde e mais potência ele exige.
O rugido do V8 é simplesmente fascinante, puro e agradável de ouvir. Prepare-se para sorrir ao volante, pois o Mustang atrai olhares e câmeras por onde passa. Não faltam pessoas virando a cabeça ou mesmo esticando o pescoço para admirar a máquina — no caso, uma vermelha.
Caso queira algo mais versátil, o Mustang oferece outros modos de condução além de “Normal” e “Sport”. Existe o modo “Slippery”, “Track” e “Drag Track”. Cada um ajusta parâmetros como assistência elétrica à direção, som do escapamento, rigidez da suspensão, sensibilidade do acelerador, rotações e velocidade das trocas de marcha, além de estabilidade e controle de tração e aparência do painel.
O Mustang também oferece um modo “Custom”, onde você pode ajustar os parâmetros de cada modo de condução e escolher entre seis perfis. Coloquei tudo no nível máximo e até desliguei o controle de tração, o que deixou o carro mais agressivo, mas ainda controlável. São nesses ajustes que o veículo se transforma da melhor forma.
Em termos de desempenho, o Mustang vai de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos, segundo a Ford, e nossos testes confirmaram esse tempo, com modo “Sport”. A velocidade máxima é limitada eletronicamente em 250 km/h. O coeficiente aerodinâmico de 0,354 também é excelente para um carro esportivo desta categoria.
Nas curvas, o Mustang se destaca graças às rodas largas, maior rigidez torcional e plataforma bastante estável. Claro, não é surpresa que ele execute curvas com confiança, mesmo quando você entra com mais força. A suspensão equilibra bem o peso e garante a estabilidade correta.
2024Ford Mustang GT
Foto: Foto: Luiz Forelli/Vrum/EM
O volante também desempenha um papel crucial nestes momentos e consegue comunicar perfeitamente com o carro. Extremamente responsivo e preciso, torna a condução mais previsível e controlada, aumentando assim a confiança do condutor em curvas mais desafiantes.
Os freios, agora Brembo nas quatro rodas (antes apenas nas dianteiras), cumprem seu papel com precisão. Oferecem frenagem muito eficiente e sensibilidade adequada para frear os 1.836 kg do Mustang. Como acontece com qualquer bom carro esportivo, os freios são ventilados tanto na dianteira quanto na traseira.
CONSUMO
É até curioso mencionar esse assunto, já que o consumo é provavelmente a última preocupação de quem compra um Mustang. Mas vejamos os números: na cidade, consegui uma média de 4 km/l, com picos de até 6 km/l em alguns momentos. Na estrada, o consumo foi de 10,3 km/l. Ok, assunto encerrado.
INTERIOR E TECNOLOGIA
A nova cabine do Mustang é muito mais sofisticada, em linha com o visual contemporâneo dos carros atuais. O painel de instrumentos tem 12,4 polegadas e a central multimídia tem 13,2 polegadas. Segundo Ford, o design das telas foi inspirado na cabine de um caça.
O sistema é o conhecido Sync, presente em outros modelos da marca. Funciona de forma prática, intuitiva e com ótima resolução, permitindo ajustes em diversas configurações do carro. Porém, tive alguns problemas ao tentar conectar o Apple CarPlay, que é wireless, mas consegui resolver depois de um tempo.
Notei também um atalho que mostrava o consumo que causava um bug, ocultando parcialmente a visão completa do mapa do Waze, mas consegui resolver. Vale lembrar que o Android Auto sem fio também está disponível.
O acabamento é de alta qualidade em todos os sentidos. O painel recebe revestimentos soft-touch. Na parte inferior, no painel, há uma parte plástica que talvez imite fibra de carbono, mas também há áreas revestidas. As portas seguem o mesmo padrão, com materiais macios.
O console central, elevado como nos modelos antigos, mantém seu charme clássico, mas percebi que, depois de um tempo de uso, esquenta moderadamente na região onde fica a caixa de transmissão.
O freio de estacionamento é eletrônico e bastante simples de usar, bastando dar um leve puxão para ativá-lo. No entanto, existe um modo chamado Drift Brake, que você ativa através da unidade de controle. Este modo trava completamente as rodas com um simples acionamento do freio de mão, perfeito para drifting, e funciona muito bem.
Outro recurso interessante é o Remote Rev, que permite ligar o carro e acelerar remotamente usando a chave. Basta apertar os botões para abrir e fechar o veículo, e ele gasta mais alguns litros de gasolina enquanto funciona.
O Mustang GT conta ainda com sistema ADAS completo, com controle de cruzeiro adaptativo Stop & Go, alerta e frenagem de emergência, assistente de ponto cego, assistente de tráfego cruzado, assistente de manutenção de faixa, com correção, faróis automáticos, assistente de partida em subida, monitoramento de pressão dos pneus, entre outros recursos.
São sete airbags para os ocupantes, sendo frontal, lateral, de cortina e um para joelhos do passageiro. Em termos de cores, o desportivo surge nas cores Branco Ártico, Vermelho Arizona, Preto Astúrias, Cinzento Torres, Cinzento Catalunha, Azul Estoril, Vermelho Zadar, Azul Algarve.
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