Apesar do domínio dos SUVs, que representam mais de 47% do mercado, os hatchbacks compactos ainda mantêm a relevância, mesmo com uma participação menor, acumulando 29%. Neste cenário, o Peugeot 208 É um modelo que muitos consumidores acabam ignorando, seja por esquecimento ou pela antiga má reputação da marca no Brasil.
Modelos como Volkswagen Polo, Chevrolet Onix e Hyundai HB20 lideram as escolhas desse segmento, deixando o 208 ofuscado. Mas tal como no ténis, onde o resultado nem sempre reflecte a qualidade do jogo, a baixa popularidade do ténis 208 Isso não significa que ele é inferior.
Na verdade, o 208 se destaca como um excelente hatch, principalmente após a reforma que recebeu em setembro. Para entender melhor seus atributos, passamos alguns dias com a versão GTque chega ao mercado com um preço inicial de R$ 114.990.
FACELIFT E DIMENSÕES
O facelift do Peugeot 208 veio para atualizar o visual do hatch, que permanecia o mesmo desde 2020, e para alinhar seu visual ao modelo europeu.
Na dianteira, o 208 adota a atual assinatura visual da Peugeot, com faróis de LED em formato “dente de sabre”, já vistos no SUV 2008. Esses novos faróis substituem os antigos “garra de leão”, agora com apenas uma faixa de LED.
A grade frontal também foi atualizada, recebendo acabamento na cor da carroceria, enquanto o emblema da Peugeot foi modernizado. O para-choque redesenhado confere ao 208 uma aparência mais agressiva e esportiva, reforçando sua presença no segmento.
Nas laterais, a versão GT do 208 é equipada com rodas de liga leve de 17 polegadas (pneus 205/45 R17) com acabamento diamantado. Embora as rodas da antiga versão Style me parecessem mais atraentes, a escolha atual segue o novo padrão. As cavas das rodas têm acabamento em preto brilhante.
Na traseira, os faróis receberam uma nova assinatura visual em LED, com o já característico padrão de três garras, presente nos modelos mais recentes da Peugeot.
No interior, o interior permanece praticamente inalterado, com a única novidade sendo o novo emblema do leão da Peugeot. Fora isso, o design interno permanece o mesmo das versões anteriores.
O Peugeot 208 mede 4,05 metros de comprimento, 1,73 m de largura, 1,45 m de altura e distância entre eixos de 2,53 m. Esses números já mostram que o espaço interno não é dos melhores para um hatch compacto, e isso é confirmado pelo porta-malas, que é o menor da categoria e oferece apenas 265 litros, um pouco maior que o do Fiat Mobi.
Peugeot 208GT
Foto: Luiz Forelli/Vrum
Na prática, o espaço traseiro também deixa a desejar. Com o banco ajustado para minha altura de 1,88 metros, não consigo nem entrar no carro, o espaço é muito limitado.
Além disso, faltam itens como apoio de braço central, saídas de ar e portas USB para passageiros traseiros, algo que é encontrado no Polo, por exemplo. O túnel central ainda está elevado, o que compromete ainda mais o conforto. Se você precisa de bom espaço na traseira e no porta-malas, o 208 vai te decepcionar.
Na dianteira, o espaço é privilegiado para quem dirige, graças às boas regulagens ergonômicas do banco com regulagens, e à boa extensão do volante com regulagem de altura e profundidade.
A posição de dirigir é muito boa, principalmente para quem gosta de um carro que dá mais vontade de sentar no chão, o volante hexagonal e plano também é muito agradável de dirigir. O campo de visão é razoável de todos os ângulos, mas o retrovisor externo poderia ser mais alto para não atrapalhar tanto.
Uma das reclamações de muita gente é sobre o painel de instrumentos.O i-cockpit da Peugeot onde o volante pode ocultar algumas informações. No meu caso não aconteceu nada, mas dependendo da configuração pode atrapalhar a visualização das informações.
MOTORIZAÇÃO
Como vários modelos Stellantis, o 208 também conta com o motor 1.0 T200 (turbo) de três cilindros nas versões GT e Fascínio. Ele entrega 125/130 cv (gasolina/etanol) a 5.750 rpm e 20,4 kgfm de torque a 1.750 rpm. O motor, que tem injeção direta, é acoplado a uma transmissão CVT que simula até sete marchas.
Peugeot 208GT
Foto: Luiz Forelli/Vrum
Como comentei em outro review que fiz do 208, repito aqui: “este motor 1.0 T200 era o que faltava no 208”. Não só pelos concorrentes, que em sua maioria já possuem motor turbo, mas porque todo o pacote – da plataforma CMP ao peso e tamanho – se encaixa perfeitamente, como a tampa ideal para uma panela.
O 208 é muito agradável de conduzir, principalmente em estrada, onde se destaca. Ele ganha velocidade com relativa facilidade quando o acelerador é pressionado gradualmente. A transmissão CVT oferece bom conforto, mas também responde bem quando solicitado, o que permite que o hatch compacto ultrapasse com facilidade e faça boas relargadas.
Porém, como o mundo é feito de comparações, não posso deixar de citar o câmbio automático de seis marchas Aisin AQ200, presente no Volkswagen Polo, que se mostra mais ágil em algumas situações. As mudanças são mais rápidas e o sistema compreende melhor as intenções do condutor.
Voltando ao 208, ele se mantém bastante estável na estrada, sem oscilação da carroceria ou perda de estabilidade em velocidades mais altas. O carro se mantém firme tanto em retas quanto em curvas em alta velocidade, sem oscilações, o que o torna um ótimo companheiro de viagem. Além disso, os bancos são confortáveis e proporcionam um bom suporte em viagens longas.
Nas curvas, o 208 também se sai muito bem. Você se sente seguro, pois o carro mantém sua trajetória, mesmo em curvas mais acentuadas. Parte dessa estabilidade vem do volante, que responde com precisão e agilidade em conjunto com a carroceria.
A plataforma CMP desempenha muito bem o seu papel nestas situações. O volante é extremamente responsivo e se destaca no trabalho, superando até mesmo o Volkswagen Polo, seu principal concorrente.
Peugeot 208GT
Foto: Luiz Forelli/Vrum
O que acaba incomodando é o botão do modo esportivo, que fica “escondido” na lateral esquerda do painel, abaixo do volante. É muito incômodo ter que ativá-lo sempre que for necessário, algo que a Peugeot não corrigiu em relação ao modelo anterior.
Além disso, não há nenhum indicador no painel de instrumentos que mostre quando o modo está ativado, o que pode fazer com que ele permaneça ligado sem você perceber.
Conseguimos chegar de 0 a 100 km/h em nossos testes em 9,9 segundos (sem o modo esportivo ativado), o que é um bom desempenho entre os motores 1.0 turbo. A Peugeot informa que, com gasolina, o modelo atinge essa marca em 9,2 segundos e com etanol em 9 segundos.
Peugeot 208GT
Foto: Luiz Forelli/Vrum
O Peugeot 208 tem assistente de manutenção de faixa, mas sem centralização; Emite apenas uma leve vibração no volante ao sair da pista. Há também alerta de frenagem de emergência, mas o modelo não possui controle de cruzeiro adaptativo ou outras funções avançadas desse tipo.
Na cidade é possível sentir a suspensão rígida, que provoca alguns impactos secos dependendo do buraco. Porém, achei bem equilibrado em comparação com a concorrência. O fim do curso acontece de vez em quando, mas a suspensão é firme e acaba sendo confortável para dirigir.
Ao estacionar, o 208 possui câmera de ré, que, assim como o modelo anterior, fica posicionada bem baixa. Isso significa que o motorista quase não enxerga o entorno, sendo necessário confiar mais no sensor de ré.
Peugeot 208GT
Foto: Luiz Forelli/Vrum
Em relação ao consumo, com gasolina, obtivemos 7,5 km/l na cidade e 13,3 km/l na rodovia, sempre respeitando os limites de velocidade e tentando manter a velocidade constante e com o ar condicionado ligado. Números razoáveis.
O Inmetro divulgou que o 208 atinge 12,5 km/l com gasolina na cidade e 14,1 km/l na rodovia. Em relação ao etanol, informa-se que o modelo atinge 10 km/l e 14,1 km/l, respectivamente. Números bem abaixo do que fizemos.
INTERIORES E EQUIPAMENTOS
Peugeot 208GT
Foto: Luiz Forelli/Vrum
O acabamento do 208, tanto no painel quanto na parte superior das portas, é inteiramente feito de plástico, assim como seus rivais, sem grandes alterações. Os materiais em aço escovado, como os botões do painel, são de boa qualidade, e o mix de acabamentos tipo carbono nas portas também é visualmente interessante. O forro dos braços nas portas é bom e bem coberto.
Em termos de equipamentos, o 208 conta com central multimídia de 10,3 polegadas, semelhante à dos carros Citroën e de 2008. Possui uma boa interface, sendo intuitivo e simples de usar.
Peugeot 208GT
Foto: Luiz Forelli/Vrum
O Waze teve alguns atrasos, mas na maior parte funcionou bem. O painel de instrumentos, chamado de i-Cockpit 3D, conta com um projetor que dá sensação tridimensional nesta versão, e também conta com boa resolução.
Em termos de equipamentos, a versão GT do Peugeot 208 traz itens muito interessantes, como acendimento automático dos faróis, acionamento automático dos limpadores de para-brisa, ar condicionado digital automático integrado à central multimídia, banco do motorista com regulagem de altura, banco rebatível encosto e botão start-stop com chave facial. A chave presencial, aliás, é muito prática, permitindo trancar ou destrancar o carro apenas com a aproximação ou afastamento.
O modelo conta ainda com computador de bordo, direção elétrica com assistência variável, controle de cruzeiro comum com limitador de velocidade, teto panorâmico, vidros e travas elétricas, seis alto-falantes, entre outros itens.
Em termos de segurança, o 208 GT oferece seis airbags (dois frontais, dois de cortina e dois laterais), além de alerta de colisão, frenagem automática de emergência, alerta de correção de manutenção de faixa, assistente de farol alto e detector de fadiga. . O hatch também é equipado com freios ABS, controle de tração e estabilidade, além de reconhecimento automático de sinalização de velocidade.
O maior erro da Peugeot foi oferecer uma paleta de cores muito limitada para o 208. Na versão GT, as únicas opções disponíveis são Cinza Selênio (a cor que testamos), Preto Perla Nera e Branco Nacré. Faltou maior variedade de cores. O modelo oferece garantia de três anos.
RESUMO DA ÓPERA
A Peugeot mostrou que sabe fazer um hatchback respeitável. O 208 segue firme em suas principais características e exala personalidade. O novo visual, mais alinhado à identidade global da marca, só aumentou a beleza do carro (embora faltem as rodas da versão Style). Tudo nele se encaixa e esses são pontos fortes para competir com seus rivais.
O 208 GT É uma alternativa sólida ao VW Polo Highline (R$ 124.390), Chevrolet Onix Premier (R$ 122.790) e Hyundai HB20 Platinum Safety (R$ 122.290). Com motor turbo Stellantis, que já recebeu prêmios, boa transmissão, tecnologia de bordo e design marcante, está bem preparado para lutar com armas, colete e tudo, nesta guerra do segmento.
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