Nesta quinta-feira (28), o dólar atingiu a marca inédita de R$ 6, impulsionada pelo anúncio de corte de gastos e isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, feita pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O impacto desta valorização da moeda americana levanta também uma questão no mercado automóvel: Os preços dos carros subirão? Eles já estão!
Vamos entender primeiro
O custo dos veículos no Brasil é influenciado diretamente pelo dólar, já que a maior parte dos componentes automotivos é importada. Embora os carros sejam fabricados no Brasil, eles dependem de peças estrangeiras, como motores, caixas de câmbio e sistemas eletrônicos.
Quando o dólar sobe, esses insumos ficam mais caros, pois aumenta o custo de produção e, consequentemente, o preço final dos carros na fatura. Os veículos importados sofrem ainda mais, pois seus custos estão atrelados ao câmbio direto da moeda americana.
Por exemplo, durante a pandemia, os preços de vários automóveis subiram cerca de 34%. Isso demonstra um exemplo prático que só deve continuar subindo devido às variações da taxa de câmbio. Especialistas afirmam que cerca de 30% do custo de um carro nacional está atrelado a itens importados, número que pode chegar a 70% em modelos mais sofisticados.
Portanto, com a alta do dólar, os consumidores podem esperar:
- Aumento nos preços dos carros novos: Os fabricantes repassam o custo adicional ao consumidor.
- Avaliação de itens usados: Com os carros novos mais caros, os usados se tornaram uma alternativa para muitos brasileiros.
- Ajustes de manutenção: As peças de reposição importadas também aumentam de preço.
- Menor oferta de modelos importados: Concessionárias podem reduzir importações para evitar prejuízos
Mesmo que o dólar alto fazer os preços subirem, o contrário não acontece da mesma forma. Isto ocorre porque os fabricantes e concessionários utilizam frequentemente períodos de queda das taxas de câmbio para recuperar as margens de lucro ou compensar perdas anteriores. Portanto, mesmo que o dólar volte a níveis mais baixos, dificilmente os preços serão reduzidos na mesma velocidade.
Nos próximos meses, os preços dos automóveis deverão continuar a subir gradualmente, dependendo da política de preços de cada montadora.
Alguns conseguem realizar aumentos maiores, enquanto outros tendem a adotar ajustes menores. Isto reflete o que já vem acontecendo nos últimos meses, em que o valor dos veículos apresenta aumentos contínuos.
Além disso, no Brasil, os impostos sobre automóveis são os mais elevados em comparação com outros países. Dependendo do modelo e da sua origem, cerca de 33% a 38% do valor pode ser composto por impostos para carros nacionais, e esse percentual pode chegar até 60% para veículos importados.
Esse ônus inclui tributos federais, estaduais e municipais, como IPI, ICMS, PIS e Cofins, além de outros custos obrigatórios, como o IPVA e o futuro SPVAT.
Com o aumento dos preços dos automóveis, que vem acontecendo mês a mês, as vendas também podem cair, principalmente nos modelos importados e de maior valor agregado. Porém, os veículos populares também sentirão os efeitos, ainda que de forma menos intensa. Além disso, o impacto nos custos de manutenção pode desencorajar os compradores.
O que o consumidor pode fazer?
- Priorizar veículos com maior índice de nacionalização.
- Monitorar promoções e incentivos das montadoras, que buscam manter a competitividade.
- Planeje a compra e considere modelos usados ou usados como alternativa.
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