O Cidade Honda evoluiu muito desde sua chegada ao Brasil em 2009, quando era sedã compacto visando disputar espaço neste segmento. Hoje, o modelo busca preencher a lacuna deixada pelo Civic, que saiu da faixa dos R$ 150 mil e hoje ultrapassa os R$ 260 mil. Assim, o cidade assume mais de uma função sedã intermediárioenquanto a versão hatchback ocupa o espaço deixado pelo Fit.
Testamos o modelo sedaque é o mais caro entre seus rivais, mas oferece uma variedade de equipamentos que seus concorrentes não possuem. A versão avaliada foi a Passeiode R$ 142.400que também busca conquistar os “órfãos” do antigo Civic. Mas ele pode cumprir esse papel?
PROJETO
A Honda realizou a primeira reformulação do City nesta geração, lançada no Brasil em 2021. O modelo recebeu design ainda mais refinado na configuração sedã, enquanto a versão hatchback tem visual mais esportivo. Na dianteira, os para-choques foram redesenhados, ganhando curvaturas mais robustas e ao mesmo tempo mais elegantes.
Os faróis ganharam novos formatos, assim como a grade, que perdeu a grossa peça cromada que ligava os faróis de LED. Agora, a grade está posicionada mais próxima do capô e conta com novos detalhes, conferindo ao sedã um visual mais sofisticado.
Na versão hatchback, as mudanças seguem a mesma linha, mas com um toque mais esportivo. A peça cromada, por exemplo, foi substituída por acabamento pintado de preto, a grade frontal ficou maior e outros detalhes reforçam o estilo mais dinâmico.
Na traseira, as mudanças são mais sutis e focadas principalmente no para-choque. No sedã, os refletores agora são horizontais em vez de verticais. As rodas de 16 polegadas também receberam novos detalhes e, na versão hatchback, são pintadas de preto para realçar sua esportividade. Essas mudanças fizeram com que os modelos crescessem cerca de 2 cm.
DIMENSÕES
Voltando ao sedã, modelo testado, a Honda sempre foi referência em espaço interno, e o City mantém essa tradição. Com 4,57 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,47 m de altura e entre-eixos de 2,60 m, é uma ótima opção para famílias numerosas.
Seu porta-malas de 519 litros é um dos maiores da categoria, superando até mesmo sedãs médios como o Civic (495 litros), o Volkswagen Jetta GLI (510 litros) e o Toyota Corolla (470 litros). O espaço é muito bem aproveitado, mas o “pescoço de ganso” da tampa do porta-malas continua sendo um problema sério: atrapalha na hora de fechar com o compartimento cheio e pode danificar a bagagem. Já passou da hora de resolver isso.
Na última fila, o espaço para as pernas é excelente. Com o banco dianteiro ajustado para minha posição de dirigir (tenho 1,88 m), há quase trinta centímetros entre os joelhos e o encosto. A altura do teto, porém, é limitada pela curvatura, o que pode ser desconfortável para pessoas mais altas. No geral, o uso do espaço é impressionante. O City também oferece duas saídas de ar, tomadas USB, ótima posição para os pés e apoio de braço retrátil.
Por outro lado, para motoristas mais altos, o banco dianteiro não recua tanto, algo comum em diversos modelos Honda. Isso significa que seus pés ficam próximos aos pedais e suas pernas não conseguem esticar, o que pode ser cansativo em viagens longas. Por outro lado, a ergonomia compensa: o ajuste do volante e a posição dos comandos são muito bem pensados, garantindo praticidade no dia a dia.
MOTORIZAÇÃO
O casamento de cidade com o motor 1.5 é uma parceria duradoura e estável. Desde sua estreia no Brasil, o sedã sempre foi equipado com o motor 1.5 aspirado flex, que é de nova geração. É um quatro cilindrosMotor de 16 válvulas que entrega 126 cv a 6.200 rpm e 15,5/15,8 kgfm de torque a 4.800 rpm (gasolina/etanol), sempre aliado à transmissão CVT que simula até sete marchas.
Cidade Honda
Foto: Luiz Forelli/Vrum
Os números de desempenho do cidade Eles ficam bem abaixo dos rivais com motor 1.0 turbo, principalmente em termos de torque. Porém, o maior destaque do modelo é o consumo. Em nossos testes com gasolina, alcançou 13,1 km/l na cidade e 16,5 km/l na rodovia, chegando facilmente a mais de 17 km/l em algumas ocasiões. Mesmo com trânsito intenso, ainda manteve bons 8,3 km/l. É um resultado que vale a pena tirar o chapéu, como diria Raul Gil.
Para quem procura um carro econômico, o cidade atende muito bem a essa expectativa. Porém, poderia ser ainda melhor se o tanque de combustível fosse maior, já que sua capacidade é de apenas 44 litros. Apesar de estar dentro da média do segmento, com números semelhantes aos dos concorrentes, isso significa que será necessário parar frequentemente para reabastecer.
No asfalto paulista, a suspensão McPherson na dianteira e a barra de torção na traseira mostraram uma calibragem muito boa e ofereceram um passeio muito agradável, mesmo em piso mais desgastado. Apesar do toque firme, a suspensão absorve bem os impactos com certa suavidade e garante um bom nível de conforto na cabine. Contudo, em buracos ou valas maiores, o curso limitado da suspensão torna-se evidente e resulta em pancadas secas.
E mesmo com ângulos de entrada tão baixos quanto 16,3º, o cidade Não raspa tão facilmente. Pode fornecer bem valas nestes casos. Outro destaque na cidade é o conforto a bordo, com excelente isolamento acústico, não se ouve praticamente nada ao redor, nem mesmo as motos passando. O ajuste elétrico do volante também mantém boa firmeza, algo que já era visto no modelo anterior.
Cidade Honda
Foto: Luiz Forelli/Vrum
Na estrada, o cidade Não é ideal para quem gosta de respostas rápidas. A reação demora, e a ultrapassagem exige paciência, algo condizente com o nome do carro, que traduzido significa “cidade”. Ou seja, nas rodovias a situação nas ultrapassagens fica mais complicada. A transmissão CVT também faz o motor gritar ao acelerar forte, o que é normal.
Por outro lado, a Honda melhorou a harmonia e a resposta da transmissão CVT nesta geração. Em velocidades mais altas, o cidade ele se desenvolve muito melhor, com a caixa de câmbio ajudando a embalar o carro. Isto é complementado pelo bom coeficiente aerodinâmico, que ajuda o fluxo de ar e melhora o desempenho.
Em nossos testes, ele atingiu de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos, o que ainda é aceitável para o segmento. Além disso, com 144 mm de distância ao solo, o City demonstra boa estabilidade, sem oscilações da carroceria em altas velocidades. Em velocidade de cruzeiro é um carro extremamente confortável, divertido de dirigir, o volante tem o peso ideal e é silencioso.
Nas curvas permanece firme. Dentro do seu tamanho, ele executa mudanças de direção com segurança, algo que a Honda sabe fazer bem. O volante, por sua vez, privilegia o conforto e apresenta resposta menos imediata. Os freios possuem sensibilidade precisa e realizam seu trabalho com eficiência.
EQUIPAMENTOS E INTERIORES
O Cidade Honda Possui interior bem acabado, mantendo o padrão de qualidade que a marca costuma oferecer. Os materiais utilizados apresentam boa montagem e encaixes precisos, sem falhas aparentes.
Cidade Honda
Foto: Luiz Forelli/Vrum
Apesar disso, o painel, o painel e a parte superior das portas são feitos de plástico rígido, o que pode decepcionar viúvas e viúvos do Civic. Mesmo assim, a área inferior do painel, do lado do passageiro, tem detalhe em tecido e acabamento em preto brilhante, dando um toque de sofisticação.
A principal novidade dessa linha é o freio de estacionamento eletrônico com função Brake Hold, diferencial muito bem recebido, principalmente porque o City é o único sedã compacto da categoria a oferecer esse recurso.
Cidade Honda
Foto: Luiz Forelli/Vrum
Outra adição é o carregador de celular por indução. Vale destacar os assentos, são bem acolchoados, confortáveis e oferecem ótima sustentação ao corpo.
O sistema multimídia, com tela de oito polegadas, também foi atualizado, embora as mudanças sejam sutis. Possui conectividade sem fio para Apple CarPlay e Android Auto, possui gráficos modernos e responde rapidamente aos comandos. Mesmo não oferecendo muitas funções adicionais, ele cumpre bem o seu propósito para o uso diário.
O ar condicionado varia dependendo da versão. Nesta configuração Touring é digital em duas zonas, enquanto na versão LX não é automático, e nas versões EX e EXL é digital, mas ainda em zona única.
O painel de instrumentos, com tela TFT de sete polegadas, é parcialmente digital, algo que já poderia ser a tela inteira. Porém, mesmo assim, a tela fica localizada na lateral esquerda, é intuitiva, rápida e exibe informações essenciais de forma prática.
O volante, com assistência elétrica progressiva, possui boa aderência e peso adequado, proporcionando conforto e controle nas diversas condições de uso. Por fim, o sistema de som tem qualidade apenas razoável, sem grandes destaques.
A cidade Honda oferece ainda o sistema LaneWatch, câmera posicionada no retrovisor externo direito que amplia a visão do ponto cego quando a seta é acionada. Porém, essa função pode incomodar muita gente porque a imagem da câmera aparece na multimídia, por isso ela pode ser desativada e ativada apenas quando o motorista preferir usar a seta.
Entre os equipamentos de série desta versão, o modelo conta com freios ABS, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em subidas, alerta de pressão dos pneus, câmera traseira com sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, faróis de LED, liga leve de 16 polegadas e face-a-face chave com ativação remota do motor. Além disso, o volante multifuncional possui ajuste de altura e profundidade.
A versão Touring também conta com o sistema Honda Sensing, presente a partir da opção EX (novidade incluída no facelift). Este pacote inclui controle de cruzeiro adaptativo Stop & Go, assistente de manutenção de faixa com centralização, aviso de colisão com frenagem automática e ajuste automático de farol alto. Vale ressaltar que a versão LX, voltada ao público PCD, não conta com Honda Sensing.
As opções de cores disponíveis para o Honda City são: Branco Tafetá Sólido, Branco Topázio Perolado, Prata Platina Metálico, Cinza Basalto Metálico, Preto Cristal Perolado e Azul Cósmico Metálico.
RESUMO DA ÓPERA
O Cidade Honda É um sedã compacto que preza pela confiabilidade, como é tradição da marca Honda. Seu consumo é impressionante, digno dos híbridos, aliado a um nível de conforto e requinte superior ao de seus concorrentes, tornando-o uma opção atraente no segmento.
O modelo se destaca ainda mais pelo generoso espaço interno, amplo porta-malas e pela gama de equipamentos que o tornam o mais completo de sua categoria. É eficiente, econômico, confortável e cumpre o que promete, mesmo que não chegue ao nível de sofisticação do Civic.
Apesar de todos os seus méritos, o Honda City chega ao preço de R$ 142,4 mil, valor considerável para a categoria. Porém, quando comparado a rivais como o Toyota Corolla GLi, que custa a partir de quase R$ 160 mil, ou o Volkswagen Virtus Highline, que custa R$ 145.990, mas deixa a desejar em acabamento e consumo, o City consegue se posicionar bem.
Equilibra tecnologia, economia e confiabilidade, fazendo jus ao que promete entregar. Para quem busca um sedã compacto, bem equipado, econômico e com os padrões de qualidade da Honda, o City é uma escolha certeira, ainda que não corra riscos em termos de motor turbo que poderia ser mais atrativo para perder algum consumo.
Ficha técnica |
Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16V, injeção direta, flex |
Potência: 126 cv a 6.200 rpm (E e G) |
Torque: 15,8/15,5 kgfm a 4.000 rpm (E e G) |
Transmissão: Automática, CVT, tração dianteira |
Acionamento: Elétrico |
Suspensão: Independente, McPherson (D); dependente do eixo de torção (T) |
Freios: Discos ventilados (dianteiro) e tambores (traseiro) |
Pneus: 185/55 R16 |
Tanque: 44 litros |
Porta-malas: 519 litros |
Peso: 1.135kg |
DIMENSÕES |
Comprimento: 4,55 metros |
Largura: 1,75m |
Altura: 1,48 m |
Distância entre eixos: 2,60 m |
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