caminhonete esportiva vai muito além do visual

O mercado brasileiro nunca teve uma picape média com proposta realmente esportiva. Existiram, em uma passado já um tanto distante, alguns modelos compactos, como Fiat Strada Sporting e Volkswagen Saveiro TSi. Agora, porém, há uma caminhonete de alta performance por aqui: a Ford Ranger Raptor. Assista ao vídeo e saiba tudo sobre o modelo:

A decoração externa sem cromados e com grade e adesivos específicos é agressiva, mas, até aqui, segue uma fórmula comum. Porém, as alterações vão além e, no mais, resultam de modificações mecânicas. O choque específico, por exemplo, aumenta o ângulo de ataque para 32°. Já a suspensão, elevada em 3,7cm, faz a altura em relação ao solo aumentar para 27,2cm e permite um ângulo central de 24°.

Já os faróis mantêm o formato de C que é característico da atual geração da Ranger e também da Ford Maverick, mas são exclusivos da versão Raptor, com iluminação em LED do tipo matrix (que ilumina em facho alto sem ofuscar os demais motoristas). Na traseira, além do emblema de identificação da versão, chama  a atenção as saídas duplas de escapamento. Ali, o ângulo de saída também aumentou e chega a 27°.

As rodas de 17 polegadas pintadas em preto, calçadas com pneus 285/70 exigiram a adoção de para-lamas dianteiros e traseiros específicos. Por isso, a Ford Ranger Raptor ganhou nada menos que 19,3cm a mais de largura em relação às demais versões. Quando se estaciona a picape em vagas paralelas, esse crescimento é facilmente percebido.

Mecânica de carro de rali

Sob o capô, mais alterações. Em vez de motor a diesel, há uma unidade 3.0 V6 a gasolina, sobrealimentada por dois turbos, que desenvolve nada menos que 397cv de potência e 59,4kgfm de torque. O câmbio é automático de 10 marchas, com relações e programação específicas para a Ford Ranger Raptor. 

As suspensões também foram radicalmente modificadas. A arquitetura se manteve, com braços triangulares na dianteira e eixo rígido na traseira, mas tudo foi reprojetado, com direito à utilização de componentes em alumínio. No eixo posterior, as molas semielípticas deram lugar às helicoidais. O curso cresceu 256mm na dianteira e 290mm na traseira, para melhorar o desempenho off-road. Já as bitolas ficaram 9cm mais largas.

O destaque do sistema de suspensão, contudo, fica por conta dos amortecedores da marca Fox, com rigidez eletronicamente variável. Eles processam dados sobre o terreno 500 vezes por segundo de modo a oferecer o comportamento dinâmico mais adequado possível a cada tipo de situação. A caixa de direção, que mantém assistência elétrica, é outro componente específico. 

A Ford modificou até o tanque de combustível e o chassi, com objetivo de aumentar a resistência.  Por fim, freios com discos ventilados nas quatro rodas, essenciais em um veículo de alto desempenho com nada menos que 2.415kg de peso, completam o pacote de alterações – e funcionam muito bem. Não é por acaso, portanto, que a Ford Ranger Raptor só é produzida na Tailândia, de onde é exportada para o restante do planeta.

Muita eletrônica

As programações eletrônicas permitem uma série de ajustes e combinações ao motorista. São três modos para a direção – Normal, Conforto e Sport – e quatro para a suspensão – Normal, Conforto, Sport e off-road. Essas opções se somam a sete programas de condução: Normal, Esportivo, Escorregadio, Lama e Terra, Areia, Baja e Rock Crawl.

É possível configurar até a intensidade do som do escapamento, entre os modos silencioso, normal, esporte e Baja: esse último, de tão alto, só é aconselhável em uso off-road, de acordo com o fabricante.  Já a tração 4×4 com reduzida pode funcionar em modo permanente, com distribuição de força entre os dois eixos. Contudo, se o motorista quiser, pode manter a tração somente no eixo traseiro. Os diferenciais dianteiro e traseiro são blocantes.

Dirigibilidade

Ao volante, o que impressiona na Ford Ranger Raptor é como ela consegue oferecer ótima dirigibilidade nos mais variados tipos de situações. Na cidade, se o motorista andar tranquilo, a suspensão, em conjunto com os pneus de perfil alto, é extremamente confortável para uma picape. É possível ignorar quebra-molas e outros obstáculos sem que nada aconteça: a suspensão sequer chega ao batente.

Ao mesmo tempo, se o motorista acelerar, logo perceberá que a estabilidade da Ford Ranger Raptor é muito boa. É verdade que a aptidão para fazer curvas não chega a se equiparar à de carro esportivo mais baixo, mas para uma picape, a dinâmica chega a surpreender.

Além disso, as acelerações são fortes e fazem os ocupantes ficarem colados nos bancos. Se o motorista não se policiar, atinge velocidades bem acima dos limites muito rapidamente. O câmbio automático de 10 marchas atua com muita precisão e eficiência, fazendo trocas nos momentos certos; porém, se o condutor quiser, pode operar a caixa sequencialmente, por meio de paddle-shifts. Em uma tocada tranquila, a programação nervosa dá lugar a trocas muito suaves. 

Cabe ressaltar, no entanto, que o habitat natural da Ford Ranger Raptor é mesmo em estradas de terra. Fora do asfalto, o comportamento da suspensão e o alto desempenho do motor fazem o motorista se sentir um piloto de rali. A eletrônica faz a caminhonete permanecer “na mão” mesmo durante fortes abusos. Em qualquer situação, direção, suspensão, câmbio e freios sempre parecem se entender perfeitamente para entregar ótima dirigibilidade. 

A cereja do bolo é que a Ford Ranger Raptor pode dar saltos sem riscos de danos. Nessas situações, como nas demais, os amortecedores logo atuam e se enrijecem para o impacto. O VRUM submeteu a picape a esse tipo de obstáculo, com resultado impressionante. A sensação para quem está a bordo foi de “aterrissagem” surpreendentemente suave, sem qualquer tipo de esbarrão contra o solo.

Consumo da Ford Ranger Raptor

Nas mãos do VRUM, consumo foi, logicamente, sempre elevado. As médias foram de 6km/l na cidade e de 7,7km/l na estrada, mas podem ser bem menores caso o motorista se empolgue demais com as prontas respostas da picape ao acelerador. 

Interior da Ford Ranger Raptor

A Ford Ranger é a referência do segmento quando o assunto é acabamento, e a versão Raptor é ainda mais caprichada. Há alguns plásticos duros a bordo, é verdade, mas o painel e quatro portas exibem superfícies emborrachadas e acolchoadas. A versão esportiva traz apliques em laranja nos bancos, nos difusores de ar e no volante que, por sinal, tem excelente pegada, duplo ajuste e até marcação no ponto de alinhamento central, um detalhe típico de carro de rali.

Os bancos são esportivos, com abas largas, para segurar o corpo em curvas. Ao mesmo tempo, são muito confortáveis e apoiam bem as coxas e a coluna. Tanto o do motorista quanto o do passageiro são elétricos. Há vários porta-objetos entre os assentos dianteiros, além de entradas USB. O quadro de instrumentos com tela digital configurável de 12,4 polegadas é bastante completo e legível.

No banco traseiro, segue o banco com assento muito baixo, que deixa os ocupantes em posição desconfortável: trata-se de um mal típico de picapes construídas sobre chassi. Além disso, o ressalto muito elevado no assoalho desfavorece ainda mais o ocupante central. Ao menos, ali há saídas de ar dedicadas, entradas USB dos tipos A e C e tomada.

Caçamba da Ford Ranger Raptor

A caçamba da versão Raptor é igual à do restante da gama da Ford Ranger, com 1.232 litros de volume. Entretanto, a capacidade de carga é bem menor, de apenas 715 kg. Tudo bem, já que a proposta dessa picape esportiva não é o trabalho pesado. Os mais atentos percebem que não há sequer os degraus laterais de acesso, como nas demais configurações. A capacidade de reboque, no entanto, é de bons 2.240kg.

No mais, o compartimento tem tampa com trava elétrica, iluminação, tomadas e protetor, mas fica devendo a capota marítima. Esse item é vendido como acessório, sendo que o fabricante oferece até uma opção de capota com acionamento  elétrico. De qualquer modo, em uma caminhonete tão sofisticada, tal equipamento deveria vir de fábrica. 

Conectividade

A central multimídia da Ranger Raptor, que a Ford chama de Sync 4, temm tela de 12,4 polegadas em posição vertical. O aparelho incorpora Bluetooth, comandos de voz em português, conectividade Android Auto e Apple Car Play sem fio e navegador GPS integrado. Há ainda sistema de som Premium da marca Bang & Olufsen com 8 alto falantes, carregador de celular por indução e câmera com visão em 360º.

Também faz parte do pacote a conectividade com o app FordPass, que permite dar a partida remota no motor, ver a localização do veículo e travar e destravar as portas, entre outras funções, por meio do smartphone do proprietário. 

Equipamentos da Ford Ranger Raptor

A versão Raptor da Ford Ranger é vendida em pacote único de equipamentos, sem opcionais. Nenhuma das cinco opções de cores disponíveis (preto, branco, cinza, laranja e azul) tem custo extra.

• EQUIPAMENTOS DE SÉRIE*: Sete airbags (frontais, laterais, cortinas e joelho para o motorista), pacote ADAS com alertas de colisão e de trafego cruzado em marcha ré, frenagem autônoma com detecção de pedestres (inclusive em marcha ré), frenagem pós-colisão, assistentes de partida em rampas e de permanência e centralização em faixa, alto automático inteligente, monitoramento de ponto-cego e controlador de velocidade adaptativo com função anda-e-para, sistema de estacionamento automático, limpadores de para brisa e faróis com acendimento automático, sensores de estacionamento dianteiros e traseiro, bancos dianteiros com ajustes elétricos, quadro de instrumentos digital com tela, de 12,4 polegadas.
• OPCIONAIS: Não há.

*As unidades da Ranger Raptor que a Ford traz ao Brasil atualmente têm o assistente de reboque Pro-Trailer, mas o veículo testado, ainda do primeiro lote, não trazia esse item.

Quanto custa a Ford Ranger Raptor?

O preço da Ford Ranger Raptor é de R$ 466.500. O fabricante oferece garantia de 5 anos sem limite de quilometragem. 

Veredito

Um veículo que custa quase meio milhão de Reais passa muito longe de se enquadrar como compra racional. Assim, a Ford Ranger Raptor é um “brinquedão”, que consegue unir características de picape, esportivo e jipe off-road. É uma proposta única e extravagante, capaz de oferecer altas doses de diversão para quem estiver ao volante. 

No fim das contas, quem tem meio milhão sobrando e pretende torrá-lo com a compra de uma caminhonete, ficará muito bem-servido com a Ford Ranger Raptor. Trata-se de um veículo que agrada em cheio a quem aprecia uma direção afiada e rápida. De quebra, o consumidor endinheirado leva para casa uma picape menor e mais discreta que Ford F-150, Ram 1500 e Chevrolet Silverado, cujo porte exagerado chega a ser um estorvo em grandes cidades. 

 Ficha técnica da Ford Ranger Raptor 2024

Dados do fabricante; * Aferição do VRUM

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