Depois do golpe dos EUA, que elevou para 100% o imposto de importação de veículos elétricos (VE) de origem chinesa, a União Europeia seguiu caminho semelhante. No entanto, o bloco de 27 países (sem incluir Grã-Bretanha e Noruega) foi mais seletivo, segundo a Associated Press (AP). A sobretaxa, além dos 10% já aplicados aos carros elétricos de qualquer origem, é diferenciada por marca, o que é incomum no comércio internacional.
A tributação adicional ascende a 17,4% para os modelos da BYD, 20% para os da Geely e 38,1% para os produtos da estatal chinesa SAIC, sendo os dois primeiros de capital misto. A justificativa foi defender os produtores da região das importações predatórias. A Associação dos Fabricantes de Automóveis Europeus (ACEA) apoiou a decisão e a Anfavea manifestou solidariedade em comunicado oficial.
O governo chinês contra-atacou, classificando o ato como “protecionista, destrutivo da concorrência leal e que tomaria todas as medidas necessárias”. Uma reacção exagerada para um país que subsidia fortemente as suas exportações, muitas vezes indirectamente, como a construção em estaleiros estatais de grandes navios ro-ro para transporte intercontinental de veículos.
Segundo a AP, acredita-se que o governo alemão tentará aliviar possíveis sanções às exportações de marcas alemãs para a China e para tal poderá sugerir tarifas mais brandas para os carros elétricos chineses na Europa, além de apoiar a instalação de fábricas chinesas em o continente europeu.
A Stellantis, que não faz parte da Acea, afirma que tarifas mais altas para carros elétricos não terão efeito no longo prazo.
Pesquisa destaca dificuldades no crescimento dos carros elétricos
Este “ruído” sobre o confronto entre países tem o potencial de reduzir o interesse nos carros eléctricos (VE). As dificuldades continuam devido ao seu preço ainda elevado, autonomia limitada principalmente em viagens longas, rede de recarga de bateria que não acompanha o ritmo de vendas, entre outros.
A prestigiada consultora McKinsey revelou recentemente um inquérito a 30.000 proprietários de veículos eléctricos e de combustão em 15 países. Nos EUA, 40% dos proprietários de VE pretendem regressar aos carros com motores de combustão na sua próxima compra; noutros países, a percentagem foi quase a mesma (39%). Isto não é um bom sinal, embora as opiniões possam mudar.
Outros 21% não têm planos de comprar um carro elétrico, enquanto 38% estão a considerar comprar um VE ou híbrido plug-in e 41% pretendem comprar um VE. Esses resultados refletem certa insegurança entre os compradores. Para a consultoria, o cenário indica que a indústria também deve continuar atenta aos híbridos plug-in como alternativa nos próximos anos.
Em países de renda média, como o Brasil, existe a convicção de que os micro-híbridos e os híbridos completos com motores flex-fuel são soluções mais viáveis pelo menos até 2035.
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