A Fiat domina há anos os segmentos de caminhões compactos e médios com Strada e Toro, respectivamente, mas demorou para ter um modelo médio: só entrou nessa categoria em março passado, com o Titano. Será que esse novo produto tem força para enfrentar concorrentes como Chevrolet S10, Ford Ranger e Toyota Hilux? Assista o vídeo!
Primeiramente, vale esclarecer que o Fiat Titano é baseado no Peugeot Landtrek, cujo design, por sua vez, deriva da picape chinesa Changan Kaicene F70. Os dois primeiros, inclusive, são produzidos na mesma fábrica, no Uruguai, e têm design praticamente idêntico: só se diferenciam pelo formato da grade frontal. O visual é harmonioso, mas um tanto genérico, longe da personalidade da picape Toro.
Na versão intermediária Volcano, avaliada pelo VRUM, o Fiat Titano traz rodas de liga leve de 17 polegadas, mas os faróis (principal e de neblina) e lanternas traseiras possuem iluminação halógena. Até agora tudo bem. O que perdura mesmo é a ausência de degraus laterais, exclusivos do Rancho top de linha. Sem eles, entrar e sair da picape torna-se muito incômodo: para os idosos, essa tarefa pode ser desafiadora.
Por dentro do Fiat Titano
Uma vez instalado dentro do Fiat Titano, os ocupantes desfrutam de boas acomodações. Para o motorista, há coluna de direção com ajustes de altura e distância, além de volante com boa aderência e assento ergonômico. A instrumentação no painel é completa, com velocímetro e conta-rotações analógicos e uma tela colorida de 4,2 polegadas mostra ainda o nível do aditivo à base de uréia para o motor diesel (Arla 32).
No banco traseiro há difusores de ar dedicados, além de porta USB, apoio de braço central e até gancho retrátil para pendurar malas e bolsas. Mas os passageiros da segunda fila sofrem com problemas típicos das picapes construídas sobre chassi, como o banco muito baixo, que deixa os bancos sem apoio, e o encosto vertical. Pelo menos o espaço para as pernas é razoável e a cabine é larga o suficiente para que três adultos caibam sem sofrimento.
Onde a picape deixa a desejar é no acabamento, que é todo de plástico. É verdade que a maioria dos caminhões do segmento também utiliza esse tipo de material, mas pelo menos os concorrentes costumam ter algum elemento para disfarçar sua simplicidade, como uma faixa emborrachada no painel ou algum aplique metálico. No Fiat Titano Volcano não há vestígios de requinte. A única coisa que merece destaque é a presença de apoios de braços estofados nas quatro portas.
Conectividade
A central multimídia do Fiat Titano é típica dos veículos Peugeot e Citroën, com tela bem horizontal de 10 polegadas. Há conexão sem fio para espelhamento de celulares AndroidAuto e Apple CarPlay e reconhecimento de comandos de voz. O sistema ainda possui um disco rígido interno de 10 GB. O manuseio é intuitivo, mas o equipamento se mostrou lento em algumas situações.
Equipamentos do Vulcão Fiat Titano 2025
POR GRAU |
Seis airbags (dianteiros, laterais e de cortina), controle de estabilidade e tração, bancos revestidos em material semelhante ao couro, banco do motorista com altura regulável, ar condicionado digital com porta-luvas refrigerado, rodas de liga leve de 17 polegadas, controlador de velocidade, bloqueio do diferencial traseiro , limitador e controlador de velocidade de cruzeiro, controlador de velocidade em descidas, assistente de partida em subidas, central multimídia com tela de 10 polegadas, conectividade sem fio às plataformas Apple CarPlay e Android Auto e Bluetooth, sensores de ré, câmera de ré e câmera 90º à direita do motorista, faróis de neblina , volante multifuncional revestido em couro com ajuste de altura e distância, travas, retrovisores e vidros elétricos (mas sem sistema one-touch para subir e descer). |
OPÇÕES | Pintura metálica (R$ 2.490). |
Ao volante
O motor do Fiat Titano é um 2.2 turbodiesel, da família BlueHDi, da Peugeot. Na versão Volcano, ele é combinado com câmbio automático de seis marchas e desenvolve 180 cv de potência e 40,8 kgfm de torque. Esses números estão entre os mais baixos da categoria, mas o fato é que proporcionam desempenho adequado à proposta.
A picape não impressiona em corridas de arrancada, porém, nem deixa a desejar. Nas rodovias, o Fiat Titano consegue sustentar velocidades em torno de 120 km/h sem dificuldade, mesmo em subidas, e proporciona segurança nas ultrapassagens. O que incomoda na hora de acelerar é o barulho do motor, que invade a cabine com vontade: o isolamento acústico é ruim, mesmo para uma picape a diesel.
O casamento entre motor e câmbio também não é dos melhores: o comando eletrônico “segura” bastante as marchas, demorando para fazer mudanças em determinadas situações. E, caso o motorista queira acionar a caixa sequencialmente, ele precisa dar um tapinha na alavanca, já que não há borboletas no volante. Um elogio é o efeito do freio motor nas descidas. E também os três programas de condução, Normal, Eco e Sport, que são muito perceptíveis nas mudanças de marcha.
A configuração da suspensão é um ponto fraco
No entanto, o maior ponto fraco no manuseio é a configuração da suspensão. O conjunto não filtra bem as imperfeições do solo e, mesmo em estradas asfaltadas, os ocupantes sentem cada desnível do pavimento. Mesmo que o conforto ao dirigir não seja o destaque das picapes, todos os concorrentes do Fiat Titano têm uma condução mais suave.
Em estradas de terra, logicamente, o desconforto aumenta: nesse tipo de situação, a coluna de direção também transmite impactos para as mãos do motorista. Porém, a altura em relação ao solo, de generosos 23,5cm, mantém a picape livre de esbarrar em obstáculos. É claro que não falta tração 4×4 com marcha reduzida, que funcionou bem em subidas íngremes e em trechos de terra fofa.
Titano Volcano possui rodas de liga leve de 17 polegadas, mas não vem com grade de assento ou degraus laterais
Foto: Jorge Lopes/EM/DAPress
Pelo menos a estabilidade, para um caminhão médio, é boa. O Fiat Titano é firme nas curvas, mesmo em velocidades mais altas. Não que isso justifique um ajuste de suspensão tão duro, mas é uma compensação. E os freios, mesmo utilizando tambores na traseira, em vez de discos, demonstraram eficiência durante a avaliação. A picape não assusta na hora de frear e o pedal tem boa modulação.
Consumo do Fiat Titano
Em termos de consumo, o Fiat Titano se saiu bem: as medições do VRUM apontaram médias de 9,0 km/l na cidade e 10,7 km/l na rodovia. São números melhores que os divulgados pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro e adequados para uma picape de médio porte movida a diesel.
Balde
No balde, o Fiat Titano está no mesmo nível dos rivais. A capacidade de carga é de 1.020kg e a capacidade de reboque é de 3,5 toneladas. A caçamba tem volume de 1.211 litros com protetor ou 1.314 litros sem protetor. Vale ressaltar que o sistema de suspensão utiliza eixo rígido e molas semi-elípticas na traseira, solução típica de picapes, que suporta bem pesos maiores.
A capacidade de carga do Fiat Titano é de 1.020kg
Foto: Jorge Lopes/EM/DAPress
O compartimento de carga possui iluminação, tomada 12V, protetor e capota marítima. Uma coisa a reclamar é a tampa sem sistema de alívio de peso (é bastante pesada) e sem fechadura elétrica: para trancá-la é preciso girar a chave na fechadura, como nos veículos do século passado.
Vale a pena?
Por outro lado, o Fiat Titano tem um trunfo para se destacar neste segmento tão competitivo: o preço, que, na versão Volcano, é de R$ 239.990. Não que seja pouco, mas o fato é que esse valor está abaixo do que é cobrado nas versões intermediárias de outras picapes médias. Alguns dos concorrentes chegam perto de R$ 300 mil com pacote de equipamentos semelhante. E apelar para a carteira é sempre um forte argumento para atrair compradores.
Ficha técnica do Fiat Titano Vulcão 2025
MOTOR | Dianteiro, longitudinal, quatro cilindros em linha, com pistões de 85mm de diâmetro e 96mm de curso, cilindrada de 2.179cm³, 16 válvulas, com injeção direta e sobrealimentação por turboalimentador de geometria variável, diesel |
PODER | 180 cv a 3.750 rpm |
TORQUE | 40,8 kgfm a 2.000 rpm |
TRANSMISSÃO | Tração traseira, com opções 4×4 e reduzida, e câmbio automático de 6 marchas |
SUSPENSÃO | Dianteiro, independente, com braços oscilantes e barra estabilizadora; e traseira com eixo rígido fixo e molas semi-elípticas |
RODAS/PNEUS | 17 polegadas (liga leve)/265/65 R17 |
DIREÇÃO | Tipo cremalheira e pinhão, com assistência hidráulica |
FREIOS | Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS |
CAPACIDADES | Tanque, 80 litros; capacidade de carga (passageiros e carga), 1.020 quilos; reboque (com freio), 3.500 quilos |
DIMENSÕES | Comprimento, 5,33m; largura, 1,96m; altura, 1,90m; distância entre eixos, 3,18 m |
MEDIÇÕES FORA DE ESTRADA | Altura em relação ao solo, 23,5cm; ângulo de entrada, 29°; ângulo de saída, 27° |
BALDE | Volume, 1.220 litros |
PESO | 2.097 quilos |
CONSUMO* | Cidade: 8,6 km/l Estrada: 9,3 km/l |
Dados do fabricante; *Dados PBEV do Inmetro
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