Com o mercado automobilístico fechado às importações entre 1976 e 1990, o Brasil era um foco de projetos prontos para uso. Naquela época, os pequenos fabricantes produziam modelos artesanais com características que as quatro marcas que atuam aqui (Fiat, Ford, Chevrolet e Volkswagen) não entregavam, seja pelo luxo ou pela esportividade. Uma dessas tentativas atende pelo curioso nome de Aldee, que contrasta com a marca alemã Audi.
Nosso Aldee GT 1.8 foi apresentado em 1987 durante o Off-Series Vehicle Show. Seu visual era bem atual, um cupê de linhas retas e esportivas e três volumes bem definidos. Com a dianteira “subindo” gradativamente até a linha dos ombros, que permanecia elevada na traseira, o veículo devia ter um bom coeficiente aerodinâmico.
A frente tem um toque Alfa Romeo. O conjunto óptico e a grade ocupam uma pequena área no painel frontal, mas seu efeito visual esbanja personalidade. Mas o Aldee GT esconde faróis retráteis icônicos sob o capô. O para-choque projeta nas laterais um friso que envolverá todo o veículo, contando também com faróis de neblina.
A área de vidro é grande. Teto solar elétrico, rodas exclusivas de 14 polegadas e escapamento duplo completam a sofisticação e esportividade do Aldee GT, certamente um dos sedãs mais interessantes da época. Na traseira, os faróis foram unidos por um elemento escurecido. O interior tinha painel de instrumentos digital e espelhos retrovisores ajustáveis eletricamente. O porta-malas de 340 litros não era ruim.
Aldee GT usou plataforma e mecânica Gol GTS
O Aldee GT foi construído na plataforma Volkswagen Gol e tinha carroceria de fibra de vidro. Inicialmente, o motor escolhido foi o AP 1.8 utilizado no recém-lançado Gol GTS (aqui temos uma matéria com as diferenças entre o Gol GTi e o GTS), com dupla carburação, rendendo (oficialmente) 99 cv de potência e 14,9 kgfm de torque no motor a álcool. A transmissão era manual de 5 velocidades.
Como o veículo pesava apenas 927 quilos, o desempenho do Aldee foi bom. Em 1988, no Salão do Automóvel, o cupê já vinha equipado com o motor AP 2.0 com injeção eletrônica, aumentando a potência para 120 cv e 18,3 kgfm de torque, melhorando ainda mais seu desempenho.
O Aldee GT é “assinado” pelo motociclista Almir Donato, e o nome do modelo é a sigla de “Almir Donato Equipamentos Esportivos”. A empresa começou a fabricar acessórios em 1983, transformando picapes em cabine dupla, além de projetar pequenas motocicletas. O veículo foi produzido pela Metalúrgica Demoral, de São Paulo.
Até 1990, apenas 16 unidades Aldee GT foram fabricadas. A partir daquele ano, a abertura do mercado automotivo brasileiro acabou com todos os veículos fora de produção brasileiros. O design deste cupê deu origem a uma carreira duradoura e de sucesso nas pistas do Brasil, mas isso é outra história.
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