A juíza da audiência de custódia de Igor Ferreira Sauceda, que conduzia o Porsche amarelo que colidiu e matou o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos, na madrugada desta segunda-feira, afirma na decisão em que decretou a prisão preventiva do empresário que “as imagens são nítidas” e demonstram que “utilizou o veículo como uma verdadeira arma”. O advogado de Sauceda classifica o acidente como uma “fatalidade”.
No documento, a juíza Vivian Brenner de Oliveira refuta argumentos utilizados pela defesa do empresário, como o fato de o teste do bafômetro ter dado negativo e ele ter permanecido no local, sem resistir à prisão. Segundo ela, “não basta tirar a gravidade de sua conduta”.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Edilson Correia de Lima, da 48ª DP, Sauceda teve um “ataque de raiva” contra Kaique, dirigindo em alta velocidade em sua direção. Portanto, o crime foi classificado como homicídio doloso, quando há dolo ou se presume o risco de matar, com pena de seis a 20 anos de reclusão. “O auto de prisão em flagrante está formalmente regularizado, não havendo nulidades ou irregularidades a serem declaradas ou sanadas”, afirma o juiz na decisão.
Câmeras de segurança filmaram parte do incidente, com o Porsche perseguindo o motociclista em alta velocidade. Kaique foi resgatado com vida, mas morreu poucas horas depois no hospital. A Polícia Civil aguarda a conclusão dos laudos periciais para concluir a investigação. Depois, o empresário vai a julgamento.
“Ressalte-se que a vida é o bem mais precioso do ordenamento jurídico, de modo que quem se dispõe a tirá-la ou demonstra tanto desprezo a ponto de acreditar que a vida equivale a um ínfimo bem material, como no caso do questão, não pode permanecer em liberdade sob pena de grave prejuízo à ordem pública”, destacou o juiz na decisão que manteve Sauceda na prisão.
Perseguição
O empresário, porém, seria reincidente em episódios de violência no trânsito. Um vídeo que circulou ontem nas redes sociais mostra que uma semana antes do acidente que matou Kaique, Sauceda havia usado seu Porsche para perseguir e ameaçar uma família de empresários com quem dividia bar.
O episódio aconteceu no dia 20 de julho, na Avenida das Nações Unidas, sentido Avenida Interlagos —onde ocorreu o acidente em que o motociclista morreu. Sauceda teria perseguido o Honda City, onde viajavam Cleusa Silva de Souza e o marido, Erinaldo Joaquim dos Santos. A filmagem foi feita pela filha do casal, Beatriz, que do banco de trás narra o que estava acontecendo.
“Eles voltaram no nosso caminho para nos provocar. Não é mais o caminho da casa deles. Na frente, o Porsche. Passando por nós, já que a casa deles fica em outro local”, registra Beatriz.
O empresário de 27 anos foi acusado de homicídio doloso com possível dolo por motivo fútil. Para os investigadores, Sauceda correu o risco de atingir Kaique pelas costas, derrubando-o e matando-o após uma disputa de trânsito.
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