Gina Lapertosa, mineira de 62 anos, nascida em Belo Horizonte, está entre as 20 finalistas da categoria Master (60-64 anos), no CrossFit Games, considerado um dos maiores eventos mundiais do esporte. O campeonato acontece entre 29 de agosto e 1º de setembro em Birmingham, Alabama, Estados Unidos.
“Não estou ansioso. Resolvi me desafiar para entrar em campeonatos, mas não assim. As coisas foram acontecendo para que eu aproveitasse o momento. Estou tranquilo e fazendo o possível para dar o meu melhor. Agora, quando Chego lá e recebo meu kit, minhas pernas vão começar a tremer”, brinca.
Gina é professora aposentada de educação infantil e compartilha a rotina de uma atleta com mais de 770 mil seguidores. Depois de ter começado despretensiosamente no box de CrossFit, aos 55 anos, a mineira conta que depois de se aposentar nunca mais pensou em parar, mas gostaria de preencher o tempo e gastar energia.
Assim, o CrossFit apareceu na vida dela e depois veio a pandemia. “O isolamento mostrou o quanto o esporte é importante. Improvisei um bar de jardinagem, com galões vazios de produtos de limpeza, que enchi de água para poder me agachar no quintal. Além disso, ele pulou corda e correu. Quando meu box começou a treinar ao ar livre, na praça, ainda de máscara, fui o primeiro a me inscrever para voltar”, lembra o atleta.
Incentivo na infância
Apesar de ter começado “tarde” na opinião de alguns, Gina começou na frente porque desde criança foi incentivada pelos pais a fazer atividades físicas. Nem mesmo o acidente de moto que sofreu em 2015, quando teve uma fratura exposta no pé, conseguiu deter a aposentada. “Sempre gostei muito de esportes. Meus pais me envolveram em muitas coisas. Joguei vôlei na juventude, pratiquei natação. O esporte sempre esteve na minha vida. Minha filha fez uma aula experimental de CrossFit e disse que adoraria. .”
Ela reconhece que, apesar do bom condicionamento, não entendia bem o que era CrossFit. “Na minha cabeça era o que todo mundo pensa. Uma atividade pesada, com muita carga. Mas comecei a treinar com PVC. Progredi dentro das minhas condições e, quando vi, já estava fazendo coisas que achava que não conseguiria, como LPO (levantamento de peso olímpico) e Double Under (duplo salto na corda)”.
Concorrência
Gina Lapertosa, tem 62 anos
Marco Guerra/Divulgação
Sete anos separam a dificuldade inicial na execução de alguns movimentos às vésperas da viagem do CrossFit Games, mas o caminho para o campeonato é recente. A ideia foi do treinador que acompanha o aluno no box de CrossFit. Com o incentivo, as inscrições foram feitas em fevereiro deste ano.
Todas as etapas até a final foram online. Em todas as etapas o atleta deverá enviar vídeos realizando os treinos solicitados pela organização do evento em caixa credenciada. Na primeira etapa (Open), Gina ficou na 43ª colocação, competindo com 2.506 atletas. Nas quartas de final ficou em 5º lugar, ao lado de 403 candidatos e nas semifinais ocupou a 9ª posição, contra 167 candidatos.
Influência nas redes sociais
Em menos de um mês, Gina conquistou mais de 100 mil seguidores. Hoje, o perfil seguido por mais de 770 mil usuários chamou a atenção das marcas e levou à influência da atividade física na longevidade e na qualidade de vida. A princípio, o atleta criticou a profissão de influenciadora. Mas ela começou a reconhecer o poder de inspirar outras pessoas de forma positiva nas interações na própria rede social.
“As pessoas pediram para postar. Encontrei aquelas pessoas que iam para academia e pedia para outras pessoas filmarem para não gostar. Gostei de ir, conversar com as pessoas, fazer meu treino e sair. Aí fui na nutricionista que disse que eu ia influenciar as pessoas pela sua determinação e disciplina nessa idade”, afirma.
Entre os depoimentos que ela já recebeu de seus seguidores, vários disseram que começaram o CrossFit por influência dela. “Hoje meu perfil é mostrar às pessoas acima de 50 anos que a vida é plena, que devemos continuar com nossos sonhos, que devemos fazer atividade física e nos alimentar bem. O influenciador vem com esse objetivo, mostrar que somos mais capazes do que podemos. Agora não é hora de descansar, é hora de aproveitar mais a vida, você tem mais tempo, se conhece melhor, o que quer e o que não gosta”, destaca.
Na reta final do campeonato, a competidora com mais de 60 anos diz que evita criar expectativas, mas se prepara para entregar o melhor que pode. Para isso, uma rotina de até 4 horas de treino por dia foi combinada com uma dieta específica. Ela garante que os maiores benefícios de se dedicar à atividade física são a longo prazo, conselho que compartilha diariamente com seus seguidores.
“Quero ter autonomia até os meus últimos anos. Carregando meus netos, viajando. Como você não sabe quantos anos viverá, prepare-se para os anos que virão. No meu perfil muitas pessoas falam sobre assuntos relacionados à saúde mental e autoestima. Meu conselho é sempre começar a se mover. Levantar 70 kg, como faço no CrossFit, ajuda você a se concentrar na força do agora. Só de atingir o pico do esforço, o corpo libera substâncias de alegria, satisfação, melhorando todos os aspectos da vida. Não tem como sair do mesmo jeito que você entrou”, orienta.
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