Após o acidente com o avião de passageiros turboélice ATR-72 em Vinhedo-SP, a empresa proprietária da aeronave, a Voepass, entrou no centro de diversas frentes de investigação. A Polícia Federal abriu investigação para avaliar as causas do acidente. O objetivo da investigação é avaliar a responsabilidade pela tragédia e, caso seja identificada alguma irregularidade, processar os responsáveis. Por outro lado, a Secretaria Nacional do Consumidor, do Ministério da Justiça, passou a monitorar para avaliar como está o atendimento aos familiares das 62 vítimas que morreram na queda da aeronave.
Além disso, o promotor Marcus Vinícius Gonçalves, do Ministério Público do Trabalho (MPT), determinou a abertura de inquérito para avaliar as condições de trabalho dos tripulantes, principalmente dos funcionários que estavam no voo que caiu em Vinhedo. Na petição, o Ministério Público afirma que “é evidente a lesão aos direitos sociais indisponíveis ligados à segurança no ambiente de trabalho” e que o órgão deve “verificar a extensão dos fatos relatados, determinar as responsabilidades cabíveis e adotar medidas que contribuam para prevenir novos acidentes como o agora investigado”.
Ele também solicitou informações já coletadas pela Polícia Federal e pela Força Aérea Brasileira (FAB), que atua por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Em junho, em audiência pública realizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em Brasília, um piloto da empresa relatou “cansaço”, longas viagens para o trabalho e ligações fora do expediente da Voepass. O relato é do piloto Luís Cláudio de Almeida, que não estava no avião que caiu.
“A empresa às vezes me chama para pegar um voo: ‘Vamos, tanto faz’. […] Quando você acorda, você tem oito ligações no seu dia de folga. Eu estava de folga e tive que desligar o celular.” O piloto afirmou que o cansaço gerava risco de acidente, devido ao esgotamento físico.
“Então, não tenham na cabeça, nem na da diretoria da Anac, o conceito de crime, nem o conceito de cansaço. Não quero que você durma amanhã e diga: ‘a culpa foi minha’. Peço que isso seja revisto para que não tenhamos nosso nome no Mayday e não tenhamos um desastre aéreo por cansaço. Ouça, quando estiver cansado e lembre-se do nosso cansaço. Porque os aeronautas merecem”, declarou.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, o diretor de operações da companhia aérea Voepass, Marcel Moura, afirmou que o avião que caiu havia passado por manutenção na noite anterior e operava sem restrições técnicas. “A aeronave passou por manutenção ontem à noite e saiu sem nenhum tipo de problema técnico que impedisse sua navegabilidade”, disse. Marcel não descartou que o acúmulo de gelo nas asas tenha dificultado o voo. Ele disse que a aeronave tem “sensibilidade” ao acúmulo de gelo, pois opera em altitudes mais baixas. Procurada, a Voepass não respondeu às denúncias de excesso de trabalho feitas na reunião com a Anac em junho.
Sem sinal
Segundo a FAB, até as 13h20 do dia do acidente, o avião seguia sua trajetória normal. Às 13h21, segundo dados oficiais, o piloto deixou de responder à chamada do controle de voo. Um minuto depois, a aeronave desapareceu do radar, provavelmente por ter atingido o solo. Não houve nenhum aviso de emergência ou chamada informando algum problema a bordo. Imagens tiradas pelos moradores revelam que a queda ocorreu em movimento de parafuso. Também é possível ouvir um ruído semelhante ao de um helicóptero em voo, o que pode indicar que os motores estão funcionando durante a descida.
O relatório preliminar do Cenipa com os motivos da queda deve ficar pronto em até 30 dias. O objetivo do documento é identificar as causas, sem fins de investigação criminal. No entanto, as informações recolhidas podem apoiar outras medidas e ações legais, incluindo reparações para as famílias dos mortos. A Anac informou que o avião estava apto para operar, transportando passageiros e que possuía certificados de registro e aeronavegabilidade válidos.
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