Do Amapá a São Paulo, do Piauí ao Mato Grosso, o Brasil arde em chamas. Entre os seis biomas brasileiros, apenas o Pampa registra menor número de queimadas em relação aos primeiros oito meses do ano passado. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a situação mais dramática está na Amazônia, com 45,7 mil focos de incêndio —um aumento de 76% em relação aos primeiros oito meses de 2023. No Cerrado, são 31 mil focos, comparado para 22.500 no ano passado – um aumento de 37%.
Em termos percentuais, porém, o segundo bioma mais afetado pelas queimadas é a Mata Atlântica, com aumento de 75% no número de queimadas em relação a 2023. Até quinta-feira, o bioma registrou 9,4 mil pontos de incêndio, ante 5,3 mil registrados entre janeiro. e agosto de 2023. No Pantanal, o aumento é de impressionantes 2.113%, passando de 379 (2023) para 8.300 (2024) focos no período entre 1º de janeiro e 22 de agosto.
O estado de São Paulo tem 36 cidades em alerta máximo para incêndios, conforme informou ontem o governo do estado. Destes, 17 continuam com surtos ativos. Os incêndios não respeitam fronteiras, atingem indiscriminadamente florestas, áreas de proteção ambiental, reservas indígenas, matas ciliares, nascentes, grandes e pequenas propriedades rurais. Ameaçam cidades e comunidades, colocam em risco os condutores nas estradas e cobrem o país com uma densa camada de fumo na atmosfera.
Seja em Manaus ou em Porto Alegre, a latitude não importa. O ar seco agravado pela fumaça afeta a saúde e o bem-estar da população e levanta alerta para o Sistema Interligado Nacional (SIN).
O apagão que atingiu os estados do Acre e Rondônia na semana passada pode ter sido causado por incêndios sob as linhas de transmissão das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira. A interrupção no fornecimento de energia aos dois estados do Norte está sendo investigada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), porém, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira disse ter recebido informação de que houve um forte incêndio na região de um dos operadores de transmissão.
Técnicos do ONS e de concessionárias que atuam na região investigam as causas do apagão. O órgão responsável pela gestão da oferta e demanda de cargas em todo o Sistema Interligado Nacional tem 45 dias para apresentar o Relatório de Análise de Perturbações (RAP) do incidente. Além de apontar as causas do apagão, o documento também trará recomendações para que eventos como esse possam ser evitados.
O fornecimento de energia para o Acre e Rondônia foi restabelecido no mesmo dia. Ainda assim, o setor elétrico está em alerta, dado o alto risco de novas ocorrências ao longo do período seco no Norte e Centro-Oeste do país. “Em um país transcontinental como o Brasil, é literalmente impossível você não ter eventos específicos, (mas) o importante é que você tenha respostas rápidas”, admitiu Silveira.
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