O Observatório do Clima divulgou, nesta segunda-feira (26/08), uma proposta de meta ambiental para redução de emissões de gases de efeito estufa. Segundo o documento, o Brasil precisará reduzir as emissões em pelo menos 92% até 2035 para limitar o aquecimento global a 1,5°C.
A percentagem baseia-se nas emissões de 2005, quando o país emitiu 2,4 mil milhões de toneladas líquidas de dióxido de carbono. A meta climática é limitar as emissões anuais a 200 milhões de toneladas líquidas.
De acordo com o Observatório, os objectivos climáticos agregados de todos os países não são suficientes para limitar o aquecimento a apenas 1,5°C. Mesmo que todos os objetivos do Acordo de Paris fossem plenamente cumpridos, o mundo ainda estaria 3°C mais quente. Os especialistas estão preocupados com propostas que não são “compatíveis com o que a atmosfera necessita para evitar os piores impactos da crise climática”.
“Colocamos esta proposta na mesa para estabelecer a fasquia da ambição e dizer ao governo não só o que o país precisa de fazer, mas principalmente o que é capaz de entregar”, afirma o coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima , David Tsai.
O estudo propõe o cumprimento de cinco pilares para atingir a meta de limitação de emissões. A redução do desmatamento a quase zero em todo o país — limitando-o a um máximo de 100 mil hectares por ano a partir de 2030 — a recuperação de 21 milhões de hectares de cobertura vegetal, a expansão de práticas agrícolas de baixas emissões, a transição energética e a melhor gestão de resíduos.
“O que propomos aqui é nada menos que uma transformação da economia brasileira. Parece radical, mas o mundo vive um momento de radicalização da emergência climática. Como resultado de décadas de inação, todos os países terão que investir ao mesmo tempo em cortes acentuados de emissões e medidas amplas de adaptação climática”, aponta Claudio Angelo, coordenador de Política Internacional da OC.
“A alternativa para isso é vermos todos os anos, a partir de agora, a repetição de tragédias como as enchentes no Rio Grande do Sul e ter que arcar com os custos humanos e econômicos disso. Não há país que aguente isso”, finaliza Angelo.
*Estagiária sob supervisão de Luana Patriolino
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