Os brasileiros têm mais medo de fornecer dados biométricos, como reconhecimento facial e impressões digitais, do que fornecer outros dados sensíveis, como orientação sexual, cor e raça. De acordo com o estudo Privacidade e proteção de dados pessoais: perspectivas de indivíduos, empresas e organizações públicasLançado nesta segunda-feira (2/9) pelo Cetic.br, 60% dos usuários ficaram no mínimo “preocupados” em fornecer dados biométricos.
Lançado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), o estudo mostra que 32% dos internautas no Brasil se sentem “muito preocupados” em fornecer dados biométricos online e 28% relataram estar pelo menos “preocupados”.
Para Alexandre Barbosa, gestor do Cetic.br, devido à popularização dos sistemas que utilizam informações biométricas, é natural que a população tenha medo e, para proteger os dados, cabe ao governo melhorar as lacunas na segurança da informação digital leis.
“Com o aumento da utilização de sistemas baseados em reconhecimento facial e impressões digitais, é compreensível que as pessoas estejam mais preocupadas em fornecer dados biométricos. Neste contexto, é fundamental que as empresas e o governo procurem melhorar as suas estratégias de proteção de dados pessoais e segurança da informação. ao adotar esse tipo de tecnologia”, disse Alexandre Barbosa.
Segundo Winston Oyadomari, pesquisador do CITIC.br, mais da metade dos brasileiros temem o fornecimento de dados biométricos pela ligação que esses dados têm com informações confidenciais. Para o pesquisador, o vazamento desse tipo de dados pode representar um prejuízo pessoal.
“O indivíduo fica muito mais preocupado com o tipo de uso que pode ser feito caso essas informações biométricas sejam vazadas ou acessadas indevidamente porque isso poderia oferecer a possibilidade de algum tipo de fraude bancária ou perda financeira ou obtenção de serviço público ou algum dano potencial” , ele afirma.
Winston acrescenta que o medo da população se deve à falta de opções na hora de fornecer biometria ou impressão facial. O governo federal, por exemplo, utiliza duas bases biométricas: a base nacional de identificação civil (ICN), necessária para regularizar o título de eleitor, e a base da Carteira Nacional de Trânsito, necessária para que o cidadão obtenha a carteira de habilitação brasileira.
“É complexo quando está associado a um serviço praticamente inevitável ou que você não pode optar por deixar de usar. Nessas ocasiões, o indivíduo acaba fornecendo essas informações mesmo com receio. Não é possível renovar a CNH se você não for ao Detran e oferecer sua impressão digital, por exemplo. A pessoa deixará de dirigir por causa disso, pois não há como alterar seus dados biométricos como você alteraria uma senha? vazou.”
*Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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