De 4 a 8 de setembro, Brasília será sede do 13º Fórum Mundial da Bicicleta, encontro internacional para tornar o ciclismo um meio de transporte viável nas cidades brasileiras. Com o tema “Salve o planeta, pedale!”, o evento, que contará com especialistas em mobilidade urbana, poder público e cicloativistas, levanta a questão da falta de segurança nas estradas e ciclovias brasileiras.
A bicicleta é uma alternativa sustentável para a mobilidade urbana. Ana Luiza Carboni, coordenadora de mobilidade do Rodas da Paz, coletivo de ativistas do ciclismo que organiza o Fórum Mundial deste ano, explica que o problema de infraestrutura não se limita à criação de mais ciclovias, mas sim à conscientização dos motoristas e à redução do número de vias elevadas. velocidade.
“Na minha cidade ideal não temos ciclovia para todos os lugares; temos uma via urbana compatível com a vida, com velocidade compatível com a vida. Nossas cidades têm velocidades altíssimas. rodovias que cortam a cidade Este não é um modelo de cidade que deveria existir em qualquer lugar do mundo. O mundo inteiro mudou a forma de viajar e já entendeu que o veículo particular individual, o carro, não é uma solução de mobilidade. ”, diz Carboni.
A estrutura brasileira para ciclistas nas cidades brasileiras tem se mostrado deficiente. Segundo o Relatório de Mobilidade Urbana da Associação Brasileira de Ciclistas (ABC), apenas 35% das cidades brasileiras possuem infraestrutura adequada para ciclistas, como ciclovias e ciclofaixas. Além disso, muitas destas infraestruturas são insuficientes ou mal conservadas, tornando o trânsito mais perigoso para os ciclistas.
“Em uma cidade como Brasília, cerca de 90% do espaço viário é reservado exclusivamente para carros. Temos uma estrutura com muitos quilômetros de ciclovias, mas elas não estão interligadas. precisa fazer”, comenta o coordenador do Rodas da Paz. “Defendemos uma mobilidade que respeite a vida. Brasília tem um alto nível de motorização devido ao transporte público ineficiente e uma estrutura cicloviária que não tem ligação, não tem manutenção, não tem pintura, não tem pintura, não tem sinalização cicloviária”, afirma.
Para Ana Luiza, como as bicicletas não são adequadas para longas distâncias, é preciso estabelecer uma ligação entre outras formas de mobilidade. Para o especialista, o uso da bicicleta precisa estar diretamente relacionado a outras formas de transporte sustentável, como o transporte público urbano como ônibus, metrô e trens.
“Em regiões menos densas, precisamos de um incentivo ao transporte público que seja viável e confortável. A utilização de veículos motorizados individuais não deve ser incentivada. É preciso incentivar o uso da bicicleta, mas é um veículo que não funciona para longas distâncias. Portanto, precisamos de transportes públicos eficientes. A bicicleta pode ser muito bem utilizada para dar acesso a estes terminais de transporte. Precisa sim ser considerado um meio de transporte em todas as áreas e regiões”, argumenta.
Ricardo Eloy Marques, 49 anos, utiliza a bicicleta como importante meio de transporte. O percurso diário de Ricardo vai de Samambaia a Taguatinga Sul e leva em média de 15 a 20 minutos com trechos em asfalto e ciclovias. Faça chuva ou faça sol, há 20 anos ele só usa o carro como último recurso. O ciclista reclama das ciclovias da cidade. Segundo ele, estão cheios de buracos e precisam de reparos.
“A segurança é terrível. O asfalto está sempre cheio de buracos, imagine as ciclovias. Eles fazem com sobra de material, fazem mesmo assim, muitas vezes a ciclovia fica inacabada — fora o risco que a gente corre de ser agredido”, protesta. O morador de Samambaia faz um apelo. “Eu gostaria que houvesse mais ciclovias nas cidades também. satélites até o Plano Piloto. Em Samambaia são poucos, no meu percurso preciso fazer trechos em asfalto e trechos em ciclovias”, relata.
Ricardo diz ainda que o problema não é só estrutural, mas também de educação no trânsito. Para ele, que costuma andar de bicicleta próximo aos carros, situações desagradáveis com os motoristas são frequentes.
“Tive problemas com motoristas. Alguns caras engraçados gostam de tirar sarro dos ciclistas, passando por perto para chamar a atenção. Eles não se importam conosco, acham que o asfalto é só deles”, protesta.
A legislação de trânsito brasileira determina que os motoristas devem ultrapassar os ciclistas a uma distância igual ou superior a 1,5 metros. Ana Luiza Carboni defende que a população brasileira que utiliza automóveis precisa de mais consciência sobre o tamanho do veículo e suas implicações para a vida humana. Na sua opinião, para criar um trânsito mais seguro e respeitoso, é necessário um novo regime de fiscalização. Ela afirma que a educação é importante, mas não pode ser a única medida para proteger os ciclistas.
“É muito importante conscientizar os motoristas sobre o impacto da condução de um veículo de uma tonelada na vida humana. A investigação internacional mostra que, na realidade, a educação tem um impacto muito pequeno na segurança rodoviária; A medida de maior impacto é a fiscalização. A fiscalização da velocidade precisa ser levada em consideração. A educação é muito importante, mas não pode ser a única medida”, conclui.
Para preencher o formulário de inscrição no 13º Fórum Mundial de Bicicleta e 11º Fórum de Bicicleta, clique aqui.
*Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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