Iago MacCord*
O Dia da Amazônia foi comemorado nesta quinta-feira (9/5), sem alterar o cenário de queimadas e seca extrema. Segundo o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), nas últimas 48 horas, o Brasil registrou mais de 9 mil incêndios. Da área afetada pelo incêndio, 45,2% estão na Amazônia.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), por sua vez, informou que a região sul da Amazônia Legal e quase toda a região central do país estão sob alerta laranja (perigo) e alerta amarelo (perigo potencial) para ondas de calor, e alerta laranja para baixa umidade relativa do ar, o que contribui para que os focos de incêndio continuem a se espalhar.
Na quinta-feira, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, afirmou, na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado, que “estamos diante de um severo processo de mudanças climáticas”, e descreve a situação como “química altamente deletéria e inimaginável”. .
Mato Grosso, que abriga três biomas diferentes, foi o estado que mais sofreu com queimadas ao longo de 2024, com 30,2 mil focos registrados, segundo dados do Inpe. Somente nesta terça, o estado registrou 1.400 registros de incêndios, sendo 739 na região amazônica, 581 no Cerrado e 73 no Pantanal.
A situação ontem piorou ainda mais. O Painel de Incêndios do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) detectou dois grandes incêndios florestais perto da fronteira com a Bolívia. Uma ao norte, na região do bioma Amazônico, e outra, ao sul, próximo ao Pantanal. O primeiro tinha aproximadamente 147 quilômetros de extensão. A outra, mais que o dobro, 308km.
“Essas partículas (poluentes) são muito grandes e acabam criando dificuldades para a formação de nuvens. Toda nuvem tem gotículas, cada gota tem uma micropartícula chamada núcleo de condensação de nuvem e essas partículas de fogo são muito grandes. e perturbar a atmosfera”, explica Carlos Nobre, climatologista e doutor em meteorologia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).
A doutora em ecologia e professora da Universidade Católica de Brasília Morgana Bruno afirma que “as consequências envolvem a perda de espécies, o desequilíbrio no funcionamento do ecossistema, devido a alterações no aporte de radiação solar, no ciclo hidrológico, em do solo, nos componentes da biota que interagem com esses fatores”.
“Diretamente, o fogo causa a morte de inúmeros indivíduos de diversas espécies, uns mais suscetíveis que outros, pois têm maior dificuldade de escapar. Indiretamente, os incêndios reduzem as áreas onde estão localizados os recursos necessários à fauna. indiretamente em decorrência das queimadas, entre essas mortes podem estar indivíduos de espécies endêmicas e em risco de extinção, muitos dos quais já possuem poucos indivíduos constituindo a população local”, lamenta o professor.
No Congresso, a ministra Marina Silva fez um alerta preocupante em relação ao futuro do Pantanal. “Segundo os pesquisadores, se o mesmo fenômeno continuar em relação ao Pantanal, o diagnóstico é que poderemos perder o bioma até o final deste século”, declarou.
*Estagiário sob supervisão de Vinicius Doria
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