A Câmara dos Deputados realizou audiência pública, nesta terça-feira (9/10), com representantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão investigativo da Força Aérea Brasileira (FAB), para discutir o acidente com o avião Voepass — que caiu em Vinhedo (SP), no dia 9 de agosto, e matou 62 pessoas.
O deputado federal Nelson Padovani (União-PR), relator da comissão externa que acompanha os trabalhos de investigação do acidente, comentou denúncia anônima feita ao Ministério Público do Paraná. A reportagem alega que a empresa responsável pela aeronave operava sem contrato regular com a cidade de origem do voo, Cascavel (PR), e que houve omissão do órgão regulador de mobilidade local, a Transitar.
“Coletamos muitas informações que o Cenipa, por exemplo, ainda não tinha. O município de Cascavel não tinha contrato com a empresa Voepass para operar lá. rastrear, por exemplo, o Cenipa também está investigando. Agora, vão descobrir por que não houve tal contrato e se isso tem ou não relação com o acidente, além de saber se há outros municípios em que a Voepass possa estar. operando irregularmente”, destacou o parlamentar.
Em resposta, o coronel Carlos Henrique Baldin, chefe da Divisão de Investigações do Cenipa, afirmou que o assunto será levado em consideração. “Tudo o que tem a ver com segurança, o Cenipa vai se aprofundar na investigação, a fim de identificar possíveis fatores contribuintes e lições aprendidas que possam contribuir para melhorar a segurança no futuro. relacionado com a queda do avião”, disse ele.
A intenção do Legislativo é ouvir os envolvidos no acidente e discutir se a lei deveria ser mais rígida para evitar novos acidentes aéreos. “A ideia é propor investimentos no setor de tecnologia e legislação. Então, o final do relatório [da comissão externa] é para isso que serve. Não se trata de uma caça às bruxas, não se trata de declarar culpados, não se trata de condenar ou desmembrar qualquer empresa. Nosso dever é legislar direitos e obrigações e, ao final, propor ações”, destacou Padovani.
Nas próximas sessões, deverão comparecer à comissão representantes da Voepass, responsável pelo voo acidentado, e da Latam, que utiliza frequentemente os serviços da outra companhia aérea em suas operações. Também serão ouvidas a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Polícia Federal e a Defensoria Pública e a Procuradoria-Geral da República de São Paulo. A próxima audiência está marcada para 8 de outubro.
Resultados
O Cenipa apresentou aos parlamentares o que o Relatório Preliminar da investigação pode mostrar até o momento. A equipe analisou as duas caixas pretas encontradas na aeronave modelo ATR 72, que registram conversas na cabine e dados de equipamentos que monitoram a aeronave. Os investigadores ouviram relatos do piloto e do copiloto sobre a formação de gelo nas asas, fenômeno que estava nas previsões meteorológicas que sustentam a aviação, antes mesmo da decolagem do voo 2283.
Por volta das 12h15 do dia do acidente, há uma gravação da voz do piloto comentando sobre a possibilidade de falha no sistema de alerta de formação de gelo. Pouco mais de uma hora depois, às 13h20, próximo ao início dos procedimentos de pouso, o copiloto comenta: “Muito gelo”. Nesse momento, a conexão do rádio com a torre de controle do terminal de São Paulo é perdida. No minuto seguinte, o avião caiu. Não há registro de qualquer alerta de emergência emitido pela tripulação, seja para a torre ou para aeronaves próximas.
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