O Ministério Público de Itapeva, no interior de São Paulo, ia ganhar a estagiária Elaine Souza Garcia, na última terça-feira (9/10), mas a posse da estudante de Direito foi bloqueada por uma ação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público. Ministério do Estado público após a descoberta de suas ligações muito estreitas com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Elaine carrega o apelido de “Chefe” da facção. Ela foi presa pouco antes de assumir funções no MP de São Paulo.
Alvo da Operação Baal, Elaine é suspeita de liderar ataques do “Novo Cangaço” – ações brutais de grupos armados da facção que espalham o terror em cidades menores do interior de São Paulo e de outros estados por meio de roubos de empresas de valores mobiliários e invasão de bancos.
A reportagem busca contato com a defesa. O espaço está aberto para manifestações.
De acordo com publicação em Diário Oficial do EstadoElaine foi intimada a assinar, a partir das 9h de terça-feira, o termo de posse no Ministério Público de Itapeva, município com cerca de 90 mil habitantes localizado a 290 quilômetros de São Paulo.
Os promotores da Operação Baal estão convencidos de que o PCC tentou infiltrar “Patroa” no Ministério Público para colher informações privilegiadas sobre investigações confidenciais.
Na terça-feira, a PF lançou a segunda fase da Operação Baal para prender três integrantes do “Novo Cangaço”. As investigações foram alimentadas por vídeos em que um CAC (Colecionador, Atirador Esportivo e Caçador) dá aulas de tiro com fuzil para outro integrante do grupo.
Segundo a PF, um investigador preso na nova fase do Baal é ligado ao PCC. Ele ficou foragido de 2005 até 2024, quando foi localizado e detido em outra ação do Ministério Público de Campinas. Na ocasião, foram apreendidas armas, acessórios, munições, roupas camufladas e outros objetos utilizados na execução de crimes caracterizados por extrema violência.
A Operação Baal levou o Ministério Público a denunciar 18 integrantes de uma quadrilha que realizou uma onda de ataques pelo “Novo Cangaço”. O tribunal nomeou os acusados como réus. O Ministério Público pede que cada um deles seja condenado ao pagamento de R$ 5 milhões de indenização por danos morais à comunidade.
A primeira fase ostensiva da investigação foi instaurada em maio, quando a Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo cumpriram 12 ordens de prisão temporária e prenderam quatro suspeitos por porte ilegal de arma.
“As ações investigadas configuram um tipo de conflito decorrente da evolução dos crimes violentos contra o patrimônio, em que grupos criminosos subjugam a atuação do poder público por meio do planejamento e execução de roubos que provocam verdadeiro terror social”, destacou a PF.
Durante as investigações da primeira fase de Baal, foram apreendidas diversas armas, entre elas fuzis com alto poder destrutivo, explosivos, pólvora, granadas caseiras e coletes balísticos. Em meio às buscas, um dos investigados no Piauí até reagiu. Outro tinha uma barricada no portão de sua casa.
A quantidade de armas apreendidas em poder dos alvos surpreendeu os investigadores. No endereço comercial de um alvo – onde funcionava anteriormente uma loja de veículos (hoje desativada), que atualmente serve de base para uma empresa de reciclagem – foi identificado um esconderijo de armas.
Pedaços de uniformes usados por policiais também foram encontrados em uma casa no interior do Maranhão, o que indica que o grupo estava pronto para novas ações, segundo a PF.
As investigações indicam que a quadrilha planejava um ataque para o final do ano passado, mas a ação foi adiada devido à morte de um dos líderes, executado por outra facção.
A investigação foi aberta após tentativa de assalto a banco em abril de 2023, em Confresa (MT). Na época, suspeitos foram presos e mortos em confronto. Um deles morava em São Paulo e fazia parte do PCC.
Com base nas informações dessa tentativa de roubo, foram descobertas outras ações semelhantes financiadas pelo PCC. O grupo está ligado a ações sanguinárias que levaram pânico e medo a Guarapuava (PR), em 2020, e também a Criciúma (SC), e Araçatuba (SP), em 2021
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