O Brasil enfrenta um cenário preocupante no que diz respeito à vacinação. Segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), 64,7% dos municípios brasileiros relatam falta de vacinas, principalmente as destinadas às crianças.
A pesquisa revelou que algumas cidades enfrentam ausência de determinadas vacinas por mais de 30 dias, enquanto outras relatam ausência de vacinas por mais de 90 dias. Um dos casos mais graves é a falta da vacina contra varicela, usada para prevenir a varicela em crianças de quatro anos, com desabastecimento em 1.210 municípios. Além disso, 770 municípios relatam falta de vacina infantil contra a Covid-19, ausência que persiste há cerca de 30 dias.
O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, alerta para o perigo da situação. “É importante lembrar que a vacinação foi um dos eixos do desfile do 7 de Setembro deste ano. Apesar disso, o que constatamos, infelizmente, foi a falta de vacinas essenciais há mais de 30 dias na maioria das cidades pesquisadas.”
Segundo ele, a situação não é alarmante apenas pelos números, mas também pelo risco de retorno de doenças que já haviam sido eliminadas no país, como o sarampo, e outras que correm risco de reintrodução, como paralisia infantil. A baixa cobertura vacinal, aliada à distribuição irregular de doses, abre espaço para o ressurgimento dessas doenças, que podem causar complicações graves e até a morte. “Há risco de retorno de doenças graves, como a paralisia infantil”, enfatizou o especialista.
A lista de vacinas em falta nos municípios inclui ainda a Tetraviral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, ausente em 447 municípios; a vacina contra Hepatite A, ausente em 307 municípios; e o DTP, que combate a difteria, o tétano e a coqueluche, com desabastecimento em 288 municípios.
Mais afetados pela escassez
O levantamento da CNM revela que o estado de Santa Catarina é o mais afetado, com 83,7% dos municípios relatando falta de vacinas. Pernambuco aparece em segundo lugar, com 80,6%, seguido pelo Paraná, com 78,7% dos municípios em situação de desabastecimento. Regionalmente, o Sudeste concentra o maior número de cidades afetadas, com 68,5% relatando falta de vacinas, seguido pelo Sul e Nordeste, ambos com 65,1%, e pelo Centro-Oeste, com 63%.
No Norte a situação é relativamente melhor, com 42,9% dos municípios sem vacinas, mas o problema continua grave a nível nacional. Além de deixar as crianças expostas a doenças que poderiam ser evitadas, a escassez afeta diretamente as taxas de mortalidade infantil, que vinham sendo reduzidas há décadas graças aos programas de vacinação.
O risco de doenças erradicadas voltarem a circular também é mencionado pelo infectologista Hemerson Luz. Segundo ele, o desabastecimento representa um retrocesso histórico e um desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Felizmente, o Brasil saiu da lista dos países com mais crianças não vacinadas no mundo. Há dois anos, estávamos em 20º lugar”, disse ele.
“Outras vacinas que não apresentam bons índices são as contra a tuberculose e contra a hepatite B, que apresentaram baixas coberturas vacinais na última década”, acrescentou.
Na opinião da infectologista Dalcy Albuquerque Filho, a vacinação é mais do que proteção individual contra doenças, é proteção coletiva. “Quando você imuniza uma criança, além de reduzir o risco de doenças para ela e sua faixa etária, garante o nível de imunidade da comunidade no futuro. Sempre que a cobertura vacinal diminui, aumenta a possibilidade de retorno de casos de doenças reduzidas ou eliminadas. A falta de vacinas é sempre ruim, pois, além de reduzir o número de vacinas administradas, contribui para a baixa cobertura e frustra a população.”
O estudo da CNM foi realizado entre os dias 2 e 11 de setembro de 2024 e contou com a participação de 2.415 municípios.
*Estagiário sob supervisão de Andreia Castro
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