A campanha de vacinação contra a dengue, lançada em fevereiro de 2024 pelo governo federal, ainda não atingiu plena eficácia. Dos 4.792.411 imunizantes distribuídos aos estados e ao Distrito Federal, apenas 2.341.449 doses foram aplicadas, segundo registros no Sistema Único de Saúde (SUS), até o dia 15 de setembro, o que representa 48,88% do total.
Com isso, mais de 2,4 milhões de doses permanecem sem registro, conforme apresentou o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Eder Gatti, durante a 26ª Jornada Nacional de Imunização, no Recife.
Além disso, o relatório do Ministério da Saúde revelou que, em mais de sete meses de imunização, 1.819.923 crianças e adolescentes de 10 a 14 anos completaram o esquema vacinal de duas doses contra a dengue. Porém, 521.497 jovens ainda não retornaram para receber a segunda dose, o que garante a imunização completa. O intervalo recomendado entre as doses, tanto pelo Ministério da Saúde quanto pelo fabricante, o laboratório japonês Takeda, é de três meses.
Um dos principais problemas que o governo enfrentou foi a baixa disponibilidade da vacina, aliada ao alto custo da vacina. “O ministério comprou todas as doses que o laboratório colocou na mesa. Compramos tudo”, assumiu. “Com uma quantidade pequena, tivemos que priorizar”, acrescentou. Inicialmente, a vacinação era voltada para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, com base em dados epidemiológicos que indicam alta incidência de casos de dengue nessa faixa etária.
Gatti também acredita que as dificuldades enfrentadas pelos países em desenvolvimento para incorporar a vacina contra a dengue em larga escala, com recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras agências internacionais, ignoraram as limitações de acesso e recursos. “É uma tecnologia que, além de cara, não está disponível. Esta é a nossa principal crítica à recomendação da OMS. Entendemos a recomendação técnica. Mas tem que estar equilibrado com a realidade”, disse o diretor.
Ele destacou ainda que o Ministério da Saúde vem trabalhando com o objetivo de ampliar a vacinação contra a dengue no Brasil até 2025, prevendo a aquisição de 9 milhões de doses para o próximo ano. Gatti também mencionou a pressão política e social que acelerou a incorporação da vacina contra a dengue no SUS. “A pressão social exigiu a incorporação o mais rápido possível. Já adquirimos 9 milhões de doses para o próximo ano. Esperamos também incorporar a vacina do Instituto Butantan.” Ele acredita que, com o passar do tempo e com a disponibilização de mais vacinas, será possível ampliar a vacinação para outras faixas etárias e grupos de risco.
*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori
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