O presidente da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, Flávio da Silva Santos, foi preso em flagrante, ontem, no Rio de Janeiro, ao tentar se livrar de uma pistola calibre .40. A arma foi encontrada no jardim do condomínio de luxo onde ele mora, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele também tinha R$ 30 mil em dinheiro, uma segunda arma — cuja licença havia vencido — e 26 celulares.
Flávio é apontado como braço direito do criminoso Rogério de Andrade, um dos maiores chefes da máfia do jogo ilegal no Rio de Janeiro. Os dois são investigados pelo assassinato de Fábio Romualdo Mendes, em setembro de 2021 —morto a tiros dentro de um carro enquanto esperava a esposa sair da consulta em um posto de saúde, na Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Grande, também na Zona Oeste do Rio. .
O mandado de ontem era apenas de busca e apreensão, mas, como Flávio tentava se desfazer da pistola, foi preso em flagrante. A Operação Fissão reuniu equipes do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco/MP-RJ) e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
“O crime teria sido motivado por uma disputa pela exploração de áreas dominadas por Rogério de Andrade. O homicídio foi ordenado por um dos acusados que, na época, estava preso”, explicou o MP-RJ.
Busca e apreensão
Além de Flávio, outro alvo da operação foi Rogério de Andrade, em cujas propriedades foram recolhidos computadores e documentos. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal e foram realizadas buscas em endereços no Rio de Janeiro, Maricá, Petrópolis e Angra dos Reis. Os agentes cumpriram ordens judiciais do juízo da Mocidade Independente; na Unidade Prisional da Polícia Militar, no 39º BPM (Belford Roxo, na Baixada Fluminense); e em dois presídios — Constantino Cokotós, em Niterói, e Lemos Brito, no Complexo Penitenciário de Gericinó.
Os alvos dos mandados de prisão eram Thiago Soares Andrade Silva, Anderson de Oliveira Reis Viana, Rodrigo de Oliveira Andrade de Souza e Bruno Marques da Silva. Todos são acusados de participação no assassinato de Fábio Mendes.
Os mandados de busca e apreensão eram para endereços ligados a Flávio, Rogério de Andrade, Adriano da Rocha Muniz, José William Fernandes de Assis, Márcio Araújo de Souza (chefe de segurança de Rogério), Marcos Araújo de Souza e Ramon Malta Moreira. O grupo está sendo investigado por possível envolvimento no assassinato.
Reinado de sangue
Sobrinho de Castor de Andrade – banqueiro e patrono do Bangu Atlético Clube e da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel –, Rogério assumiu os negócios da família após a morte do tio, em 1997. Mas não foi uma sucessão tranquila. A disputa pela liderança do clã foi sangrenta e se espalhou por todo o Rio de Janeiro. Braço direito de Castor, Rogério deveria dividir a herança e a gestão dos negócios ilegais com o filho do banqueiro, Paulo Roberto de Andrade, e seu ex-cunhado, Fernando Iggnácio. Paulinho, então patrono da Mocidade, foi morto a tiros em 1998, quando saía de uma empresa de sua propriedade, na Barra da Tijuca.
Iggnácio também foi morto a tiros em um heliporto, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em novembro de 2020. Rogério foi investigado como mandante dos dois crimes e preso pela morte de Iggnácio. É casado com Fabíola de Andrade, rainha da bateria da Mocidade. Flávio preside a escola de samba e é considerado tenente de Rogério. (Colaboração de Fabio Grecchi)
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