Ações que fazem a diferença e trazem dignidade à vida das pessoas. Foi com o objetivo de construir moradias para famílias em situação de vulnerabilidade que o arquiteto paulista Bruno Bordon criou a ONG Construide, em janeiro de 2017. A ideia surgiu logo depois que o voluntário fez uma viagem missionária ao interior do Piauí e se deparou com a situação precária de a residência de uma família específica.
“Infelizmente, a pobreza rouba à população alguns direitos básicos, como a habitação. Ter uma casa digna é o sonho de muita gente e, quando não se tem condições, esse sonho fica distante. A Construide nasceu justamente para concretizar esse sonho e proporcionar uma nova vida às famílias”, destaca o fundador e CEO da instituição.
Em sete anos de atuação, o projeto já entregou quase 100 obras e contou com a ajuda de mais de 5 mil voluntários. A sede da ONG fica na cidade de Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, e recebe doações de todo o país. A mobilização ocorre com grupos de voluntários mediante agendamento e cada casa leva aproximadamente 3 meses para ficar pronta.
O motorista Ronaldo Rodrigues Maciel, 44 anos, viu a realidade de sua família mudar ao ser beneficiado pelo projeto. Ele mandou reformar a casa em outubro de 2023. “Minha casa era de madeira, morei nela 23 anos. Por ser de madeira, quando chovia muito a água começava a entrar na casa e eu não sabia de onde vinha. Não consegui ver uma chuva que vencesse o desespero e o medo. E quando estava chovendo muito, não fui trabalhar. Com a casa reformada, não preciso mais me preocupar com isso.”
De beneficiário a voluntário. Hoje, Ronaldo participa das ações da ONG junto com sua esposa, a cuidadora de idosos Sandra Bezerra de Araújo. “Eu e minha esposa escolhemos uma ação perto de casa, em Osasco, e aos sábados fazemos comida para os voluntários de um projeto que está acontecendo aqui na região. Oferecemos café e almoço. Um ajudando o outro.”
Seleção de famílias
A seleção das famílias é feita através do Site da ONG. Ao acessar a plataforma, as pessoas se cadastram e respondem um questionário. Bordon reforça que existem alguns pré-requisitos para ingressar na lista de espera. “O lote precisa estar regularizado com documentação legal. Outra exigência é que a família tenha até 8 moradores e encontre local para ficar durante o trabalho”, explica.
Veja o antes e depois de uma casa incluída no projeto
Recrutamento voluntário
Pessoas que desejam ser voluntárias precisam acessar o site, escolha uma família e região. Lá você pode escolher o grupo e a data com que prefere colaborar. Depois disso, pagam uma taxa de inscrição que inclui alimentação do dia e kit de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
“Acho que houve uma correspondência muito rápida entre os meus valores e o Construide. Desde que me formei, sempre quis usar de alguma forma minha educação para ajudar a sociedade como um todo. Conheci o projeto em 2020, durante a pandemia, com alguns amigos no Instagram. Mesmo durante a pandemia, começamos a ajudar nas obras. Hoje sou voluntário interno da construção”, disse o advogado Matheus Silvério, de 26 anos, que também trabalha com o apoio jurídico da instituição.
Como doar?
A ONG se sustenta por meio de doações. É possível contribuir de algumas formas, sendo uma delas financeiramente, onde são possíveis doações tanto de pessoas físicas quanto jurídicas, sendo os planos PF a partir de R$ 20,00 e os planos PJ a partir de R$ 417,00 mensais. Além disso, as empresas podem patrocinar obras específicas, assumindo 50% ou 100% do respetivo orçamento, ou tornarem-se parceiras através da doação de materiais para utilização na construção, incluindo esquadrias, blocos, telhas e materiais elétricos.
Ajuda humanitária aos moradores de rua no Rio Grande do Sul
Diante da tragédia que assola o Rio Grande do Sul, a Construide desenvolveu um projeto emergencial para ajudar pessoas vulneráveis. A ação visa construir um abrigo diferente dos convencionais, como explica a COO da Construide, Flávia Figliolino. “Para ajudar nossos irmãos gaúchos, pensamos em construir um abrigo para acomodar o maior número de pessoas possível e respeitar a privacidade de cada família. O projeto modular pode acomodar até 20 famílias de forma individualizada e digna. É um bloco com 20 unidades que acomodam até 80 pessoas, oferecendo quartos e banheiros individuais, além de um bloco externo com cozinha e área de serviço compartilhada.”
O projeto foi orçado em R$ 600 mil e será construído em terreno cedido pela prefeitura de Cruzeiro do Sul (RS). O grupo agora corre contra o tempo para arrecadar o valor e iniciar a construção. Quem quiser ajudar pode acessar o link.
*Estagiário sob supervisão de Samuel Calado
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