O depoimento de Marina Silva à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados foi marcado por ataques de apoiadores de Bolsonaro ao ministro do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas. Convidada para falar sobre os incêndios que assolaram o país entre agosto e setembro, ela foi chamada de “ignorante”, “capacho”, “incompetente” e “treinada” por parlamentares da oposição.
O ministro, porém, rebateu os ataques e chegou a brigar com o presidente da comissão, deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), que, ao final da sessão, decidiu alfinetar o ministro.
“Quero repudiar a forma de vitimização que, mais uma vez, essa ministra faz aqui, na casa do povo, na casa dos deputados. Tenho que parabenizar quem a formou, até esse treinamento para ter essa atitude”, disse. .
Marina o interrompeu: “O que é treinar? Treinar? Quem é o treinado? Tenha paciência. Você não vai me dizer que sou uma pessoa treinada”, exigiu.
Anteriormente, Marina havia entrado em confronto com a deputada Julia Zanatta (PL-SC). Ao fazer uma pergunta à ministra, o parlamentar aproveitou para chamá-la de “capacho de ONG”.
“Capacão? Capacho é alguém que faz um discurso por ordem. Mesmo conhecendo a biografia de uma pessoa, ele faz um discurso por ordem, para selar o acordo. E vem aqui para fazer acusações falsas. Isso é ser capacho. Aqueles que não defendam (o meio ambiente) apareçam agora como ambientalistas de conveniência. Nunca fizeram nada”, rebateu Marina.
Mas a sessão não foi só de discussões entre o ministro e os bolsonaristas. Ela acusou o Congresso de promover cortes orçamentários em recursos destinados ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Conforme enfatizado, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 não disponibilizou recursos suficientes para o combate aos incêndios. “O ICMBio solicitou cerca de R$ 112,7 milhões para fiscalização ambiental e ações de prevenção e combate a incêndios. O Ibama também solicitou recursos para suas ações de prevenção e combate a incêndios, na ordem de R$ 65,7 milhões, do pedido orçamentário que fizemos, o Congresso aprovou cerca de R$ 98 milhões para o ICMBio, 13,8% menos do que solicitamos. A mesma coisa em relação ao Ibama: foi feito aqui um corte de R$ 4 milhões”, indicou.
Ela também defendeu a iniciativa do governo de propor o aumento das penas para crimes ambientais —para Marina, o que está previsto atualmente é “insuficiente”. “Precisamos aumentar os recursos, mas o que precisamos mesmo é que, no período da seca, as pessoas não atirem fogo. Porque, caso contrário, estaremos simplesmente pegando dinheiro público e usando para algo que poderia ser feito preventivamente”, ele enfatizou.
Soma dos fatores
Segundo Marina, a soma de fatores como alta temperatura e baixa umidade foi responsável pelas queimadas de agosto e setembro, mas ela destacou que no Pantanal houve uma ação deliberada. “Todos os incêndios das semanas e meses que antecederam esse período em que começaram a ocorrer alguns raios foram provocados pela ação humana. Foram pessoas que provocaram incêndios voluntária ou involuntariamente. doloso ou negligente, quando você não realizou nenhum tipo de ação que provocasse incêndio no imóvel, neste caso você é a vítima”, ressaltou.
Em resposta às críticas de apoiadores de Bolsonaro à ação do governo contra as queimadas, o ministro afirmou que o atual governo começou com um aumento de mais de 50% no desmatamento, herdado da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Marina lembrou, porém, que houve queda de 50% na destruição ambiental no primeiro ano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“No caso do Cerrado, temos queda no desmatamento há seis meses consecutivos — e também no Pantanal. Se não tivéssemos essa redução do desmatamento, a situação (das queimadas) poderia ser incomparavelmente pior, porque um dos vetores (de destruição) é o incêndio devido às derrubadas”, afirmou.
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