Padre José Carlos Pereira, que trabalhava na Paróquia São Benedito, em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi condenado a 43 anos e seis meses de prisão por crimes sexuais cometidos nas dependências da igreja e no Colégio São Benedito — instituição educativa propriedade dos religiosos. O tribunal concedeu-lhe o direito de recorrer livremente.
A sentença, assinada na última terça-feira (15/10) pelo desembargador Fabrício Simão da Cunha Araújo, da 3ª Vara Criminal e da Infância e Juventude da Comarca de Santa Luzia, leva em conta quatro vítimas —uma delas tinha 13 anos quando o o primeiro avanço sexual teria ocorrido após uma missa em 2014.
Segundo denúncia do Ministério Público, o padre pediu que a menina fosse até a secretaria paroquial, onde lhe deu R$ 100 e depois levantou o rosto da menina e a beijou na boca. Os abusos também foram denunciados em 2019 e 2021. Numa das ocasiões, o padre teria tocado o seio da vítima por baixo da blusa, colocado a língua na boca dela e beijado-a.
Segundo a sentença, as outras três mulheres denunciaram abusos cometidos entre 2019 e 2021 no interior do Colégio São Benedito, onde trabalhavam, e na sala paroquial da igreja. Como salientou o juiz, a “influência religiosa do arguido sobre as suas famílias” e a “necessidade de emprego” impediram a denúncia imediata.
“José Carlos utilizava uma ajuda de custo semanal para ficar a sós com os funcionários, puxava as vítimas pelo braço, pelo cós das calças, pelo pescoço e até as pressionava contra a parede, tudo como forma de praticar atos libidinosos em de forma forçada”, frisou o magistrado, destacando que o padre tocou nos seios, nas pernas das vítimas e, em algumas ocasiões, nas partes íntimas.
Em novembro de 2021, a Arquidiocese de Belo Horizonte informou que afastou José Carlos Pereira das funções religiosas na freguesia do Bairro São Benedito.
Procurado pela reportagem, o advogado do padre, Welbert de Souza Duarte, informou que não comenta processos em andamento sob sigilo judicial. “A defesa só se manifestará quando o processo estiver concluído e comprovada a inocência do meu cliente”, declarou.
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