Popular nas campanhas do Outubro Rosa nas décadas de 1990 e 2000, o autoexame não é mais recomendado como método primário de rastreamento do câncer de mama. Embora o autoexame ajude a mulher a conhecer melhor o próprio corpo e identificar alterações, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) alerta que o método não substitui exames clínicos ou de imagem, como a mamografia, recomendada anualmente a partir dos 40 anos. .
A mastologista Lakymê Mangueira, pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), esclarece que o autoexame se limita a identificar apenas nódulos maiores, geralmente em estágios mais avançados. Por sua vez, a mamografia pode identificar pequenas lesões pré-malignas, que podem ser tratadas de forma mais eficaz se detectadas precocemente.
A médica ressalta que muitas mulheres que realizam apenas o autoexame podem deixar de procurar exames clínicos regulares, o que pode atrasar o diagnóstico e comprometer as chances de cura. “Hoje, esse autoexame não é tão incentivado para evitar que as pacientes pensem que ele é suficiente e que substituirá a mamografia”, afirma.
“Antigamente era incentivado como arma para o diagnóstico precoce do câncer de mama, mas quando você detecta uma lesão durante o exame, a lesão já está mais avançada. É importante lembrar que o autoexame não substitui a mamografia e que você não precisa esperar encontrar algo no autoexame para fazer a mamografia”, explica Lakymê.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que a mamografia pode reduzir em até 20% a mortalidade por câncer de mama, sendo recomendada para mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos, segundo a política de rastreamento do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, a SBM sugere que mulheres com mais de 40 anos também façam o exame anualmente, principalmente se houver histórico.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil. A estimativa do ministério é que sejam registrados 73.610 novos casos em 2024.
A empresária Clarice Videl foi diagnosticada precocemente com câncer de mama, aos 46 anos, graças a uma mamografia de rotina. “Se não fosse o exame, eu nunca teria descoberto, porque o nódulo era minúsculo, menor que 1 cm, impossível de perceber ao toque ou no espelho”, afirma.
Ela lembra que na época não havia sintomas ou sinais evidentes, o que tornou a notícia ainda mais chocante. “Foi muito ruim, porque eu nem imaginava. Era como se ele estivesse escondido ali, morando dentro de mim sem que eu percebesse”, conta.
Clarice destaca que o diagnóstico precoce foi fundamental para o sucesso do tratamento e cura. “Saber que foi no início me deu uma certa tranquilidade, me agarrei e pensei: ainda tenho chance. Apoiei-me na fé em Deus e na confiança nos meus médicos. junto com a descoberta dele enquanto estava no começo, salvou minha vida”, comemora.
Debate CB
A incidência de câncer de mama no Distrito Federal, em 2023, foi de 49,8 casos a cada 100 mil mulheres, taxa 18,8% superior à média nacional (41,9 casos). Os dados do Inca representam uma estimativa correspondente ao triênio 2023-2025. Ainda segundo o instituto, esse tipo é o mais comum entre as mulheres no Brasil, além de ser uma das principais causas de morte.
O diagnóstico precoce da doença aumenta em cerca de 95% a chance de cura. É pensando nisso que o Correio Braziliense realiza, na próxima quinta-feira, a partir das 14h30, a segunda edição do evento CB Debate Câncer de Mama: uma rede de cuidado, que acontece no mês destinado a chamar a atenção para a prevenção contra câncer de mama. mal que assola as mulheres.
O debate acontecerá no auditório do jornal e será transmitido ao vivo pelas redes sociais oficiais do Correio, YouTube e Facebook. Serão dois painéis, cada um com a participação de três especialistas: o primeiro abordará “Diagnóstico e fatores de risco” e o último discutirá “Tratamento e pós-câncer”, todos com mediação das jornalistas Carmem Souza e Sibele Negromonte. Além disso, será aberto ao público, mediante inscrição prévia no site do evento.
Informação acessível
Uma das especialistas com presença confirmada é a nutricionista especialista em oncologia Gianna Rosa. O painelista reforça que eventos como o promovido pelo Correio têm papel essencial na conscientização. “Os debates trazem informações de forma prática e acessível, incentivando conversas sobre prevenção e diagnóstico”, avalia.
“É importante lembrar que o câncer de mama também pode ocorrer em homens, embora seja raro, por isso falar sobre o tema aumenta o alcance das campanhas e garante que todos estejam atentos aos sinais da doença”, destaca a nutricionista.
Segundo ela, a nutrição é uma importante aliada na prevenção e no tratamento do câncer de mama. “Manter uma boa composição corporal, com uma alimentação balanceada que inclua frutas, vegetais e gorduras saudáveis, é fundamental para reduzir os fatores de risco”, destaca. “Não é só o peso que conta, mas o equilíbrio do corpo, pois isso ajuda a controlar a inflamação e a obesidade, que estão associadas a um maior risco de cancro da mama”, acrescenta a especialista.
Segundo a nutricionista, campanhas como o Outubro Rosa são essenciais para conscientizar sobre a prevenção de doenças. “Além de falar em diagnóstico precoce, reforça a importância de hábitos como alimentação saudável, prática de exercícios físicos, boa hidratação e sono adequado, cruciais para a prevenção de diversas doenças, inclusive o câncer”, descreve. “Essas campanhas ajudam a lembrar que a saúde é um conjunto de fatores que precisam de atenção no dia a dia”, completa Gianna.
*Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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