Acidentes com quedas e pancadas na cabeça não são incomuns entre os idosos e, em muitos casos, as consequências podem ser muito mais graves do que parecem. No último sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 78 anos, se machucou ao escorregar no banheiro do Palácio da Alvorada. Ele foi diagnosticado com traumatismo cranioencefálico e precisou de cinco pontos na região occipital —na parte inferior da nuca.
O episódio com o presidente é mais um exemplo dos riscos que os idosos correm quando sofrem ferimentos na cabeça. Para o Correspondênciaespecialistas explicaram que, quanto mais a idade avança, mais o cérebro fica vulnerável a sequelas, aumentando as chances de complicações graves, mesmo que os sinais iniciais sejam discretos. É aí que reside o maior perigo.
O neurologista Maciel Pontes, do Hospital de Base do DF, destaca a importância de uma avaliação médica criteriosa em casos de acidentes, como o que aconteceu com Lula. “Nos idosos, os ferimentos na cabeça podem resultar em complicações graves devido à maior vulnerabilidade do cérebro com o envelhecimento”. Um golpe também pode piorar condições pré-existentes, como o declínio cognitivo, e retardar o processo de recuperação.
Com o envelhecimento, a capacidade de regeneração celular do cérebro diminui, tornando o idoso mais suscetível a sequelas permanentes, tanto físicas quanto cognitivas, após traumatismo cranioencefálico. Pontes ressalta que deve-se procurar atendimento médico imediato caso o idoso apresente alguns sintomas após uma pancada na cabeça.
“Desmaios, confusão mental, dor de cabeça intensa e persistente, náuseas ou vómitos, sonolência excessiva, dificuldade para falar ou movimentar-se, convulsões ou visão turva são sinais claros de que pode haver uma lesão grave. Estes sintomas requerem atenção médica urgente”, alertou.
A falta de tratamento adequado para esses sintomas pode levar a complicações adicionais, como piora das funções cognitivas, perda de memória e dificuldade de concentração, além de problemas emocionais, como depressão e ansiedade. Nos casos mais graves, pode haver uma deterioração progressiva da função cerebral, o que torna o idoso mais suscetível a novas quedas e subsequentes traumas.
A neurologista Carolina Alvarez reforça que as complicações decorrentes de uma pancada na cabeça nem sempre aparecem de forma imediata. “Embora haja maior risco de sangramento nesses pacientes, às vezes você pode ter impactos maiores, mas sem sangramento visível naquele momento. Os sintomas podem aparecer em uma fase mais crônica, dias ou semanas depois”, alerta. Essa condição de sangramento tardio é particularmente perigosa porque pode passar despercebida no início, fazendo com que a lesão piore com o tempo.
Prevenção
O médico destaca que prevenir acidentes com idosos é tão importante quanto a cura e cita medidas simples, mas eficazes para reduzir o risco de quedas em casa. “Instalar barras de apoio no banheiro, retirar tapetes soltos ou qualquer objeto que possa fazer o idoso escorregar e prestar atenção ao tipo de calçado que ele usa são ações fundamentais para prevenir quedas e traumas”, orienta.
Após um traumatismo cranioencefálico, mesmo que o idoso não apresente sinais claros de anormalidade, é importante observar atentamente seu comportamento nas primeiras 24 a 48 horas. Isso ocorre porque muitos sintomas podem aparecer gradualmente. Segundo especialistas, é fundamental monitorar a cognição do idoso, verificando se ele está lúcido e se a memória está intacta.
*Estagiário sob supervisão de Vinicius Doria
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