Os moradores do Rio de Janeiro vivem com medo. Desde a semana passada, episódios de violência deixaram pessoas inocentes mortas, moradores em pânico, propriedades vandalizadas e uma cidade perplexa com as ações da sua polícia. Nesta quinta-feira (24/10), um intenso tiroteio entre policiais militares e criminosos causou a morte de três pessoas e ferimentos em outras duas, o que nada teve a ver com a operação deflagrada para combater uma quadrilha de roubo de cargas e veículos na Zona Norte do cidade.
A Avenida Brasil, principal via de entrada e saída da capital, foi bloqueada durante a troca de tiros. Nas redes sociais, vídeos e fotos registraram o desespero das pessoas — muitos carros e ônibus abandonados em busca de abrigo nos muros de proteção das estradas. Ninguém conseguia entender por que uma operação desse porte era realizada logo pela manhã, na principal via da cidade e nos horários de pico, quando as pessoas saíam de casa para ir trabalhar e estudar.
O governador Cláudio Castro (PL), em resposta aos jornalistas, disse que a reação dos bandidos foi um ato de “terrorismo”. “A polícia sabia o que estava fazendo. Infelizmente tivemos uma reação muito desproporcional dos traficantes. O que vimos foi um ato de terrorismo”, disse o governador.
Na tentativa de impedir a chegada da PM em pontos estratégicos, os criminosos atearam fogo em carros e montaram barricadas nos pontos de acesso às comunidades próximas. Segundo a porta-voz da Polícia Militar, Cláudia Moraes, “as tropas enfrentaram forte resistência dos criminosos e dificuldade de avançar no terreno por causa dos fossos que cavaram”.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), não hesitou em criticar o que chamou de “falta de comando” do governador e da Secretaria de Segurança do estado. “Essa loucura que está acontecendo na Avenida Brasil, principal via da cidade, fechando trens, BRT, carros parados, gente atrás de muros, essa vergonha que mostra o total descontrole de vocês com a segurança”, disse, em vídeo postado nas redes sociais.
“Então, secretário (Segurança do Estado, Victor César Santos), você será cobrado pelo prefeito da cidade, nós vamos te mostrar o tempo todo porque essa cidade não aguenta mais essa irresponsabilidade. ao crime, sem que vejamos uma política pública de segurança pública, sem que tenhamos clareza sobre o que vocês estão fazendo, continuaremos cobrando”, disse. Paes afirmou que as críticas não são contra a Polícia Militar ou Civil, mas sim, a “falta de comando”.
Um estudante de 24 anos, que não quis ser identificado, disse ao Correspondência que preferiu não ir à aula ontem porque o ônibus que ela costuma pegar passa pela Avenida Brasil. “É o medo de ir para o curso e não poder voltar para casa, ou o pior me acontecer na rua”, lamentou.
Na Assembleia Legislativa, os deputados Rodrigo Bacellar (União) e Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSD) cobraram ação imediata dos governos estadual e federal para acabar com a rotina de medo e violência entre os cariocas. “Chegou a hora de conversarmos com o governador Cláudio Castro, de chamarmos o presidente da República, o ministro da Justiça, o chefe da Polícia Federal, o Supremo Tribunal Federal, os deputados, os governadores dos estados, e buscarmos uma solução nacional que comece pelo Rio de Janeiro”, disse Bacellar.
Corrêa, por sua vez, disse que nunca viu a PM “agir sem o devido conhecimento do que enfrentará do outro lado”.
Erros de planejamento
O Rio de Janeiro ganhou as manchetes no Brasil devido aos episódios violentos que a cidade viveu ao longo deste ano. Operações policiais que resultam em tiroteios em comunidades, sequestros de ônibus, desaparecimentos de pessoas e até brigas envolvendo torcedores de futebol só têm aumentado o sentimento de insegurança que domina os moradores da cidade. Só na Zona Oeste, ocorreram dois sequestros de ônibus neste mês. Na mesma região, torcedores do time uruguaio Peñarol provocaram um rompimento na orla, o que gerou nova discussão entre a Secretaria de Segurança do estado e a prefeitura. O secretário de Segurança, Victor César Santos, afirmou, após o motim, que a decisão do desembarque dos torcedores no Recreio partiu da prefeitura, que negou veementemente a informação. Horas depois, o secretário estadual de Segurança admitiu “houve um erro de planejamento”.
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