Rogério Andrade, considerado hoje o maior bicheiro do Rio de Janeiro, foi preso nesta terça-feira (29) junto com outras cinco pessoas, acusado de ordenar a morte do criminoso rival Fernando Miranda Iggnácio, em 2020. A prisão ocorreu no condomínio de luxo onde mora, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, após denúncia apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Andrade controla barracas de Jogo do Bicho e caça-níqueis espalhados pela cidade, sendo considerado uma figura influente e temida na região. Segundo o GAECO, o criminoso havia ordenado o assassinato do rival bicheiro Fernando Iggnácio em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes há quatro anos, eles disputavam há mais de 10 anos por saques na região. Iggnácio foi baleado com fuzil em um heliporto.
Coisa de família
Rogério Andrade tem 61 anos e é sobrinho de Castor Andrade, um dos nomes mais conhecidos do futebol carioca. Castor morreu em 1997, mas não herdou o patrimônio da contravenção para o sobrinho Rogério. Coube a Paulo Roberto de Andrade, conhecido como Paulinho, filho de Castor, e Fernando Iggnácio, que era seu genro e braço direito, assumir os pontos do jogo.
Com a herança dividida, Iggnácio cuidou das máquinas caça-níqueis e Paulinho cuidou das baias dos animais. Paulo Roberto de Andrade foi assassinado um ano depois do pai, em 1998, em crime atribuído a Rogério, pois o sobrinho de Castor acreditava que ele tinha direito à herança. Após a morte do primo, assumiu parte dos negócios que pertenciam a Paulinho e passou a avançar sobre os de Iggnácio.
Rogério esteve envolvido em lavagem de dinheiro, subornou policiais, praticou corrupção ativa para sustentar seu negócio, cometeu lesões corporais e ordenou homicídio. Segundo a Polícia Federal, uma disputa entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio, de 1999 a 2007, resultou em 50 mortes.
No dia 10 de novembro de 2020, Fernando Iggnácio foi assassinado no estacionamento de um heliponto no Recreio dos Bandeirantes, ele voltava de uma viagem a Angra dos Reis quando foi atingido na cabeça por vários tiros de fuzil. Segundo a investigação, a morte do genro de Castor foi ordenada exatamente por Rogério Andrade, denunciado em março de 2021, um ano após a morte do rival. Porém, em fevereiro de 2022, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria de votos, suspender a ação penal por falta de provas.
Patrono na escola de samba
Rogério Andrade é patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e marido de Fabíola Andrade, rainha de bateria do grupo. Assim como Castor, seu sobrinho é um dos mantenedores da escola e é considerado presidente honorário da associação. Segundo as investigações, um dos objetivos da ligação da família Andrade com a escola Samba Mocidade era supostamente ajudar na lavagem de dinheiro de contravenções.
O Correspondência tenta contato com a defesa de Rogério Andrade. O espaço permanece aberto para possíveis manifestações.
*Estagiária sob supervisão de Jaqueline Fonseca
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