O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (11/07) os resultados de um novo levantamento detalhado sobre Favelas e Comunidades Urbanas, com base em dados do Censo 2022. O estudo revela um cenário crescente e preocupante: atualmente, 8,1% da população brasileira vive em áreas consideradas favelas, representando um aumento significativo em relação a 2010, quando 6% da população vivia nessas condições.
A Rocinha, localizada na zona sul do Rio de Janeiro, destaca-se como a favela mais populosa do país, com 72.021 habitantes e 30.371 domicílios. Logo atrás está Sol Nascente, em Brasília (DF), com 70.908 moradores e 21.889 domicílios. Em terceiro lugar, Paraisópolis, em São Paulo (SP), abriga 58.527 pessoas.
O aumento da população nessas comunidades também se reflete na expansão do número total de favelas e comunidades urbanas identificadas pelo Censo. Em 2010, foram cadastradas 6.329 dessas áreas; Em 2022, esse número praticamente dobrou, chegando a 12.348. Juntas, essas comunidades abrigam hoje mais de 16,3 milhões de brasileiros.
Desigualdade regional e perfil populacional
A pesquisa também aponta desigualdades regionais e características demográficas específicas nas favelas brasileiras. Entre as vinte maiores comunidades do país, oito estão na Região Norte, sete em Manaus (AM), indicando alta concentração na Amazônia, onde cerca de 34,7% da população amazonense vive em áreas de favela — a maior proporção entre as estados brasileiros. Em seguida, o Amapá tem 24,4% da população vivendo em favelas, e o Pará, 18,8%.
Outro dado importante é o perfil etário: a população da favela é mais jovem que a média nacional, com idade mediana de 30 anos, enquanto a média do país é de 35 anos. Além disso, a taxa de envelhecimento é consideravelmente menor nessas comunidades. Enquanto o Brasil tem 80 idosos para cada 100 crianças, nas favelas essa proporção é de 45 idosos para cada 100 crianças.
Em relação à diversidade racial, os dados mostram maior representatividade de pardos (56,8%) e pretos (16,1%) nas favelas em comparação ao total nacional, onde esses grupos representam, respectivamente, 45,3% e 10,2% da população. A proporção de brancos nas favelas (26,6%) é muito inferior à taxa nacional de 43,5%.
Infraestrutura e serviços públicos
Outro ponto abordado pela pesquisa são as condições de infraestrutura e acesso a serviços essenciais. O levantamento indica a presença de 958.251 estabelecimentos nas favelas, sendo 7.896 de ensino, 2.792 de saúde e impressionantes 50.934 estabelecimentos religiosos. Esses números revelam um aspecto interessante da organização social e religiosa nas favelas: para cada estabelecimento de saúde existem 18,2 estabelecimentos religiosos e, para cada instituição de ensino, existem 6,5 espaços religiosos.
As disparidades no acesso aos serviços básicos reforçam a importância das políticas públicas que visam a melhoria das condições de vida destas populações, que convivem diariamente com desafios económicos, sociais e de segurança.
A expansão das favelas e a presença crescente de jovens nesses territórios refletem a necessidade urgente de soluções que vão além da regularização fundiária. As favelas, tradicionalmente vistas como áreas marginalizadas, abrigam uma parcela crescente da população urbana e exigem políticas que integrem essas regiões à dinâmica das cidades, promovendo mais oportunidades e acesso a direitos básicos.
Com os resultados do Censo 2022, fica claro que a urbanização no Brasil precisa ser repensada, considerando o impacto social e humano das favelas, que representam uma parcela significativa da população e revelam a complexa realidade socioeconômica do país.
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