Um tropeço no banheiro de casa quase tirou a vida de Lázaro Natal, 78 anos, em uma pequena cidade do interior de Minas Gerais. No dia do acidente, a esposa do aposentado viajava para visitar os netos, deixando Lázaro sozinho para cuidar da casa. Ele costumava ser independente, mas pela manhã uma simples ida ao banheiro se transformava em um momento de desespero. Durante o banho, Lázaro escorregou e sofreu uma queda violenta, ferindo gravemente o fêmur.
A dor impediu Lázaro de se levantar e ele ficou minutos imobilizado no chão frio do banheiro. Sem ninguém por perto para ajudá-lo, o idoso rastejou em direção ao telefone fixo da casa. Ele ligou para a filha, Luciene, em Brasília. Da capital federal, a filha de Lázaro conseguiu contatos conhecidos na cidade que pudessem ajudar o pai.
Luciene Maria, 55 anos, não esquece o dia em que recebeu a ligação do pai e o desespero que sentiu. “A situação foi complicada porque não havia como saber de longe a gravidade do que aconteceu”, afirma. “Liguei para amigos, vizinhos, praticamente todo mundo que pude. Ele sempre foi muito independente, gostava de sair e passear, a gente até acha que poderia acontecer, mas nunca achamos que vai acontecer nessa hora”, relatou a filha.
Assim como Lázaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu um acidente doméstico no Palácio da Alvorada, em Brasília, no dia 19 de outubro. O chefe de Estado bateu a cabeça, teve duas lesões cerebrais e precisou de cinco pontos. No início deste mês, um acidente semelhante com outra personalidade, o cantor Agnaldo Rayol, teve desfecho trágico. Aos 86 anos, o artista morreu após cair no próprio apartamento, na madrugada, em São Paulo.
(foto: Valdo Virgem)
Todos os dias, em média 63 idosos procuram atendimento hospitalar no Brasil após caírem da própria altura. Desse total, 19 não sobreviveram ao trauma e faleceram. Dados do Ministério da Saúde revelam que esse tipo de acidente tem crescido rapidamente no país. É a terceira causa de mortalidade entre pessoas com mais de 65 anos.
As quedas mataram 70.516 idosos entre 2013 e 2022 no país. Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), entre os idosos com 80 anos ou mais, 40% sofrem acidentes desse tipo a cada ano. O fenômeno é global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 28% e 35% das pessoas com mais de 65 anos sofrem quedas pelo menos uma vez por ano. Essa taxa sobe para 32% e 42% entre os idosos com mais de 70 anos.
O médico Luiz Eduardo Sampaio, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, explica que dois tipos de idosos correm maior risco de cair: os que já apresentam pior saúde e os que estão em um ambiente favorável a acidentes. Os medicamentos também são um fator de risco.
“Algumas doenças podem promover quedas, como as labirínticas, que causam tontura. Pacientes que tomam medicamentos que podem diminuir a glicose ou reduzir excessivamente a pressão arterial podem sentir-se mal e acabar caindo. Quanto mais medicamentos o paciente toma, maior é o risco de interação entre eles, aumentando o risco de quedas”, alerta Sampaio.
“Além disso, tem a questão do meio ambiente. O banheiro, por exemplo, é o local da casa onde os idosos mais caem, principalmente na hora de tomar banho, pois o chão fica molhado. Muitas vezes, os idosos não possuem tapete antiderrapante ou barras de apoio no banheiro, o que aumenta o risco de quedas”, acrescenta o médico.
A geriatra Priscilla Mussi afirma que as quedas em idosos não têm uma causa única. Geralmente resultam de uma combinação de fatores físicos e ambientais. Para ela, pequenas adaptações no ambiente — retirada de carpetes, boa iluminação, instalação de barras de apoio nos banheiros e uso de calçados com frente fechada — são eficazes na prevenção desses acidentes. A prática de exercícios como Tai Chi Chuan, musculação, hidroginástica e fisioterapia de equilíbrio auxiliam no desenvolvimento muscular, de forma a conferir ao idoso maior resistência a quedas e acidentes.
Mussi lista os motivos mais frequentes de acidentes domésticos envolvendo idosos. “Os idosos caem por diversos motivos, mas os principais são fraqueza muscular, diminuição do equilíbrio, perda de sensibilidade por distúrbios neurológicos — em consequência de doenças crônicas, por exemplo, diabetes descompensada —, além da redução da visão e da audição e dos flancos. efeito de alguns medicamentos”, explica o especialista.
Prevenção
Identificar se os idosos também são mais suscetíveis a quedas graves é um passo importante para a prevenção. Segundo Sampaio, é preciso verificar se o idoso apresenta sinais físicos de que está suscetível a quedas, como baixa massa muscular ou observar os efeitos dos medicamentos.
É preciso ter atenção redobrada caso o idoso já tenha caído mais de uma vez. “É muito importante observar o paciente que já caiu. Um paciente que sofreu uma queda tem um fator de risco muito elevado para cair novamente. Tem paciente que cai duas, três, quatro, até cinco vezes por ano. Em algum momento, podem sofrer uma fratura ou trauma cerebral”, alerta.
Em caso de acidente, ambos os especialistas alertam que é sempre recomendado procurar ajuda médica imediatamente. Caso o idoso sofra perda de consciência, é necessário acionar o Serviço de Assistência Médica Ambulatorial (Samu), pelo telefone 192, antes de tentar levantar o idoso. Luiz Eduardo Sampaio ressalta que é sempre importante entender o motivo da queda: se foi um obstáculo do ambiente ou uma perda repentina de consciência do idoso.
“Se o idoso tropeçar e cair, é importante tomar todos os cuidados para não se machucar, mas, a princípio, foi um acidente. Agora, se o idoso estava lá e desmaiou repentinamente, além da preocupação com ferimentos e fraturas por bater na cabeça, é fundamental investigar o que causou o desmaio. Nestes casos, mesmo que o idoso recupere a consciência, é recomendado levá-lo ao hospital”, descreve o geriatra.
“Se a queda foi presenciada, é uma situação; mas, caso alguém chegue em casa e encontre o idoso caído no chão, sem saber como aconteceu, a recomendação é levá-lo ao hospital. Em casos de quedas não testemunhadas, não se deve hesitar. Não se sabe se ele bateu a cabeça, o quadril ou se desmaiou. Portanto, em casos de quedas não presenciadas, é sempre recomendado levá-los ao hospital”, finalizou.
*Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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