Quase um mês após o assassinato do advogado Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, no Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, policiais militares da Rota (grupo de elite da Polícia Militar de São Paulo) prenderam, nesta sexta-feira (12/6), Marcos Henrique Soares, suspeito de ajudar na fuga dos autores do crime. A informação foi dada primeiramente pelo próprio governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em suas redes sociais. Segundo a postagem, foram encontradas munições e cartuchos de fuzil com o suspeito. A prisão foi feita em Guarulhos, cidade da região metropolitana de São Paulo onde o crime foi cometido.
Gritzbach foi um dos principais denunciantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), organização criminosa que nasceu nos presídios de São Paulo e, hoje, controla o crime organizado em vários estados brasileiros. Ele foi morto com 10 tiros de fuzil após desembarcar. Segundo as investigações, Marcos Henrique Soares foi quem resgatou os dois assassinos do advogado e ajudou a fugir de um terceiro suspeito de participação no crime — Kauê Amaral Coelho, 29 anos — para o Rio de Janeiro. Kauê foi preso pela polícia sob suspeita de envolvimento no tráfico de drogas.
Soares foi encaminhado ao Departamento de Homicídios e Proteção Individual (DHPP) depois que a força-tarefa montada pelo governo paulista para investigar o crime descobriu seu esconderijo. Segundo a polícia, o suspeito utilizou um Audi preto para fugir dos agressores, que chegaram ao aeroporto em outro carro preto, modelo Gol. Os dois veículos foram cedidos pelo sócio de Kauê em uma vinícola da capital paulista, Matheus Augusto de Castro Mota, 33 anos. Os dois são considerados foragidos da Justiça, com ordem de prisão temporária expedida. Kauê é apontado pelos investigadores como o batedor que monitorou a movimentação de Gritzbach no aeroporto. Um dos dois atiradores já foi identificado pela polícia, segundo a própria corporação.
Kauê e Matheus foram detidos temporariamente e estão foragidos. O primeiro foi citado como o batedor que testemunhou a saída de Gritzbach do aeroporto e avisou seus cúmplices. A Polícia Civil de SP continua em busca dos autores da execução e de seus mandantes, bem como dos motivos que levaram ao crime. A Secretaria de Segurança do estado oferece recompensa de R$ 50 mil para quem ajudar a encontrar os assassinos do denunciante do PCC. As investigações são realizadas em segredo de Justiça.
O advogado assassinado havia denunciado ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) o envolvimento de agentes da Polícia Civil com o PCC. Portanto, foi considerado um arquivo vivo das operações criminosas da facção e das relações corruptas com membros das forças de segurança paulistas. Devido ao risco de retaliação do PCC, o advogado contratava policiais militares fora de serviço como seguranças particulares, o que é ilegal. Todos os policiais envolvidos na escolta de Gritzbach são considerados suspeitos de participação na execução e estão afastados do trabalho, assim como os policiais civis denunciados pelo advogado por colaboração com a facção criminosa.
À luz do dia
No dia 8 de novembro, após desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, Gritzbach foi baleado por dois homens encapuzados em plena luz do dia, em frente à entrada do saguão do Terminal 2. O motorista de aplicativo Celso de Novaes, 41 anos, foi atingido nas costas por um tiro de fuzil e morreu após dar entrada na UTI do Hospital Geral de Guarulhos. Ele teve três filhos. Outras três pessoas também foram baleadas e atendidas em unidades de saúde da região.
Com base em imagens de câmeras de segurança, a polícia conseguiu seguir os passos dos criminosos em fuga e descobriu que eles foram resgatados pelo Gol preto, que acabou abandonado alguns quilômetros à frente, assim como as armas utilizadas pelos assassinos. Os três então embarcaram em um ônibus de transporte público. O motorista deste carro preto ainda não foi identificado. Segundo o Ministério Público estadual, uma mensagem de áudio interceptada pelos investigadores revelou que o PCC havia prometido pagar até R$ 3 milhões a quem matasse o denunciante.
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