O mês de dezembro é sinônimo de férias e verão, aumentando a necessidade de proteção contra os raios solares. O câncer de pele continua sendo o tipo mais comum no Brasil, com índices alarmantes. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 220 mil novos casos de câncer de pele não melanoma são registrados anualmente no país, o que representa 31,3% de todos os diagnósticos de câncer.
Apesar da alta incidência, esta é uma doença altamente evitável. A campanha Dezembro Laranja busca conscientizar a população sobre os perigos da exposição ao sol, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a ação busca conscientizar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, que evita a progressão de casos.
A dermatologista Regina Buffman explica que essa doença ocorre quando as células da pele se multiplicam de forma descontrolada e pode ser classificada em três tipos principais: carcinoma basocelular (o mais comum e menos agressivo), carcinoma espinocelular (mais grave que o basocelular, principalmente se não tratado) e melanoma (o mais agressivo e com maior risco de metástase, porém menos comum).
Independentemente do tipo, Buffman alerta sobre a necessidade de atenção e tratamento adequado. “Identificar precocemente lesões suspeitas pode aumentar significativamente as chances de cura”, destaca a dermatologista.
Ficar atento aos sinais da pele pode salvar vidas, conforme destaca a especialista. Entre os principais sinais de lesões suspeitas estão “lesões que não cicatrizam em 4 semanas, manchas ou manchas que mudam de cor, tamanho, formato ou apresentam bordas irregulares, além de feridas que sangram ou apresentam crostas persistentes”.
Buffman também diz que manchas ou nódulos assimétricos e multicoloridos e áreas espessadas na pele são sinais de atenção. Para ajudar na identificação, o médico sugere o método ABCDE: Assimetria, quando metade da pinta é diferente da outra; Arestas irregulares, que não possuem contorno definido; Cor variada, com mais de uma tonalidade; Diâmetro, geralmente superior a 6 mm; e Evolução, indicando mudanças ao longo do tempo.
Filtro solar
Segundo o pesquisador oncológico Daniel Machado, o uso de protetor solar e evitar a exposição prolongada ao sol precisam ser os principais aliados para um verão sem riscos. “Esses são os dois pontos principais, diagnóstico precoce e prevenção. Aqui no Brasil é recomendado usar no mínimo o fator 30, mas quem tem pele mais clara deve optar pelo FPS 50 ou até mais”, afirma.
O especialista reforça ainda que evitar exposição prolongada ao sol, principalmente entre 10h e 16h, e adotar roupas de proteção, como chapéus, óculos escuros e roupas de mangas compridas, são atitudes simples que fazem toda a diferença.
A recomendação é reaplicar o protetor solar a cada duas horas, principalmente se estiver exposto diretamente ao sol. Se estiver dentro de casa, a reaplicação deve ser feita a cada quatro horas. Nas atividades ao ar livre, Rachel Buffman ressalta que é recomendado o uso de protetores solares resistentes à água e à transpiração.
A dermatologista destaca ainda a importância do uso diário do protetor e da aplicação da quantidade correta. “Cerca de uma colher de chá para rosto e pescoço e uma colher de sopa para cada braço, perna, peito, costas e abdômen”, recomenda.
Marcelo Martins, hoje com 49 anos, descobriu o melanoma em 2013. Sem o hábito de usar protetor solar e de cuidar pessoalmente da pele, o administrador de empresas passou a prestar mais atenção aos sinais após a confirmação do câncer de seu pai. “Foi aí que resolvi cuidar mais da minha saúde, resolvi prestar um pouco mais de atenção, coisa que nunca tinha feito até então. Eu já estava com uma marca muito, muito estranha no ombro, que era o local do melanoma”, conta.
“Algumas vezes as pessoas até me disseram para olhar e eu nunca olhei. Naquela época eu priorizei e fui procurar na internet, vi imagens muito parecidas com a marca que eu tinha e todas as explicações sobre o melanoma. me deixou feliz. Me fez consultar um dermatologista na primeira segunda-feira depois do fim de semana”, diz Marcelo.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico, confirmado por biópsia, revelou que o melanoma estava em estágio inicial, o que evitou a necessidade de procedimentos mais invasivos. Segundo o administrador, o mais difícil foi a angústia e a ansiedade enquanto aguardava o resultado da análise, antes de saber que o caso não era tão grave quanto se temia.
A experiência com o melanoma mudou profundamente a forma como Marcelo encara a saúde e os cuidados com a pele. Passou a adotar rigorosas medidas preventivas e a difundir a importância da proteção: “Não só em mim, mas também comecei a me prevenir para meus familiares e amigos, contando um pouco da história, do que passei e tentando divulgar a importância da uso de protetor solar.”
Marcelo afirma ainda que aprendeu a importância de evitar muitas pesquisas sobre doenças na internet. Segundo ele, “geralmente você acaba lendo as piores notícias”, o que tem impacto psicológico negativo. Em vez disso, destaca a importância de procurar aconselhamento médico.
O diagnóstico precoce teve grande impacto em sua rotina, despertando nele a necessidade de cuidar melhor de si mesmo. “Fez-me sentir a necessidade de estar mais atento à minha saúde, de visitar mais médicos, de fazer check-ups com mais frequência”, afirma.
A verruga estava presente em seu corpo há anos, Marcelo diz que só percebeu ao revisar fotos antigas. Ele se considera sortudo por ter descoberto a doença precocemente e ressalta que é preciso estar sempre atento a qualquer alteração na pele.
*Estagiário sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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