Além de lutar para aumentar os níveis de vacinação da população e de casos de perda de milhões de vacinas por prazo de validade, o Ministério da Saúde enfrenta um grave problema: a falta de insulina em hospitais e farmácias. O problema tem sido destacado por médicos e pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF). Segundo a agência, alertas sobre a falta do medicamento são feitos desde março de 2024 e os médicos que atendem pacientes com diabetes estão preocupados com os riscos de desabastecimento.
“Muitas vezes ficamos reféns do mercado externo e da capacidade de produção industrial de outros países. E o que está acontecendo nessa questão da insulina é nacional”, disse a presidente do CRM-DF, Lívia Vanessa Ribeiro Gomes Pansera, em entrevista para o Correspondência. Segundo ela, a entidade chegou a fazer um vídeo estimando que há problema na produção do medicamento.
“Não está muito claro se essa questão é apenas um problema de capacidade de abastecimento ou se também tem a ver com planejamento, porque, muitas vezes, quando essas empresas começam a ter problemas de abastecimento, avisam todo o mercado. planeamento adequado. As pessoas deixam lá as comunicações quando chega uma situação emergente”, frisou. Problemas de abastecimento nos hospitais, segundo ela, ocorrem desde março do ano passado.
Pansera destacou que há um avanço enorme, uma variedade importante, nos tipos de insulina e que melhora a qualidade de vida dos pacientes com diabetes e pode individualizar esse cuidado, porque, às vezes, não é só uma receita de bolo. “O que é igual para um não é igual para outro. Cada um terá seus níveis de necessidades diferentes, então tem a questão da produção, mas também tem esse problema de planejamento governamental”.
O presidente do CRM-DF destacou ainda que, na altura da pandemia de covid-19, houve falta de fornecimento de medicamentos anestésicos e bloqueadores neuromusculares, mas o fornecimento destes medicamentos “aparentemente está regularizado”.
“Sempre temos algumas doenças negligenciadas que acabam tendo dificuldade de produção, porque, comercialmente, são medicamentos que ficaram muito baratos e os fabricantes não têm muito interesse comercial. escala de números. E o maior problema que vemos agora é a insulina. Esse problema está sinalizado desde março e, por isso, a gente toca também nessa questão de planejamento, porque quando você começa a perceber que tem um problema de abastecimento, o que você tem que fazer. O que fazer é verificar com o mercado”, disse ele.
Ainda segundo Pansera, atualmente há pacientes que necessitam exclusivamente de tratamento com insulina, mas para outros, principalmente aqueles com diabetes tipo 2, é possível encontrar aqueles que poderiam se beneficiar de outros medicamentos que utilizam tecnologia mais recente. Ele também enfatizou que é possível tratar o diabetes sem insulina.
“Na rede pública, o básico para pacientes com diabetes, você tem os tradicionais hipoglicemiantes orais, eles são escassos, e a alternativa seriam alguns que até reduzem o risco cardiovascular, mas são mais caros, e os pacientes poderiam se beneficiar, seria ser uma forma de comprar outros medicamentos. É uma forma de atingir um público e economizar dinheiro, por assim dizer, direcionando a insulina para esse público”, explicou.
O CRM-DF fez solicitação à Secretaria de Saúde do Distrito Federal e ao Ministério da Saúde para o mapeamento do medicamento e não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Restrição mundial
Procurado, o Ministério da Saúde negou, por meio de nota enviada ao Correspondênciafalta de insulina no país, mas admitiu que há restrição mundial no fornecimento do medicamento. Além disso, informou que o fornecimento do medicamento “está garantido até ao final de 2025”. “Não falta insulina no Sistema Único de Saúde. Para superar o problema mundial de restrição no fornecimento de insulina, o Ministério da Saúde assinou acordo para antecipar a entrega de 1,8 milhão de unidades de insulina até o final de dezembro, garantindo o fornecimento de insulina até 2025″, refere a nota do departamento chefiado pela ministra Nísia Trindade.
Segundo dados do ministério, até outubro do ano passado foram distribuídas 49,9 milhões de unidades de insulina NPH e 10,7 milhões de insulina regular (frascos e canetas) para atender a demanda de estados e municípios. “Os cidadãos com indicação médica para uso de insulina que enfrentem dificuldades na obtenção do medicamento nas farmácias privadas, incluindo as vinculadas ao programa Farmácia Popular, deverão procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima para atendimento”, acrescenta o comunicado.
Segundo o ministério, os governos regionais também são responsáveis pela compra do produto. “Os medicamentos risperidona 1 mg, maleato de enalapril e cloridrato de amitriptilina são responsáveis pela programação, aquisição e dispensação dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, com repasse de recursos financeiros pelo Ministério da Saúde, que é regulamentado por parte do União”, completou a nota.
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Sobre as vacinas vencidas, o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), Eder Gatti, afirmou que as taxas de cobertura dos imunizantes melhoraram desde o início do atual governo e que o órgão monitora os prazos de validade dos estoques e orienta estados e municípios façam o mesmo.
Gatti informou que houve um “caso específico” com as vacinas contra a Covid-19 da Moderna, “que chegaram com prazo de validade curto”, mas que estão sendo trocadas pelo fabricante. “No total, 4 milhões de vacinas expiraram e estão sendo trocadas. Enviamos mais 1,2 milhão para estados e municípios e ainda temos 3 milhões para receber”, completou. O técnico garantiu ainda que esta substituição está a ocorrer “sem custos para os cofres públicos”.
O diretor do departamento informou ainda que o governo federal manterá a vacinação nacional contra a Covid-19 apenas para trabalhadores da saúde, idosos, crianças até 5 anos, gestantes e imunocomprometidos. “Só participa do calendário vacinal quem se enquadra nessa lista”, enfatizou Gatti.
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