O caso de um bolo envenenado com arsênico que matou três pessoas da mesma família em Torres, no Rio Grande do Sul, chocou o país nos últimos dias. A mulher que fez o bolo comeu mais fatias. Ela também foi infectada e sobreviveu.
O caso misterioso exigiu muita inteligência e investigação policial e levou à prisão de uma mulher que a polícia posteriormente classificou como assassina em série. Além de matar as três pessoas com o bolo, ela foi responsabilizada pela morte do sogro, falecido em setembro do ano passado.
Mas como a polícia descobriu que um serial killer envenenou uma família com arsênico no bolo?
Equipes multidisciplinares das forças de segurança do Rio Grande do Sul atuaram de forma integrada. Foram realizadas necropsias, análises químicas e toxicológicas para esclarecer o caso e encontrar evidências científicas para a investigação.
O Instituto Geral de Perícia Forense do Rio Grande do Sul analisou materiais biológicos das vítimas. Entre as cerca de 90 amostras analisadas, foram verificados conteúdo estomacal, sangue e urina. Os níveis de arsênico no sangue estavam de 20 a 60 vezes acima da faixa de concentração considerada tóxica em humanos, afastando a hipótese de intoxicação alimentar, contaminação ocupacional, acidental ou natural.
Com análises técnicas, o especialista confirmou que a farinha utilizada no preparo do bolo tinha concentração de 65 gramas de arsênico por quilograma, cerca de 2,7 mil vezes maior que a encontrada no próprio alimento.
A forma mais comum de arsênico é uma substância branca, insípida e inodora. Dessa forma, o acusado do crime misturou o item à farinha, o que passou despercebido por quem manuseava o ingrediente. Para identificar a substância na cozinha da família, o Instituto Geral de Perícias utilizou um aparelho chamado XRF, que tem como princípio a fluorescência de raios X e detecta metais como o arsênico.
Além das vítimas do bolo, a suspeita será responsável pela morte do sogro, cujo corpo foi exumado. Ele morreu em setembro do ano passado sob suspeita de infecção alimentar. A necropsia pós-exumação revelou que seu corpo também continha altos níveis de arsênico.
“Está cada vez mais distante alguém cometer um crime sem que a perícia criminal descubra. Nossos resultados vêm da ciência, e a ciência não mente. É muito importante que sejamos capazes de responder e ser decisivos. Os investimentos realizados em perícia criminal pelo governo do Estado, tanto em recursos humanos quanto financeiros, demonstram o compromisso com a celeridade do trabalho forense”, destaca a diretora geral do Instituto Geral de Perícia (IGP) Marguet Mittmann.
*Com informações da Ascom do General Institute of Expertise (IGP)
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