A Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo prendeu nesta quinta-feira (16/1) um policial militar da ativa suspeito de ser o atirador responsável pela execução do empresário Vinícius Gritzbach, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no ano passado. A prisão é desdobramento de uma operação contra a corrupção dentro da corporação, para desmantelar uma rede de policiais suspeitos de vazar informações confidenciais ao Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do país.
Vinícius Gritzbach, assassinado em novembro de 2024, foi acusado de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro do PCC e havia feito acordo de delação premiada com o Ministério Público, entregando nomes de integrantes da facção e denunciando policiais envolvidos no crime organizado. Sua morte, ocorrida em plena luz do dia e registrada por câmeras de segurança, gerou intenso desenvolvimento nas investigações, já que ele foi peça fundamental no combate ao tráfico de drogas e outros crimes cometidos pela facção.
O assassinato de Gritzbach foi cometido por homens encapuzados que usaram rifles para atirar no aeroporto. Câmeras de segurança registraram o momento em que o empresário foi atingido e, durante a fuga, um motorista de aplicativo também foi baleado e morreu. Dias depois do crime, a polícia prendeu dois suspeitos que participaram da execução, que, segundo as investigações, pode ter sido orquestrada por integrantes da facção criminosa.
O foco da operação, porém, ampliou-se quando a Corregedoria da PM descobriu que a morte de Gritzbach estava diretamente relacionada a uma rede de corrupção dentro da corporação. Policiais militares, tanto da ativa quanto da reserva, vazaram informações estratégicas para o PCC, o que permitiu que os criminosos se antecipassem às ações policiais, evitando prisões e outros prejuízos. Com base em denúncia anônima recebida em março de 2024, a Corregedoria iniciou uma investigação para apurar o envolvimento de PMs no vazamento de informações confidenciais.
Em outubro do mesmo ano, novas denúncias surgiram, incluindo fotos que mostravam policiais militares escoltando Gritzbach para uma audiência no Fórum da Barra Funda, o que levou a Corregedoria a intensificar a investigação.
Detalhes da investigação
A Corregedoria descobriu então que Gritzbach utilizava policiais para sua escolta particular, prática que revelou a íntima relação entre integrantes da PM e a organização criminosa. A investigação também revelou que policiais militares estavam envolvidos em um esquema para proteger e vazar informações sensíveis, facilitando as operações do PCC. Uma das maiores descobertas foi a confirmação de que um grupo de PMs estava fornecendo detalhes sobre as movimentações policiais, permitindo que os criminosos se protegessem de operações e ataques contra suas atividades ilegais.
Além do PM preso, que foi identificado como um dos autores do crime, outros 13 policiais militares também foram presos durante a operação, e há mandados de prisão em aberto para outro policial.
*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes
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