O cabo da Polícia Militar de São Paulo Denis Antonio Martins, de 40 anos, foi preso ontem sob suspeita de ser o assassino de Vinícius Lopes Gritzbach, que chegou a um acordo de delação premiada com a Justiça para entregar detalhes das operações do Primeiro Comando da Capital (PCC). ). Ele foi identificado através do cruzamento de imagens de câmeras de segurança.
O crime aconteceu em plena luz do dia, em novembro passado, minutos depois de o empresário ter desembarcado no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Junto com Denis, outros 14 policiais foram presos preventivamente por fornecerem segurança privada para Gritzbach.
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As prisões são resultado da investigação realizada pela Inspetoria da PM de São Paulo contra a corrupção dentro da corporação. A operação tenta desmantelar uma rede de policiais suspeitos de vazar informações confidenciais ao PCC, considerada a maior facção criminosa do país.
Gritzbach foi acusado de manipular esquemas de lavagem de dinheiro para o PCC e, no acordo com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), entregou nomes de integrantes da facção e de policiais envolvidos com o crime organizado.
Segundo o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, os PMs presos deverão ser expulsos caso sua culpa seja confirmada. “Não serão tolerados desvios de conduta. A PM é uma instituição com mais de 80 mil homens. Mas eles vão responder”, afirmou.
A delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção Individual, afirmou que, com a prisão de Denis, a investigação para encontrar o mandante do homicídio ganha velocidade. “Temos quebras (de sigilo telefônico) que nos levam a outras pessoas, que não são policiais militares. Quanto aos mandantes, temos duas linhas de investigação, ambas (consideram parte de) uma facção. crime encomendado por integrantes do PCC e temos linhas avançadas de investigação”, destacou.
O foco da operação lançada ontem se ampliou quando a Corregedoria da PM descobriu que a morte de Gritzbach estava diretamente relacionada a uma rede de corrupção dentro da corporação. Policiais da ativa e da reserva seriam responsáveis pelo vazamento de informações estratégicas ao PCC. Isto permitiu que os criminosos antecipassem as ações policiais — e evitassem prisões e apreensões de armas, dinheiro ilegal e drogas.
Relatório anônimo
A investigação começou quando uma denúncia anônima, recebida em março de 2024, informava que PMs montaram um esquema para vazar informações confidenciais. Meses depois, em outubro, novas informações surgiram, incluindo fotos que mostravam policiais militares escoltando Gritzbach para uma audiência no Fórum da Barra Funda. Isso levou a Corregedoria da corporação a aprofundar a investigação.
Assim, veio a confirmação de que Gritzbach utilizava PMs para escoltas privadas, prática que revelou a relação entre a Polícia Militar e o PCC. O inspetor da PM, coronel Fábio Sérgio do Amaral, explicou que era evidente que os agentes sabiam que o denunciante era réu no duplo homicídio de líderes de facção e estava envolvido em lavagem de dinheiro.
“Eles tinham ciência disso e, de forma voluntária e consciente, aderiram e continuaram proporcionando segurança pessoal a esse indivíduo. Portanto, foram considerados integrantes da organização criminosa. Os que estavam na escolta foram presos e alguns estavam trabalhando naquele dia (do homicídio). Outros trabalharam em outras datas”, destacou.
Amaral sublinhou que, entre os detidos ontem, um tenente era responsável pela chefia da segurança pessoal de Gritzbach e outro tenente facilitava a passagem de plantão dos seus subordinados, “com a consciência de que estavam a dar segurança a um criminoso”. O fiscal destacou que o grupo de policiais também utilizava carros que imitavam um veículo descaracterizado da corporação.
*Estagiários sob supervisão de Faio Grecchi
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