O ano de 2025 marca os 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto pela ditadura militar no Brasil em 25 de outubro de 1975. A morte ocorreu no DOI-Codi do Exército, em São Paulo. Para homenagear as cinco décadas do assassinato do jornalista, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), com apoio do Instituto Vladimir Herzog, declarou 2025 como o ano Vladimir Herzog.
Ao longo do ano, a ABI manterá um banner no topo do site oficial da associação para divulgar histórias vangloriadas.
A trajetória do jornalista começou em 1959 como repórter no Estado de S. Paulo. No jornal, cobriu a inauguração de Brasília, a visita de Jean-Paul Sartre ao Brasil e a posse de Jânio Quadros. Sua trajetória foi marcada pela defesa da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de expressão.
Segundo Abi, contar a história do jornalista reforça a luta pelos valores da justiça e da democracia na sociedade.
“Contar a história do Vlado é também uma forma de lutar, resistir e contribuir para uma sociedade mais justa e democrática”, afirma Abi.
O Instituto Vladimir Herzog funciona desde 2009. A organização foi criada por familiares e amigos do jornalista para celebrar sua vida e trajetória, em defesa dos direitos humanos.
Trajetória
Vlado passou pela TV Excelsior, BBC Radio de Londres, Vision Magazine, Agência de Publicidade J. Walter Thompson, TV Universitária da UFPE, Opinion Journal e foi professor de Jornalismo na FAAP e ECA-USP.
Além disso, também se dedicou à produção cinematográfica, com o curta-metragem documentário Marimbás. Colaborou também em outras duas obras: futebol underground (Maurice Capovilla) e Viramundo (Geraldo Sarno).
Vladimir Herzog passou duas vezes pela TV Cultura: em 1973, quando coordenou a redação do jornal Hora da Notícias, e em 1975, assumindo a direção de jornalismo em setembro daquele ano.
Assassinato e reações
No dia 24 de outubro, ele foi procurado por militares na delegacia. O jornalista compareceu espontaneamente à sede do Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI/SP), no bairro Paraíso, em São Paulo, para prestar depoimento. Lá, foi assassinado. Vlado foi torturado e, além disso, forjou uma falsa versão de suicídio do jornalista.
Em 1996, a Comissão Especial de Políticos Desaparecidos reconheceu oficialmente que Vlado foi assassinado e concedeu uma indenização à sua família, que ele recusou. Os familiares consideraram que “o Estado brasileiro não deveria encerrar o caso desta forma. Queriam que as investigações continuassem. A certidão de óbito, no entanto, só foi retificada mais de 15 anos depois”, afirmou a ABI em comunicado.
Somente em 2018, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte HDI) condenou o Estado brasileiro pela falta de investigação, bem como pela ausência de julgamento e punição dos responsáveis pela tortura e assassinato de Vlado. O Tribunal Internacional também considerou o Estado responsável pela “violação do direito à verdade e à integridade pessoal, em detrimento dos familiares de Herzog”, afirmou a ABI.
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