A advogada Hortência Menezes, que representa Júlia Andrade Carthermol, suspeita da morte do empresário e namorado Luiz Marcelo Antônio Ormond, disse que embora a cliente seja psicóloga, o fato não exclui que ela possa “manifestar transtorno mental”. A defesa afirmou ainda que Júlia relatou estar “consternada, em estado de choque e lamenta o ocorrido”. A mulher estava foragia desde o dia 22 de maio e foi presa na terça-feira (6/4).
“Gostaria de reafirmar que estamos diante de um caso muito delicado, além de não haver tempo suficiente para que a defesa técnica de Júlia fosse esclarecida em relação às mesmas dúvidas que a sociedade e a imprensa questionam atualmente, principalmente em relação ao o que levou uma psicóloga que exerceu a sua profissão, com boa formação, ensino primário, com família estruturada, a colocar-se numa posição tão difícil e complicada”, refere a nota da defesa.
O advogado de Júlia também menciona a “questão da religiosidade”, em referência à cigana Suyany Breschak, que foi presa temporariamente por suspeita de ter ajudado Júlia a se desfazer dos bens do empresário morto. Ela seria cigana e mentora espiritual do namorado do empresário.
“Uma das partes envolvidas neste caso é um guia espiritual e conselheiro de uma determinada denominação religiosa, porém não seria missão dos ‘padres’ serem responsáveis por animar e encorajar os seus membros, tornando-se exemplos através das suas ações, motivações ? Precisamos também de compreender como foram os onze anos desta relação, de aconselhamento e orientação ‘religiosa’ com o meu cliente, baseada na rentabilização financeira e no medo”? diz a nota da advogada Hortência Menezes.
Júlia teria oferecido ao namorado um brigadeiro envenenado. Segundo a defesa, o suspeito quer colaborar com a justiça e a investigação. “Neste momento tão delicado em que nos encontramos sob nuvens, focamos na integridade física da minha cliente, que, embora seja acusada, entendemos que ela é a chave mestra para o esclarecimento das dúvidas existentes, por isso, devido ao mandado de prisão temporária expedido pelo Tribunal de Justiça, bem como pela angústia e exposição gerada entre seus familiares, conseguimos consenso com a Autoridade Policial e realizamos a apresentação de Júlia no final da noite de terça-feira, com exposição mínima, sem algemas e sem hostilidade”, aponta o advogado.
Veja a nota de defesa de Júlia na íntegra:
A defesa técnica da senhora Júlia Andrade Cathermol Pimenta gostaria primeiramente de expressar nossos sinceros e mais puros sentimentos aos familiares e amigos da vítima, o que torna este caso extremamente delicado, pois estamos diante da vida, o bem mais valioso que existe.
Porém, como advogado, não me cabe julgar os atos praticados pelos meus clientes, nas mais diversas áreas do conhecimento, independentemente de posição social, credo, etnia ou gênero, pois minha missão é garantir o devido processo legal, garantindo à senhora Júlia, o direito à ampla defesa e ao contraditório, até chegarmos à condenação ou à absolvição, que são decorrentes de diversos fatores.
Gostaria de esclarecer, a título de defesa técnica dos acusados, que somente na noite de terça-feira, o download digital contendo a totalidade dos documentos produzidos durante a investigação e referente ao acesso ao processo penal, ainda que digitalmente, devido ao sigilo judicial, ainda estamos aguardando .
Portanto, neste momento não poderemos colaborar no esclarecimento das inúmeras dúvidas que existem sobre o presente caso envolvendo o nosso cliente, onde reconhecemos o valor da imprensa e dos seus profissionais que dedicam inúmeras horas à realização do seu trabalho, com o objetivo de de reportar, esclarecer e informar a sociedade contribuindo com informações.
Contudo, gostaria de reafirmar que estamos diante de um caso muito delicado, além de não haver tempo suficiente para que a defesa técnica da senhora Júlia fosse esclarecida em relação às mesmas dúvidas que a sociedade e a imprensa atualmente questionam, especialmente em relação ao que levou uma psicóloga que exerceu a sua profissão, com boa formação, ensino primário, com família estruturada, a colocar-se numa posição tão difícil e complicada.
Imaginamos que embora ela seja psicóloga, esse fato não exclui a possibilidade de ela ter algum transtorno mental. Outro aspecto que merece muito respeito e um olhar mais aprofundado é a questão da religiosidade, pois uma das partes envolvidas no presente caso é um conselheiro espiritual e orientador de determinada denominação religiosa, mas não seria a missão dos “sacerdotes”. ser responsável por incentivar e encorajar seus associados, tornando-se exemplos através de suas ações e motivações?
Precisamos entender também como foram os 11 (onze) anos desse relacionamento, de aconselhamento e orientação “religiosa” com meu cliente, baseado na monetização financeira e no nome? Esperamos também encontrar respostas nas provas técnicas que serão produzidas com a violação de dados telemáticos e telefónicos e com o sigilo bancário dos envolvidos, incluindo a vítima. Não é em hipótese alguma o objetivo de manchar a imagem ou desacreditar a fé e as inúmeras religiões existentes, mas sim, chamar a atenção de todos, que o elo de ligação entre o “sagrado” e o ser humano, é um ser humano, capaz de de interpretar e colocar as suas necessidades em primeiro lugar, o que é propenso a erros, sem falar nas questões financeiras.
Acreditamos, portanto, que a sociedade precisa refletir e discutir melhor estes pontos, não apenas em termos processuais, a fim de evitar futuros casos semelhantes ao presente caso em que se encontra a minha cliente. Mas, neste momento tão delicado em que nos encontramos sob nuvens, focamos na integridade física da minha cliente, que embora seja acusada, entendemos que ela é a chave mestra para o esclarecimento de dúvidas existentes, por isso, devido a o mandado de prisão temporária expedido pelo Tribunal de Justiça, bem como a angústia e exposição gerada em sua família, conseguimos consenso com a Autoridade Policial e realizamos a apresentação de Júlia no final da noite de terça-feira, com exposição mínima, sem algemas e sem hostilidade.
A senhora Júlia Andrade Cathermol Pimenta disse-nos que se sente consternada, em estado de choque e lamenta o sucedido, e mais do que ninguém, quer colaborar com a Justiça, com a investigação, acreditando assim nos poderes legalmente constituídos no nosso país . Oportunamente, gostaríamos de agradecer o profissionalismo do Dr. Delegado de Polícia da 25ª Delegacia, de toda a sua equipe envolvida e dos profissionais de imprensa que foram gentis e cordiais com este advogado. Assim sendo, de momento, nada mais temos a esclarecer e informar a imprensa, onde nos reservamos o direito de o fazer oportunamente.
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