A Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) da Polícia Civil do Amazonas revelou nesta sexta-feira, 7, que o laudo de necropsia da morte da ex-Sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, apontou depressão cardiorrespiratória como causa da morte . O termo refere-se à dificuldade do coração em bombear sangue para o corpo, causando uma circulação sanguínea ineficaz no corpo. O que motivou essa reação ainda é investigado, mas o uso excessivo de drogas é a principal suspeita.
Em relação às linhas de investigação, segundo a Polícia Civil, ainda não há elementos suficientes para afirmar que a morte da ex-sinhazinha é considerada homicídio. Portanto, o incidente está sendo tratado como uma morte a ser esclarecida.
“Tratamos inicialmente como uma morte a esclarecer porque no local onde o corpo foi encontrado não há indicação clara, até ao momento, com os elementos que recolhemos de que a morte tenha sido provocada, de que exista um nexo de causalidade entre o morte e ação omissa ou comissiva de qualquer pessoa, que possa ensejar indiciamento”, explicou o delegado.
Desde a morte de Djidja Cardoso, em 28 de maio, uma série de informações tem circulado nas redes sociais, principalmente por meio de vídeos gravados pela família em uso de cetamina, anestésico veterinário que causa dependência química.
Em uma das gravações, o irmão da vítima, Ademar Cardoso, e a mãe dela, Cleusimar Cardoso, aparecem ao lado da ex-mocinha, sob efeito de drogas. Hoje eles estão em prisão preventiva, mas porque já estavam sendo investigados pela polícia, antes mesmo da morte de Djidja, por suspeita de tráfico ilegal de drogas, charlatanismo, estupro e outros crimes (entenda abaixo).
“A delegacia se orienta apenas pela verdade dos fatos. Não estamos sendo pressionados de forma alguma pela opinião popular. O que nos interessa, e o que determinou nosso delegado geral adjunto, é que esclareçamos os fatos tal como ocorreram”, destacou Daniel Antônio.
Caso relacionado
Durante a entrevista coletiva, o delegado foi questionado por jornalistas se a Polícia Civil pretende investigar a morte da avó de Djidja Cardoso, ocorrida no ano passado. Após a morte da ex-irmã mais nova, o áudio de uma prima da família viralizou nas redes sociais. Na gravação, ele acusa Djidja, Cleusimar e Ademar de autorizarem a aplicação de anabolizantes na idosa, que tinha 82 anos, pouco antes de morrer.
“Em relação ao falecimento da dona Maria Venina, isso circulou por elementos que apareceram nas redes, mas essa é uma situação que ocorreu em Parintins (município do interior do Amazonas), há quase um ano, então não estamos trabalhando com qualquer hipótese relacionada a isso porque, caso houvesse alguma dúvida em relação ao óbito, ela teria sido submetida aos exames necessários. Caso a família tenha interesse, entrarão em contato conosco para tomar as providências cabíveis”, disse Daniel Antony.
Prisão
A Polícia Civil do Amazonas, por meio do 1º Distrito Policial Integrado (DIP), deflagrou, no dia 30 de maio, a Operação Mandrágora, que culminou nas prisões preventivas de Ademar Cardoso, 29, e Cleusimar Cardoso, 53, irmão e mãe de Djidja Cardoso. Verônica da Costa Seixas, 30, e Claudiele Santos da Silva, 33, funcionárias do salão de beleza Belle Femme, que pertencia à família, também foram presas.
Segundo o delegado Cícero Túlio, do 1º DIP, as investigações começaram cerca de 40 dias antes da morte da ex-sinhazinha, que também era investigada. A Polícia havia identificado que o grupo coletava o medicamento cetamina em clínicas veterinárias e distribuía o medicamento entre funcionários da rede de salões de beleza.
“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira dele, que foi obrigada a usar a droga e sofreu abuso sexual quando estava fora de si. e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos de alta periculosidade ao grupo da seita”, disse Cícero Túlio nesta segunda-feira, 3.
O caso foi levado à polícia pelo pai da ex-companheira de Ademar. Ele encontrou a filha sob efeito de drogas e prestou boletim de ocorrência contra a família Cardoso. A jovem está em tratamento para dependência química.
Seita
A polícia afirma que a família seguia uma seita religiosa chamada Pai, Mãe, Vida, que se baseava no livro Cartas de Cristo. Eles acreditavam que o uso de drogas fazia com que adquirissem poderes e os conectassem ao mundo dos mortos. Ademar seria Jesus e Cleusimar, Maria. Djidja era vista como Maria Madalena.
A defesa da família nega qualquer relação com seita e afirma que os familiares são dependentes químicos que necessitam de tratamento. “Se esta operação tivesse sido lançada há algumas semanas, Djidja estaria viva. Seria presa, mas estaria viva. Portanto, reconhecemos a função social desta operação”, destacou Nauzila Campos, uma das advogadas, em 2 de junho.
Sinhazinha
Djidja Cardoso, de Parintina, era uma personalidade conhecida no Amazonas. Entre 2016 e 2020, foi mocinha da fazenda, um dos 21 itens avaliados no Festival de Parintins, que acontece no interior do estado. Djidja defendeu a questão com o Boi Garantido, que compete contra o Boi Caprichoso em festival que acontece há mais de 50 anos.
Pelo regulamento da Festa de Parintins, a mocinha é filha do dono da fazenda. É considerada uma “menina linda e dócil que gosta muito do boi de estimação do pai”. Ela é um dos destaques da festa e dança ao lado do boi.
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