Se os adultos brasileiros mantiverem os hábitos alimentares atuais, até 2044, cerca de 130 milhões de pessoas viverão com sobrepeso ou obesidade. O alerta vem de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apresentada no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO 2024), que acontece em São Paulo. Segundo as projeções, aproximadamente 83 milhões de pessoas serão obesas e cerca de 47 milhões terão excesso de peso.
Segundo pesquisadores, houve uma aceleração preocupante da obesidade no Brasil entre 2006 e 2019. Essa população praticamente dobrou e, hoje, chega a 20,3% dos adultos. As projeções para 2030 são preocupantes: estima-se que cerca de 68% da população terá excesso de peso, sendo 29,6% obesos e 38,5% com excesso de peso.
As causas deste cenário são atribuídas à redução do consumo de frutas e hortaliças, principalmente entre os jovens. Esses alimentos estão sendo substituídos por opções pouco ou nada nutritivas, como refrigerantes, sucos artificiais e produtos ultraprocessados, todos ricos em calorias. Para piorar esta situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a falta de atividade física e o comprometimento do sono contribuem para o aumento do peso corporal e o surgimento de doenças relacionadas à obesidade.
Comorbidades
Além das implicações para a saúde individual, o excesso de peso também acelera as comorbidades, caso a pessoa tenha propensão a desenvolvê-las. As doenças cardiovasculares e renais crônicas, além do câncer e do diabetes, estão entre as principais condições relacionadas à obesidade. Segundo pesquisa da Fiocruz, a projeção é que ocorram 10,9 milhões de novos casos de doenças crônicas e 1,32 milhão de mortes associadas ao sobrepeso e à obesidade até 2044.
“A obesidade afeta a saúde, globalmente, ao gerar inflamações que ao nível do cérebro aumentam a demência, a respiração com apneia do sono e a asma. Também facilita o aparecimento de doenças do aparelho digestivo, como o refluxo e o aumento de neoplasias que facilitam alterações no colesterol , que levam a infartos, derrames e aumento de trombos”, alerta a endocrinologista Michele Borba.
A nutricionista Júlia Paulino explica que existem vários fatores para a obesidade e que a genética está entre eles, mas isso não define o problema do paciente. “Atualmente existe uma grande oferta de alimentos ricos em calorias e muito pobres em nutrientes. A pessoa pode pensar que come pouco, mas mesmo assim engorda porque esses alimentos são muito densos em calorias. de saciedade, comem muito desse volume baixo, mas com calorias”, observa. Ela lembra que esse tipo de alimentação é atrativo e prazeroso.
A influenciadora digital e maquiadora Isabella Meireles, 31, convive há muito tempo com a obesidade. Desde os cinco anos que consulta nutricionistas e admite que sempre foi difícil resistir aos alimentos ricos em calorias.
“Sempre foi um desafio para mim ter que ir ao nutricionista nessa idade e ter uma alimentação regrada na escola, vendo meus colegas comerem várias coisas que não pode”, observa.
*Estagiário sob supervisão de Fabio Grecchi
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