Cerca de 40% das vítimas de estupro no Brasil são crianças ou adolescentes negros – o dobro da incidência registrada entre meninas brancas. Os dados foram levantados em estudo realizado pelo Centro de Estudos Raciais do Insper, com base em informações do Sistema Nacional de Assistência Médica do Ministério da Saúde.
A pesquisa, realizada pelos pesquisadores Alisson Santos, Daniel Duque, Fillipi Nascimento e Michael França, revelou ainda que 6 em cada 10 registros de estupro no país envolvem meninas menores de 18 anos. Além disso, a proporção de mulheres negras e pardas de todas as faixas etárias vítimas de crimes sexuais aumentou nos últimos anos.
A maioria das vítimas de estupro tem entre 11 e 17 anos (39,2% dos casos). Quando se trata de crianças e adolescentes, cerca de 50% dos agressores pertencem ao círculo familiar da vítima.
No primeiro ano analisado pelos pesquisadores, 2010, 3 em cada 10 vítimas de estupro eram crianças e adolescentes negros. Em 2022, o número subiu para 4 em cada 10. As meninas brancas, por sua vez, são 20% das vítimas: 2 em cada 10.
Entre os idosos, as mulheres negras são a maioria das vítimas em todas as faixas etárias, numa proporção de 2 para 1 em relação às mulheres brancas.
Houve também um aumento de casos notificados por vítimas negras de 2010 a 2022, número superior ao de outros grupos sociais. O número total de registros de estupro no país aumentou de 7.617 para 39.661 nos anos mencionados. As mulheres negras representavam 48,4% das vítimas em 2010 e subiram para 60% em 2022. As mulheres brancas passaram de 38,1% para 33,3%.
Quando apenas crianças e adolescentes são atendidos, a diferença racial é um pouco maior. Nessa faixa etária, as vítimas negras representaram 50,6% do total em 2010, e as vítimas brancas, 34,6%. Em 2022, as mulheres pretas e pardas passaram a ser 61,9% e as brancas, 30,8%.
Para Alisson Santos, a vulnerabilidade socioeconômica é um dos fatores que deixa as mulheres negras mais expostas a esse tipo de crime, principalmente quando cometido no ambiente doméstico. “Eles têm menos acesso ao mercado de trabalho e recebem salários mais baixos, o que os torna mais dependentes dos parceiros”, disse ela. Folha de S.Paulo.
Nascimento, que também fez parte da pesquisa, destaca o duplo risco sofrido pelas vítimas. “Existem várias camadas de vulnerabilidades, alimentadas pelo racismo e pelo machismo”, explicou.
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