Durante uma pausa em uma expedição pelo oceano, a ativista e marinheira Heloisa Schurmann veio a Brasília e contou ao Podcast do Correio sobre as experiências da primeira família brasileira a dar a volta ao mundo em um veleiro. Nos últimos 40 anos, a família Schurmann embarcou em quatro expedições ao redor do mundo. “Começamos a velejar em 1974, depois de uma viagem ao Caribe. Não sabíamos nada sobre barcos à vela. Depois daquela primeira experiência no mar maravilhoso, sentimos uma injeção de energia para perseguir um sonho, uma verdadeira vocação! no sonho. O sonho era espalhar as cartas náuticas no chão”, conta.
A expedição mais recente, iniciada em 2021, tem como foco a conscientização ambiental, mas teve que ser interrompida enquanto o veleiro Kat passava por reparos na Nova Zelândia, após enfrentar uma tempestade. Com esse revés, a família voltou ao Brasil enquanto esperava para seguir viagem. Em entrevista aos jornalistas Henrique Lessa e Luiz Carlos Azedo, do Correio BrazilienseHeloisa falou sobre a origem de sua paixão pelo mar e os desafios enfrentados ao longo dos anos
“Foram 10 anos de aprendizado e preparação, porque no Brasil ninguém tinha feito nada parecido. A vela passou a ser nosso estilo de vida”, diz Heloisa.
Nas duas primeiras expedições, Heloisa educou os três filhos a bordo, aliando a educação formal às aulas práticas que o mar proporcionava. “Ensinei meus filhos. Nossa grande preocupação era como educar três meninos em um barco. Eduquei e criei-os a bordo”, lembrou.
Entre as muitas aventuras, Heloisa destacou um episódio assustador em 1991. “O mais difícil foi quando saímos da Nova Zelândia. Tínhamos uma previsão de tempo bom, mas no terceiro dia fomos avisados sobre uma tempestade vinda da Antártida. chegou aos 10 metros de altura e, numa dessas descidas, o barco tombou e quebrou um dos esteios que seguravam o mastro. Os dois mastros caíram e tivemos que voltar contra a tempestade”.
As mudanças climáticas mudaram a forma de navegar
Heloisa também discutiu o impacto das mudanças climáticas, que tornaram a navegação mais imprevisível e perigosa. “Recentemente fugimos de um furacão que se dirigia para a Nova Zelândia. As janelas de navegação tornaram-se mais curtas e os furacões são mais intensos e duradouros. lamentou. “Precisamos mudar nossos hábitos. Não é culpa da natureza, somos nós que estamos causando isso”.
Heloisa está preocupada com o branqueamento dos corais, consequência direta do aumento da temperatura da água. “Com a água mais quente, os corais começam a morrer. O branqueamento é um alerta de que os corais estão morrendo, e isso tem consequências para todas as espécies. Dependemos dos oceanos para respirar, pois mais de 50% do oxigênio vem dos mares”, observou. .
A poluição plástica é outra preocupação central para a família Schurmann. “Começamos a ver cada vez mais plástico nas praias, nos rios de plástico. Navegamos por manchas de plástico”, disse Heloísa. Com isso, a família criou o movimento global Voz dos Oceanos, reunindo líderes de opinião, professores e pesquisadores no combate à poluição plástica. “Nossa motivação e objetivo incluem sustentabilidade, educação ambiental, conscientização sobre as mudanças climáticas e poluição por microplásticos”.
Heloisa destacou ainda a importância do Projeto de Lei (PL) 2.524/2022, que visa limitar a produção e evitar a geração de resíduos plásticos de uso único. “É fundamental eliminar talheres, palhinhas, sacos, copos e balões descartáveis, que são os maiores poluidores dos oceanos. Precisamos de fazer com que as pessoas compreendam a importância deste projeto para combater o tsunami de plástico”, explicou. Apesar dos desafios, Heloisa manifestou otimismo em relação à redução do plástico nacional. “O Brasil está se saindo melhor do que eu esperava no setor de proibição do plástico descartável. Há uma grande onda de transformação entre os brasileiros”, disse ele.
Confira a entrevista completa no Podcast do Correio
*Estagiário sob supervisão de Pedro Grigori
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