O médico Carlos Marcelo de Barros, especialista em dores crônicas, é o responsável pelo tratamento da menina mineira que sofre das “piores dores do mundo”, Carolina Arruda Leite, de 27 anos, foi internada nesta segunda-feira (7/8) para iniciar o procedimento, em Alfenas, no sul de Minas Gerais.
Em entrevista com Estado de Minas, Barros explica que o paciente não será submetido a nenhum procedimento específico e que o tratamento levará meses. “Não é um tratamento, mas sim um processo de tratamento que está em fase inicial. Isso permitirá que você dê os próximos passos. Temos uma linha de raciocínio científico para tentar amenizar o sofrimento dessa menina. Ela tem uma filha de 10 anos. É um caso muito difícil”, diz ela.
Barros é presidente da Sociedade Brasileira da Dor e há dez anos trata pacientes com dores crônicas. Apesar disso, ele afirma que não pode prometer cura para Carolina. “Eu disse a ela: ‘Não posso prometer curar você, mas posso tentar’. Temos uma possibilidade escalonada de procedimentos que podem ser realizados. Vamos escolher um por um.”
A médica destaca ainda que casos como o de Carolina são mais comuns do que se imagina. “O dela atingiu um limite absurdo, com ela até pensando em acabar com a própria vida.”
Ele ressalta que também não é incomum que pacientes se matem por causa da dor.
Fases de tratamento
A primeira fase do tratamento consiste na administração de medicamentos na veia. “Ela fica dez dias internada para tentar dessensibilizá-la, ou seja, aliviar a dor. É tentar tirá-la do sofrimento agudo”, explica ela. Numa segunda etapa são apresentadas opções de tratamento para o caso do paciente.
“Poderia estar interferindo no nervo; um implante de bomba colocado no sistema nervoso central, que fornece morfina diretamente ao cérebro; um implante de neuroestimuladores no cérebro ou radiofrequência. Temos até opção de alguns processos cirúrgicos no cérebro”, afirma.
Após o tratamento inicial, o médico afirma que é impossível afirmar que a dor que Carolina sente irá desaparecer. “Mas acho que não. Eles não deveriam desaparecer completamente. Esperamos que ela tenha algum alívio e que saia desse processo de sofrimento agudo. Espero que possa haver uma redução na intensidade, no número de crises. Mas ela ainda precisará de muitas outras intervenções.”
Segundo Barros, os seguintes procedimentos serão discutidos entre a equipe médica e o paciente. “Vamos apresentar todas as opções para ela e, no final, quem decide é o paciente. Vamos fazer o melhor que pudermos por ela. Quais possibilidades de tratamento existirem, ela receberá, tanto dentro quanto fora do Brasil. Mesmo Alfenas sendo uma cidade pequena, conseguimos oferecer todo tipo de tratamento possível, para tentar aliviar a dor dela.”
Ao final do tratamento, o médico afirma que não é possível saber se o paciente ficará curado. “Ela pode ser curada, aliviada. Mas se a dor dela for reduzida em 50%, 60%. Alcançar o nível aceitável já é uma grande vitória. Espero que ela melhore, que tenha uma vida mais digna.”
Se as opções de tratamento da segunda fase funcionarem, Carolina poderá precisar de monitoramento pelo resto da vida. “Alguns desses aparelhos possuem baterias que duram cerca de sete ou oito anos. Quando a bateria acabar, basta trocar o aparelho.”
O médico diz que já tratou cerca de 100 pacientes com neuralgia do trigêmeo bilateral. “Mais de 90% dos meus pacientes estão bem, mas a medicina não é uma ciência exata. Alguns são perfeitos, outros podem apresentar sequelas do tratamento, como dormência. Mas eles são indolores.”
Segundo o especialista, as pessoas precisam acreditar na dor dos outros. “Uma das coisas que mais pesa nos pacientes é que muita gente não acredita. Acham que o paciente está fingindo, que há um ganho secundário. Isso também acontece, mas na maioria das vezes não.”
Você gostou do artigo? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:

Dê sua opinião! O Correio tem espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail sredat.df@dabr.com.br
ra soluções financeiras
blue cartao
empresa de crédito consignado
download picpay
brx br
whatsapp bleu
cartão consignado pan como funciona
simulador crédito consignado
como funciona o cartão consignado pan
ajuda picpay.com